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Crítica: Buraka, de Buraka Som Sistema – do mundo para Lisboa

Ao terceiro longa-duração os Buraka Som Sistema centram o mundo na sua atividade desenvolvida nos subúrbios de Lisboa e apresentam um disco que ultrapassa todas as etiquetas musicais e que se revela uma excelente companhia para noites de festa.

Em entrevista recente ao Espalha-Factos, Conductor dizia-nos que este disco “não é kuduro, é Buraka“, e de facto, com este novo registo o colectivo da Amadora revela que está mais coeso, auto-suficiente e capaz de compor e produzir músicas que se desprendem de rótulos musicais e fronteiras geográficas.

Buraka volta o mundo inteiro para a cena musical que se desenvolve a partir de Lisboa e onde o tuki, o moombahton, o bondoro, o kuduro e outros géneros de “músicas do mundo” surgem envolvidas em batidas eletrónicas. Este disco não é de portugueses, não é da Buraca, mas de uma banda e um género que contém em si muitos ritmos, muitas tendências e muita originalidade.

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Depois do primeiro avanço com Stoopid, faixa de abertura do disco, as expectativas ficaram elevadas por ser um tema explosivo e contagiante. O vídeo, realizado por Vhils, para isso contribuiu em boa medida, aguçando ainda mais o apetite dos fãs um pouco por todo o mundo. O lado festivo prolonga-se por quse todas as dez faixas de Buraka tendo como clímax a fabulosa Lights Off, tema de fim de festa com um  ‘tchantcharan’ instigador que nos faz mesmo pedir por mais.

Pelo meio, a festa foi rija: há Vuvuzela (Carnaval), Parede, Van Damme, Toque ou Bumbum, exemplos perfeitos dos caminhos da música de dança trilhados pelos Buraka Som Sistema, que se revelam aqui exímios produtores de temas para arrasar nas pistas de dança e nos festivais. São músicas que ao vivo funcionarão na perfeição e que os Buraka irão apresentar ao longo deste verão, sendo o concerto do dia 11 de julho no Optimus Alive a primeira apresentação ao vivo dos temas de Buraka.

Burakasomsistema

Para este disco os Buraka Som Sistema não chamaram muitos colaboradores, convidando apenas um ou outro músico que queriam dar a conhecer ao mundo. Uma das participações louváveis é a de Alo Wala em In a Minute, que aos beats acrescenta o toque multicultural de quem tem raízes indianas, é americana mas vive na Dinamarca.

Para algo completamente diferente, há Do Me Now, que com a participação da doce cantora britânico-argelina Yadi e do produtor português Bison, surge como um tema de puro mel e que puxa ao roça-roça. Nas mesmas toadas, cheio de zouk bass está Sente, tema sensualão que pinga amor.

Buraka é um disco pequeno (não chega a 40 minutos) mas coeso, que se ouve uma e outra vez e que mostra como os Buraka Som Sistema se foram assumindo no panorama da eletronic dance music como algo novo, algo diferente, algo único e que marca a diferença, tal como mostra o documentário Off the Beaten Trackque acompanha a edição especial do disco.

Para ouvir: em qualquer boa pista de dança

Nota final: 8/10

*Este artigo foi escrito, por opção da autora, segundo as normas do Acordo Ortográfico de 1945