A editora francesa Piranha decidiu suspender a publicação e renunciar aos direitos do livro Fascismo Islâmico, do autor alemão de origem egípcia Hamed Abdel-Samad, que tinha lançamento previsto em França para 16 de setembro.
A editora adquiriu os direitos do livro há cerca de dois anos, no começo do seu lançamento no mercado. Especializada em literatura estrangeira, decide agora renunciar os direitos da obra.
Jean-Marc Loubet, diretor da editora, em declarações à agência noticiosa AFP afirma que “não consegue medir os riscos da publicação de tal livro”, especialmente no que concerne a questões de segurança.
Loubet acrescenta que “há dois anos parecia um livro interessante, embora não partilhássemos necessariamente dos mesmos pontos de vista. Mas isso foi antes do Charlie Hebdo, antes de Nice”. Reforça que “a necessidade de justificar o ódio pelos muçulmanos que surgiu após o atentado de Nice poderia ter ecos neste livro”.
O diretor afirma também ter recebido diversas mensagens insultuosas, concretamente de apoiantes da extrema direita que demonstraram o seu descontentamento com a suspensão do livro, que esperariam que gerasse uma vaga anti-islamismo.
O tema polémico da obra funde-se no paralelismo entre o fascismo de Hitler e Mussolini e o islamismo contemporâneo. O livro é um caso de sucesso na Alemanha, tendo sido já traduzido para inglês. É atualmente o livro mais vendido na página da Amazon francesa.
O autor Hamed Abdel-Samad, antigo membro da Irmandade Muçulmana, lamenta a decisão da editora. No seu blogue pessoal escreve ” Voltaire devia dar voltas no túmulo se soubesse como é tratada a tolerância e a liberdade de expressão no seu país 230 anos depois da sua morte”.
Ainda assim, Fascismo Islâmico poderá mesmo ser editado em francês. Loubet afirma que pelo menos duas editoras estariam interessadas na compra dos direitos.
