Já há datas marcadas para as disputas dos dois candidatos à Presidência dos EUA em televisão: o primeiro debate entre Joe Biden e Donald Trump será na madrugada de terça-feira (29) e vai ter transmissão na televisão portuguesa. O que podemos esperar do primeiro confronto entre os dois candidatos norte-americanos?
Este é o primeiro de três debates que poderão influenciar as eleições de 3 de novembro de 2020. Donald Trump, atual Presidente dos Estados Unidos da América e candidato pelo Partido Republicano, e Joe Biden, ex-Vice-Presidente e braço direito de Barack Obama, bem como candidato pelo Partido Democrata, terão a primeira batalha direta nesta terça-feira, num debate que será transmitido por todo o mundo – inclusive, na televisão portuguesa.
O debate presidencial, que acontece já esta terça-feira e é transmitido a partir de Cleveland, Ohio, será transmitido nos Estados Unidos pela FOX News, e moderado por Chris Wallace (jornalista e apresentador do programa FOX News Sunday).
As estações televisivas portuguesas também planeiam transmitir o confronto político mais aguardado do ano na madrugada de terça para quarta. Podemos ver Biden e Trump em sinal aberto, na RTP3, contando com uma edição especial até às 03h30. No cabo, também a SIC Notícias e a TVI24 transmitirão o momento, a última começando com uma antevisão do acontecimento à 01h.
Os debates serão também transmitidos online, a forma mais acessível de assistir aos mesmos. A National Public Radio será uma das transmissoras americanas, que o fará através do áudio bem como de uma livestream. Também a C-SPAN (Cable-Satellite Public Affairs Network) terá uma livestream no YouTube onde os internautas podem acompanhar o debate presidencial, à qual podes aceder aqui.
Os três debates políticos no pequeno ecrã são há muito aguardados, sendo considerados como parte dos momentos mais importantes das Eleições Presidenciais americanas, que deixam a sua marca por todo o globo.
O confronto seguinte está marcado para dia 15 de outubro, em Miami, Florida, e o final para dia 22 de outubro, em Nashville, Tennessee. Além dos debates presidenciais, também os braços direitos dos candidatos terão uma disputa: a 7 de outubro, Kamala Harris (Vice-Presidente por Joe Biden) e Mike Pence (atual Vice-Presidente, que se manterá por Donald Trump) encontram-se no estado de Utah e serão moderados pela jornalista Susan Page (USA Today).
Os temas do primeiro debate
De acordo com a Comission on Presidential Debates, os temas escolhidos por Wallace para os candidatos disputarem no primeiro debate serão o passado dos dois candidatos, o Supremo Tribunal, a situação da Covid-19, a economia americana, a violência e as questões raciais nas cidades americanas e, também, a integridade da eleição.
Cada um dos temas ocupará cerca de 15 minutos, dentro dos quais cada candidato terá 2 minutos para oferecer resposta à pergunta que o moderador colocar. O resto do tempo disponível será utilizado conforme o moderador entender, dada a discussão entre os dois candidatos.
O que podemos esperar de um debate político entre Biden e Trump?
Segundo Jennifer Mercieca, professora assistente de Comunicação na A&M University no Texas, “ambos os candidatos são lutadores“, e portanto será um debate “turbulento”. De acordo com a emissora Voice of America, a professora descreveu o estilo de debate de Trump tal e qual como o mesmo o descreveu na sua última campanha, em 2016: é um debate de “contra-ataque“. Diz-nos que “ele usa regularmente a falácia ad hominem, atacando a pessoa em vez do seu argumento“, e que “não tem vergonha” de o fazer durante um debate.
Já em relação a Joe Biden, Mercieca supõe que o mesmo não vá a extremos como Trump o faz, embora admita que o candidato democrata possa optar por, igualmente, ridicularizar o adversário (que, de acordo com muitos, não será preciso pois Trump é bem capaz de o fazer sozinho). “Ele [Biden] é definitivamente capaz de defender-se e não se deixará intimidar.”
Antes dos debates – o que dizem os candidatos nas redes sociais
Os internautas têm destacado a importância do debate televisivo a ser disputado por Trump e Biden nesta terça-feira. Um desses internautas é, especificamente, Donald Trump, que já disse no Twitter que vai pedir ao seu adversário que faça um teste de drogas: “Eu vou exigir fortemente um teste de drogas ao Sonolento Joe Biden, antes ou depois do debate da noite de terça-feira. Naturalmente, eu concordo em fazer um também. As prestações dele em debates têm sido registadas como desiguais, para dizer o mínimo. Só drogas poderiam ter causado esta discrepância.”
I will be strongly demanding a Drug Test of Sleepy Joe Biden prior to, or after, the Debate on Tuesday night. Naturally, I will agree to take one also. His Debate performances have been record setting UNEVEN, to put it mildly. Only drugs could have caused this discrepancy???
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 27, 2020
Cerca de um dia depois, o atual Presidente dos Estados Unidos da América queixou-se sobre o resultado do seu bizarro pedido: “Joe Biden acabou de anunciar que não vai concordar com um teste de drogas. Nossa, pergunto-me porquê?”
Joe Biden just announced that he will not agree to a Drug Test. Gee, I wonder why?
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 28, 2020
Também no Twitter, o Presidente americano não perdeu tempo a pronunciar-se sobre o que veio a ser noticiado durante estes últimos dias: o The New York Times (apelidado por Trump como Fake News Media) reporta que Trump terá evitado o pagamento de milhões de dólares em impostos, mostrando que a situação financeira do empresário poderá não ser tão linear como o mesmo dita.
The Fake News Media, just like Election time 2016, is bringing up my Taxes & all sorts of other nonsense with illegally obtained information & only bad intent. I paid many millions of dollars in taxes but was entitled, like everyone else, to depreciation & tax credits…..
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 28, 2020
De recordar a forte oposição de Donald Trump à realização das eleições na data prevista, bem como à utilização dos correios para as votações – com a situação pandémica vivida atualmente nos Estados Unidos, não se poderão realizar as eleições da forma anteriormente prevista.
No tweet abaixo, curiosamente, logo depois de se ver Trump insistir que “As cédulas a ser devolvidas aos Estados não podem ser corretamente contadas. Várias coisas já estão a correr muito mal!“, encontra-se um aviso da plataforma social, que explica aos eleitores como votar através do correio de forma segura.
A ironia mostrada pelo próprio Twitter a Trump não acontece pela primeira vez: já há uns meses, a plataforma impediu a partilha de um de um tweet do Presidente por ser fortemente perigoso para os valores democráticos. O tweet era relacionado com os protestos nos Estados Unidos, que começaram em junho, com a morte de George Floyd.
A campanha nas redes sociais de Biden é, em comparação com Donald Trump, considerada mais séria e, consequentemente, menos mediática. As preocupações do candidato democrata centram-se na situação atual do Supremo Tribunal, sendo necessária a nomeação futura de uma substituição para a recém-falecida Ruth Bader Ginsburg. O candidato democrata não esquece a contribuição do Governo em que auxiliou Obama, que terminou há cerca de 5 anos, e frequentemente defende publicamente o plano de saúde que ficou conhecido como Obamacare.
There's no mystery when it comes to what's happening with the Supreme Court. President Trump and Republicans have been trying to throw out Obamacare for years — and now they see an opening to get it done.
We can't let them get away with it.
— Joe Biden (@JoeBiden) September 28, 2020
In the middle of a pandemic, Donald Trump is trying to force through the confirmation of a Justice who will help him destroy Obamacare.
Health care is at stake. Protections for pre-existing conditions are at stake.
We can't let them win. pic.twitter.com/zIdPmxzYtQ
— Joe Biden (@JoeBiden) September 26, 2020
A importância dos debates televisivos para os eleitores
Para além de ser o meio de obter informação sobre os candidatos mais próximo de todos, o debate político transmitido em televisão tem um presumível impacto nas eleições políticas dos EUA. No passado sábado (26), o primeiro debate televisivo alguma vez disputado, entre Nixon e Kennedy, nos EUA, fez 60 anos. O Espalha-Factos destacou não apenas esse, mas também outros debates importantes na História da América, artigo que podes ler aqui.
De todos os momentos importantes das Eleições Presidenciais, este confronto direto entre os dois grandes candidatos é aquele por que os americanos esperam, e é também bastante próximo do dia do voto (o último debate é apenas duas semanas antes), podendo influenciar alguns eleitores que ainda estejam indecisos. De acordo com a Pew Research, 10% dos eleitores nas Eleições Presidenciais de 2016 decidiram o seu voto durante ou pouco depois dos debates terem sido transmitidos.