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Wandavision
Fotografia: Disney/Divulgação

Crítica. Em ‘WandaVision’, Marvel foge do guião e aposta na criatividade

Marvel está de volta. Depois de 2020 ter sido um ano sem qualquer filme da casa de super-heróis por causa da pandemia, o universo cinematográfico regressou já no primeiro mês deste ano.

WandaVision é a primeira série original Marvel no Disney+. Depois dos eventos de Vingadores: Endgame, Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Vision (Paul Bettany) mudam-se para uma cidade dos subúrbios americanos, tentando viver uma vida normal de casal, sem revelar os seus poderes aos vizinhos. Mas algo estranho se passa… afinal, o par parece estar a viver dentro de uma sitcom dos anos 50.

Espalha-Factos analisa os primeiros dois episódios de WandaVision, que estrearam esta sexta-feira (15).

Os segredos por trás do ecrã

Os dois episódios têm uma estrutura semelhante. Em cerca de 25 minutos, uma pequena peripécia surge no dia-a-dia do casal – coisas aparentemente banais, como receber o patrão do escritório para jantar. Através dos seus poderes, Wanda e Vision resolvem os problemas, sem que os seus vizinhos percebam nada. No fim, quando tudo parece bem, algo estranho acontece e quebra a “quarta parede”.

Se o primeiro episódio decorre quase em total normalidade, o segundo já começa a deixar mais pistas de que algo não está bem. Mesmo assim, WandaVision está, na fase inicial, focada na paródia da sitcom e não no mistério que a rodeia.

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O que é esse mistério? Uma mistura de Twilight Zone com Don’t Hugh Me I’m Scared em que, aparentemente, os dois heróis estão presos numa simulação de uma sitcom norte-americana. Tendo em conta que Vision morreu em Guerra do Infinito (Infinity War), tudo pode ser uma ilusão para uma força secreta se aproveitar dos poderes psíquicos de Wanda. Ou, então, uma espécie de limbo espiritual. Estas e outras teorias devem ser o que mais vai alimentar as conversas semanais sobre a série, à medida que os episódios são lançados todas as semanas no Disney+.

WandaVision é, ainda, a porta para o tão antecipado multiverso da Marvel. Com Wanda a ter um papel importante no terceiro Spider-Man e no segundo Doutor Estranho – que Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, revelou estarem todos interligados – a minissérie acaba por ultrapassar os nove episódios agendados e prepara o início da nova fase do universo.

Wandavision
Fotografia: Disney | Divulgação

Um casal com química

Os primeiros dois episódios são um pouco repetitivos, o que deixa o espectador sem saber muito bem o que sentir. Por um lado, a paródia da sitcom resulta e tem um charme nostálgico; por outro, esse charme é de curta duração. O final do segundo episódio promete uma mudança de cenário, que é bem-vinda, contudo é também necessário que a narrativa apresente mais intriga do que apenas nos momentos finais de cada parte.

A melhor parte de WandaVision, por agora, é a dupla que lhe dá nome. Elizabeth Olsen e Paul Bettany estão claramente a divertir-se durante as filmagens. A entrega e o timing cómico do par contagiam o espectador e carregam às costas a premissa da minissérie. A relação entre as duas personagens também resulta, devido à boa química dos atores.

Falando no casal, essa é das grandes oportunidades das minisséries da Marvel: dar mais espaço e foco a personagens secundárias nos filmes principais. Wanda e Vision tiveram sempre narrativas secundárias e apenas em três dos 23 filmes do universo cinematográfico. Agora, finalmente, têm um palco que permite justificar melhor a ligação das duas personagens e criar uma maior empatia com os fãs.

Wandavision
Fotografia: Disney | Divulgação

A componente audiovisual merece uma menção. Se são evidentes as referências ao estilo tanto visual como sonoro das sitcoms norte-americanas dos anos 50, é de notar o genial toque de mudar para uma perspetiva mais moderna, quando o ambiente é distorcido e a simulação apresenta uma falha. São mudanças subtis que ajudam a mudar a emoção de uma cena e assinalar que algo de mal se passa. Com as mudanças de cenário para outras décadas televisivas, é espectável que a cinematografia continue a ser estimulante.

Ainda é cedo para julgar WandaVision. Os dois episódios iniciais não excedem expetativas, porém há um interesse que perdura em tentarmos descobrir o que pode acontecer a seguir. Se o mistério se adensar e a série não se fiar apenas e só na paródia televisiva, esta pode ser uma aposta bem-sucedida. Por enquanto, podemos louvar a Marvel por (finalmente) fugir do guião e apresentar uma aposta arrojada e criativa. Se vai compensar, só o tempo dirá.

A série tem nove episódios agendados. O terceiro estreia na próxima semana no Disney+.

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