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Christopher Nolan

Christopher Nolan não se opõe a quem vê filmes no telemóvel

Embora seja fã do grande ecrã, o realizador não se opõe ao visionamento de filmes noutros meios menos convencionais

Christopher Nolan é um assumido adepto do grande ecrã. Tanto que se tornou uma espécie de “piada” entre cinéfilos que o realizador britânico deveria detestar que os seus filmes fossem vistos noutra plataforma que não o ecrã das salas de cinema. No entanto, no seu novo livro The Nolan Variations, o autor Tom Shone desmitificou esta ideia sobre Nolan.

Nolan explica que a experiência de ver um filme num ecrã mais pequeno, como de um smartphone, pode ser ser uma experiência enriquecedora, depois de ser visto no cinema. No livro, Shone recorda um comentário de Nolan sobre o filme Dunkirk “‘Se tenho um problema com as pessoas estarem a ver ‘Dunkirk’ num telemóvel ou assim?’ Nolan perguntou-se, antes de responder. ‘Não, não tenho. Mas a razão por que não tenho é porque ele (Dunkirk) é posto nos cinemas, nos grande cinemas, na sua forma primária, ou distribuição inicial. E a experiência desliza, até ao ponto em que, se tiveres um iPad e estiveres a ver um filme, carregas contigo o conhecimento e a tua perceção sobre o que é que aquela experiência cinemática poderia ser e começas a extrapolar isso. Portanto, quando vês uma série no teu iPad, o teu cérebro está num mindset diferente’“.

Nolan faz uma alusão a um comentário do realizador norte-americano M. Night Shyamalan. Numa entrevista, o realizador de O Sexto Sentido, explicou que “nós (realizadores) fazemos todo o nosso dinheiro com vendas auxiliares, mas é o lançamento inicial que dá o empurrão“. A isto, Nolan acrescenta que os realizadores vivem “num mundo análogo. Precisamos de traseiros sentados. Precisamos de pessoas a vir ao cinema, a interagir com o filme“. Com isto, Christopher Nolan dá prioridade ao visionamento numa sala de cinema, mas que entende a opção de rever um filme numa plataforma mais prática.

Por sua vez, o realizador Quentin Tarantino mostrou alguma relutância no passado em permitir que os seus filmes fossem lançados para iPhones. Segundo Jeff Shell, diretor da Universal em 2015, no Wall Street Journal, Tarantino ficou furioso quando o estúdio sugeriu lançar o filme Os Oito Furiosos numa plataforma digital ao invés de ser projetado em 70mm em cinemas selecionados.

Para além deste trabalho sobre Christopher Nolan, Tom Shone escreveu sobre outros realizadores contemporâneos. Na sua bibliografia constam Martin Scorsese: A Retrospective e Woody Allen: A retrospective, duas retrospetivas sobre os cineastas Martin Scorsese e Woody Allen, publicadas em 2014 e 2015, respetivamente. Mais recentemente publicou Tarantino: A retrospective, sobre Quentin Tarantino, em 2017.