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RTP

Falha técnica tira um milhão de espectadores à RTP1

As audiências desta segunda-feira (30) mostram um cenário insólito em termos de comportamento do público. De acordo com os números divulgados pela GfK/CAEM, a RTP1 perdeu 10 pontos percentuais de audiência média num minuto, das 19h59 para as 20h.

No minuto em que se iniciou o Telejornal, a estação pública tinha sintonizados 10,9% dos espectadores portugueses, no entanto, logo a seguir, esse número cai para 0,9%. Uma perda de praticamente um milhão de indivíduos, em números absolutos. A esta queda da estação pública correspondem subidas da RTP África, que transmitia o Telejornal em simultâneo com o principal canal da antena estatal, de 0,2 para 2,4% de rating, e dos Outros, que saltam de 5,6 para 9,8% de audiência média. A categoria ‘Outros’ agrupa todos os consumos televisivos que a GfK não consegue medir, tais como o uso de plataformas de streaming, consolas ou canais de televisão não-auditados.

A esta descida anormal corresponde, logo a seguir, uma subida igualmente anormal. A RTP1 passa de 0,9 para 7,2 às 20h01, uma subida de mais de seiscentos mil espectadores, enquanto a RTP África continua com valores bastante acima dos que costuma registar, em torno de 1% de audiência média. O grupo ‘Outros’ regressa a valores em torno dos 5,5% de audiência média.

Sendo que a medição de audiências é feita através de um sistema de audiomatching – é detetado, através do som, qual o canal que os espectadores se encontram a ver – terá existido aqui uma anomalia que confundiu a emissão dos dois canais da RTP e que, por outro lado, tornou impossível ao sistema descodificar qual a emissão a que correspondia o som, o que explica a subida abrupta do grupo Outros.

A estação pública, num esclarecimento enviado ao Espalha-Factos, explica que “houve um problema de sincronismo” na emissão, que “afetou de modo diferente a distribuição“. Ou, por outras palavras, “nem todas as casas deram por esse problema“. No entanto, a estação de recolha da GfK foi afetada o que, consequentemente, gerou também um problema na produção de audiências. A RTP explica ainda que esta falha não dará lugar a uma correção nos valores de audiência apurados para esta segunda.

A CAEM, comissão responsável pela medição de audiências, contactada pelo Espalha-Factos, não respondeu até agora às perguntas colocadas acerca dos motivos para esta variação abrupta no número de espectadores.

Recordamos que, em 2012, quando a GfK ficou responsável pela medição de audiências, a RTP foi muito crítica do novo sistema de apuramento dos resultados, que servem de bitola para todo o mercado televisivo. Na altura, a estação pública chegou a apresentar vários minutos consecutivos sem a audiência de qualquer espectador e foi a mais prejudicada pelo novo sistema de medição.

Nesse mesmo ano, uma auditoria da PwC apontou “falhas técnicas e maus procedimentos para apuramento dos resultados”, que foram depois corrigidos pela empresa alemã.

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Notícia atualizada às 20h48 de 31 de março com declarações da RTP. Título foi alterado, refletindo de forma mais correta o problema verificado.

 

  1. Oh Pedro, se a própria RTP admite um problema de transmissão e se já descobriste que o sistema de audiências é por audiomatching porque estás a querer virar o problema para a GfK, relembrando até problemas de há quase 10 anos atrás? Ai estas noticias que encomendam…

    1. Caro utilizador,

      Obrigado pelo comentário. A RTP realmente admitiu um problema de sincronia na transmissão, que afetou a recolha de audiências. Nós não descobrimos agora que o sistema de audiências é por audiomatching, até porque ele é por audiomatching desde 2012.

      Não atribuímos nenhuma culpa à GfK pela falha existente, mas falha existe e, na verdade, prejudica a credibilidade dos valores medidos – os espectadores que viram a emissão na RTP1, com ou sem problemas de sincronia, não viram a emissão noutro canal, logo, a medição não foi correta. E a verdade é que os valores de audiência não voltam aos valores normais nos minutos seguintes, tal como acontece com a medição, por erro, na RTP África, que também não volta aos valores normais após este minuto de problema mais evidente.

      Lamento informar, mas não houve mais de 100 mil espectadores a ver o Telejornal na RTP África neste dia. Tal como não há em nenhum dos outros dias do ano, e peço desculpa, mas não acredito que tenha acontecido esta segunda-feira um movimento espontâneo de espectadores a mudar para a RTP África durante a duração do Telejornal. Assim sendo, a medição não é correta e isso é um problema. De quem é a responsabilidade, não nos diz respeito. Mas certamente dirá respeito à CAEM, enquanto entidade contratante, e aos associados da CAEM, que acreditamos quererem que a medição seja o mais precisa possível. Quanto às restantes insinuações, recomendo, caso tenha alguma suspeita fundada sobre a idoneidade do nosso trabalho, que a encaminhe às entidades competentes. Há só um inconveniente: Essas queixas têm de ser assinadas.

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