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Fotografia: D.R.

Joan Didion, escritora e ensaísta norte-americana, morre aos 87 anos

Joan Didion faleceu esta quinta-feira (23) em Nova Iorque, aos 87 anos. A notícia foi avançada pelo The New York Times, após confirmação um membro da Knopf, editora de Joan. Complicações derivadas da doença de Parkinson terão sido a causa da morte.

Joan Didion nasceu em Sacramento, na Califórnia, em 1934. Destacou-se como jornalista em particular pelo olhar crítico a tudo que se vivia na Califórnia nos anos 60, tema sobre o qual publicou várias crónicas e ensaios. Já no final da década de 60, sugeriram-lhe que juntasse os textos que escrevia para o Saturday Evening Post, aos quais juntou também outros artigos mais antigos não publicados. Nascia assim o livro Slouching Towards Bethlehem, um dos seus maiores sucessos e o maior ponto de partida para o seu reconhecimento.

A obra transformou-a rapidamente numa figura central do movimento Novo Jornalismo, ou jornalismo literário, baseado na ideia de encontrar um mundo subjacente aquele encontrado nas notícias. Tom Wolfe, considerado o pai do movimento, justificava a existência deste por considerar que a ficção por si só não conseguiria entender todos os acontecimentos e movimentos da década de 60 nos Estados Unidos da América. E Joan não só entendeu a época como escrevia muito bem sobre ela. Em 1979 publica outro grande sucesso de não ficção, The White Album, desta vez uma coletânea de artigos publicados em revistas como Life e Esquire.

Mas a ficção também teve um peso importante na obra da mulher que impactou a América. Play It As It Lays, publicado em 1970, é talvez o seu romance de maior importância, assim como o mais recente The Last Thing He Wanted, escrito em 1996 e dos poucos traduzidos para português, pela Cultura Editora. Escreveu também guiões dos filmes A Star is Born, lançado em 1976 e do policial True Confessions, em 1981. Fez também adaptações de alguns dos seus livros para teatro e cinema.

Escreveu bem sobre a América e magistralmente sobre si

Joan Didion foi casada com o também escritor John Gregory Dunne, até ao dia da sua morte, em 2003. O casal tinha uma filha, Quintana Dunne, que faleceu dois anos depois do pai. Estes acontecimentos mudaram por completo a vida de Joan e estão presentes em toda a sua obra mais recente.

“A vida muda num instante. Num dia normal”, é assim que inicia um dos seus mais reconhecidos livros, O Ano Do Pensamento Mágico, que é acima de tudo um exercício de superação do luto pela morte do marido, o seu companheiro de profissão, aventuras e pensamento praticamente durante toda a sua vida.

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Fotografia: Henry Clarke para a Vogue norte-americana, outubro de 1972

A repercussão e importância do livro na obra da escritora foi imensa. Foi adaptado para um monólogo, que subiu a palcos em todo o mundo. O primeiro, na Broadway, teve a atriz Vanessa Redgrave na pele de Joan; em Portugal foi Eunice Muñoz quem representou o momento mais catártico de toda a obra da escritora, com encenação do também ator Diogo Infante.

O bestseller venceu o prémio de Livro do Ano de 2005 nos Estados Unidos da América, na categoria de não ficção e o Puddly Award para Não Ficção. Pouco tempo depois de publicado, falecia a filha, com apenas 39 anos, e o processo repetia-se agora em Noites Azuis, publicado em 2011.

Em 2013 foi condecorada pelo então Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com a Medalha das Artes, com outros escritores, académicos e artistas. O último livro publicado, já aos 82 anos, foi South and West: From a Notebook, que parte do diário de uma viagem pelo Golfo do México, que a escritora fez com o marido em 1970.

A vida da autora foi também adaptada para documentário pelo sobrinho Griffin Dunne. Joan Didion: The Center Will Not Hold faz parte do catálogo da Netflix desde 2017 e é um retrato fiel do que era a vida da escritora e do que passou a ser, a partir do momento que teve de se voltar a encontrar, sozinha, no seu apartamento em Nova Iorque, cidade onde acabou por falecer. Escritora, jornalista, guionista, ensaísta, Joan Didion era acima de tudo uma mulher que dizia o que pensava e falava do que sentia, como poucos conseguiram fazer.

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