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Fotografia: Sony Pictures/Divulgação

Crítica. ‘Bullet Train’ é bem-sucedido em tudo o que pretende

Depois de se ter dado a conhecer no mundo do cinema com filmes como Deadpool, Atomic Blonde ou John Wick, o realizador americano David Leitch volta agora ao grande ecrã com Bullet Train. Neste filme, Brad Pitt é Ladybug, um mercenário que pretende apropriar-se de uma mala que se encontra no meio de um comboio de alta-velocidade, em Tóquio. A coisa acaba por não ser assim tão fácil, como poderia ser de esperar.

A verdade é que nenhum filme precisa necessariamente de ser sério. David Leitch sabe isso como ninguém, tendo feito carreira com filmes feitos a régua e esquadro para os ecrãs de cinema, os chamados popcorn flicks. Atomic Blonde e John Wick não são poços de intelectualidade, muito menos Deadpool. Leitch é garantia de duas horas divertidas de cinema desmedido e exagerado, e costuma garantir isso mesmo.

Filmes como Bullet Train são raros nos dias que correm. Com um elenco de luxo e um orçamento grandioso, estas duas horas de ação violenta passam-se praticamente na sua totalidade dentro de um comboio em Tóquio, com Ladybug, a personagem de Brad Pitt, a tentar recuperar uma mala misteriosa, juntamente com tantos outros meliantes. Nesse grupo de bandidos, podemos encontrar nomes como Aaron Taylor Johnson, Bryan Tyree Henry, Joey King, Logan Lerman, Michael Shannon, Andrew Koji e, até, Bad Bunny.

Com nomes para todos os gostos, a ação de Bullet Train vai-se passando de forma rápida e sempre sangrenta, com múltiplos enredos a acontecer ao mesmo tempo. Várias são as histórias e motivações das personagens, umas mais interessantes que outras, fazendo sempre que o espetador não tire os olhos do ecrã e o queixo do chão, tal é a qualidade da ação estilizada de David Leitch, como já era de esperar.

Contudo, Bullet Train não deixa de seguir a fórmula normal de filmes do género em Hollywood, o que nem é muito grave quando é bem feito. Lógica é inexistente e o guião é parvo aqui e ali, mas não é isso que se espera num filme destes. Espera-se energia frenética, caos total e leis básicas da física a serem ignoradas totalmente. E isto até pode ser ignorado, mas isso só acontece até dado ponto.

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Fotografia: Sony Pictures/Divulgação

O terceiro ato acaba por ser o maior falhanço de David Letich nesta longa-metragem, com neons brilhantes a darem lugar a efeitos visuais dignos de um Windows Movie Maker, fazendo com que o final, que até devia ter acontecido uma meia hora antes do final do filme em si, seja totalmente anti climático. Nem a aparição de Sandra Bullock melhor isso.

Esquecendo isso, Bullet Train é o filme que se espera de um blockbuster de ação de verão. E se há coisa que este filme acerta, é no seu elenco. Brad Pitt parece que nunca se divertiu tanto na vida como quando protagoniza Ladybug,  voltando a demonstrar o seu talento enquanto ator. Apesar de tudo, é ofuscado em várias cenas por Taylor Johnson e Tyree Henry que, num sotaque quase indecifrável, vão roubando os holofotes dos seus co-protagonistas como se nada fosse, contando com uma química gigantesca e uma presença no ecrã ainda maior.

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Fotografia: Sony Pictures/Divulgação

No final de tudo, Bullet Train acaba por ficar sub-desenvolvido, com muitas das histórias das suas personagens a não terem finais satisfatórios, ou conclusões sequer. No entanto, essa nunca foi a prioridade. Naquilo que pretendia demonstrar sucede, isto é, na ação soberba e estilizada, capaz de meter inveja a qualquer realizador de cinema de ação pelo mundo fora.

O filme é extremamente satisfatório para aquilo que quer ser. Os atores estão a divertir-se, o público também. Se a história é algo de outro mundo? Nem por isso. Mas quem é que quer saber disso quando a diversão é tanta?

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