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Crítica. ‘O Falcão e o Soldado do Inverno’ tem tanto de seguro como de divertido

A Marvel atravessou um deserto durante 2020, sem qualquer tipo de filme ou série da sua autoria, mas 2021 promete ser diferente. Depois do lançamento de WandaVision, chega-nos Falcão e o Soldado do Inverno, que promete acompanhar Sam Wilson, o Falcão, e Bucky Barnes, o Soldado do Inverno, seguindo a sequência de eventos provocados pelo final de Avengers: Endgame.

O Espalha-Factos viu e analisou o primeiro episódio da série original Marvel, que estreou esta sexta feira (19) no Disney+.

O primeiro episódio começa e deixa logo bem claro: se as peripécias foram prometidas anteriormente, a terapia não foi. Porque é isso que o primeiro episódio nos mostra. Tanto Bucky Barnes como Sam Wilson estão a tentar ultrapassar os momentos finais de Endgame, cada um à sua maneira. Enquanto que Sam Wilson (dá a ideia) está a reprimir todos os seus verdadeiros sentimentos em relação ao que se passa, Bucky Barnes procurou ajuda e boa parte deste primeiro episódio é passado a perceber exatamente isso.

A personagem do Soldado do Inverno, interpretada como pode por Sebastian Stan, sempre pareceu um caso de potencial estragado ou à espera de ser atingido. Os filmes foram passando e a esperança de ver Bucky como uma pessoa com sentimentos e não como um robot corporativo que dispara uns tiros foi desvanecendo, mas se há coisa que Falcão e o Soldado do Inverno dá sinais é de querer mudar isso.  Bucky, em pouco tempo de episódio, ganha algo que não conseguiu ganhar em mais nenhum momento em projetos da Marvel: uma personalidade. Se continuar assim, estamos num bom caminho. 

A personagem de Sam Wilson, no entanto, parece continuar a mesma. Uma parede rasa de emoções, sem qualquer traço de personalidade que se possa pegar e achar interessante. Parece que está lá apenas por estar, tal como o ator que o interpreta. Anthony Mackie não parece que esteja a interpretar uma personagem e isso é das piores coisas que se pode dizer do trabalho de um ator. A culpa não parece ser só dele, a escrita de Sam Wilson ajuda muito nisso. Pode ser que isso mude ao longo da série, mas por agora continuamos sem ter interesse nele.

A verdade é que esta série promete (ou pelo menos tenta) pegar em pontos mais psicológicos destas duas personagens, como foi dito pela própria realizadora Kari Skogland. O primeiro episódio, ao contrário da expectativa inicial de que seriam 40 minutos de correria e tiroteios, tem uma abordagem mais reservada, com especial atenção às emoções do duo de protagonistas

Tecnicamente, nada do que é mostrado no primeiro episódio é inovador, corajoso ou estonteante, mas é o suficiente para manter o tom e a diversão. A primeira cena de ação, uma de poucas presentes no episódio, é de cortar a respiração é claramente superior à boa parte das cenas de ação mostradas em filmes da Marvel. A coreografia é boa, a banda sonora também mas o que realmente as faz superiores é a falta de cortes. O espectador pode ficar sem respirar de tão intensa que é a ação mas pelo menos não ganha uma dor de cabeça, algo comum em cenas deste tipo em filmes de super heróis. 

Outra coisa que merece uma menção é a componente visual. A cinematografia, ainda que básica e cinzenta em certos pontos da série, tem algumas imagens dignas de atenção. Vários frames, especialmente os close-ups oculares nas consultas de Bucky com a sua terapeuta, ficam na retina de qualquer um, sendo um tipo de shot que é muito pouco visto em projetos da Marvel. Tal como a ação, sempre gravada de forma muito cinética e enérgica, os momentos mais íntimos parecem realmente pessoais. As cores, realmente, não são as melhores em alguns momentos, mas nada a apontar quanto ao posicionamento da câmera e à maneira de filmar as personagens. 

Ainda é cedo para avaliar o vilão, mas tudo indica que seja o ponto mais baixo desta série, algo que pode acabar por ensombrar este projeto. O grupo anarquista Flag-Smashers é mencionado várias vezes ao longo do episódio, para desconhecimento de Sam Wilson, mas, para além do cliffhanger monumental que ofereceu, não fez muito para fazer crescer o interesse no espetador pelo grupo, ainda que isso possa ser compreendido porque, lá está, boa parte do episódio é passado à volta dos traumas dos dois. Apesar de tudo, usar um grupo anarquista como vilão no clima político atual pode acabar por não ser a jogada mais inteligente. 

Apesar de ainda só termos tido acesso a um episódio, Falcão e o Soldado do Inverno parece ser uma aposta segura por parte da Marvel. Nada de outro mundo, apenas algo para divertir e desanuviar a cabeça sem precisar de pensar muito. Veremos se continua assim ou se, tal como WandaVision, começa a inventar demasiado. 

O primeiro episódio da série está disponível no serviço de streaming Disney+, com um episódio novo a ser lançado todas as sextas-feiras.

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