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James Franco anda irrequieto por Hollywood

James Franco não parou em 2013  e em Na Minha Morte ele é actor, realizador e argumentista. Como actor consegue talvez uma das suas mais sólidas performances desde 127 Horas, como argumentista deixou um pouco a desejar e como realizador é melhor nem falar.

Na Minha Morte é a história de uma humilde família rural que tenta cumprir a promessa que o pai fez à esposa moribunda, Addie Bundren (Beth Grant) que deseja ser enterrada junto à sua família, na cidade de Jefferson, a cerca de oitenta quilómetros do sítio onde moram. Esta viagem, atrasada pelas inundações, demora nove dias. Durante toda a sua absurda e inquietante viagem, os membros da família demonstram um profundo respeito pelo desejo da mãe, mas também eles têm os seus próprios desejos e talvez os possam satisfazer nesta oportunidade de visita à cidade.

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Franco está cada vez mais a impor-se como uma das figuras de Hollywood mais influentes da sua geração. Não nos podemos esquecer que este jovem actor foi já nomeado para os prémios da academia e até já os apresentou, em conjunto com outro grande nome de Hollywood mais recente, Anne Hathaway. Mas com Na Minha Morte, Franco parece pôr a carroça à frente dos bois e entrega-nos um filme demasiado pretensioso que tenta ser mais do que realmente é, parecendo até um filme inacabado que mal passou pelos processos de pós-produção, revelando uma fraca realização.

No entanto o filme arranca bastante bem, o início foi bastante promissor com um split screen cuidado, meticuloso e agradável ao olho do espectador, onde aparecia Beth Grant num grande close up divagando um pouco e falando sobre a morte num tom tão íntimo que parecia mesmo uma conversa actriz-espectador. Este momento é talvez o mais forte de toda a película, muito devido à forma soberba como a actriz pegou em Addie Bundren, a partir desse momento o filme foi enfraquecendo e a parte técnica afundou por completo. Primeiramente o split screen estava muito bem feito, conveniente e visualmente interessante, mas Franco decidiu inundar o filme com split screens e dividiu tudo o que podia em dois, mesmo nas situações em que esta particularidade técnica era completamente desnecessária, aliás os próprios enquadramentos dos mesmos ficaram cada vez mais desagradáveis, visualmente falando.

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Também como argumentista James Franco não deu o seu melhor. Na Minha Morte é um clássico literário de William Faulkner e é uma obra muito conhecida por conciliar as situações de drama com as cómicas numa harmonia fora do normal. O mesmo não aconteceu aqui, esta adaptação foi um pouco desleixada e o argumento revela isso mesmo, a insistência de Franco no drama não deu qualquer espaço à comédia para sobressair e houve diálogos tão preguiçosos que caíram, inevitavelmente, no cliché. Resumindo, é um argumento que se entregou ao laxismo e ao facilitismo.

Já os actores foram talvez dos aspectos mais positivos que Na Minha Morte teve para oferecer. Beth Grant sem dúvida que foi a surpresa do filme que, mesmo tendo apenas uns 5 minutos de acção na película, apenas com a cena inicial consegue conquistar qualquer um, fazendo com que simpatizemos com uma personagem que nos deve causar o desprezo. James Franco foi outro dos pontos fortes do filme no que toca ao elenco, a sua demência convenceu qualquer um e este é um registo que o actor domina por completo. Também o elenco juvenil, resumidamente Brady Permenter, revelou um grande talento num registo muito interessante.

Em suma, Na Minha Morte leva-nos a crer que é para ser apreciado não como um filme, mas antes como um treino de James Franco, quase como que um simulacro de uma película. Basicamente, como os rabiscos estão para uma pintura, Na Minha Morte está para um filme.

5/10

Ficha Técnica:

Título original: As I Lay Dying

Realizado por: James Franco

Escrito por: James Franco, baseado no romance de William Faulkner 

Elenco: James Franco, Danny McBride, Logan Marshall-Green, Beth Grant.

Género: Drama

*Este artigo foi escrito, por opção do autor, segundo as normas do Acordo Ortográfico de 1945