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Salto | Fonte: Ana Viotti

À Escuta. Salto, Os Azeitonas e Putas Bêbadas são os destaques

Mais uma semana preenchida no À Escuta, a rubrica semanal do Espalha-Factos que destaca os lançamentos da música nacional. Esta semana, destacamos os novos discos de Salto Putas Bêbadas e o novo single d’Os Azeitonas; são, no entanto, apenas três dos vários artistas variadíssimos que lançaram material esta semana. Entre eles temos também, os Jepards, Julinho KSD, Ana Lua Caiano, AVAN GRA, Dianna Excel, Luís Fernandes, inês malheiro, Desidério Lázaro, Duque Província, Os Lacraus, Vicente, Quelle Dead Gazelle, Península, si!va, Mirror People, Gala Drop e Time For T.

É a Língua Afiada dos Salto

Quatro anos depois de umas Férias em Família, os Salto – que é como quem diz, Gui Tomé Ribeiro, Luís Montenegro, Gil Costa e Filipe Louro – estão de regresso aos longa-duração com Língua Afiada, o seu quarto disco, a contar com selo da editora lisboeta Cuca Monga.

É de reparar imediatamente: Língua Afiada é um excelente título para este disco dos Salto. Não tanto pelo seu humor (apesar de haver alguma goofiness inerente a este trabalho discográfico), mas mais pelo quanto vamos ficar de língua afiada depois de escutar o álbum: os hooks convidam-nos a isso. 

Não é como se os Salto alguma vez tivessem escondido a sua sensibilidade pop. Desde do seu disco de estreia homónimo, lançado em 2012, que as suas canções encontram-se recheadas de harmonias e melodias para cantarolar (tenta lá não berrar ‘O Teu Par’ – complicado, não é?), mesmo quando a banda flertou com tons psicadélicos em Férias em Família, o (excelente) culminar do desenvolvimento musical abraçado pelos Salto ao longo dos seus três primeiros discos. De certa forma, então, Língua Afiada é um regresso às bases do grupo, sendo um disco quase tão direto quanto Salto. Mas enquanto Salto apontava ao indie rock do momento, Língua Afiada aponta à pop descomprometida, aos refrões orelhudos e peganhentos (pop chiclete, alguém?), mas que não esquece o caminho artístico traçado pelos Salto nos seus discos. Os singles já demonstravam isso, mas os deep cuts só o confirmam.

Os tons psicadélicos de Férias em Família surgem mais discretos em Língua Afiada, mas não desaparecem totalmente. Surgem nos sintetizadores divertidos das orelhudas (ok, são todas orelhudas, acreditem!!) ‘Afio a Língua’ – uma faixa capaz de nos colocar logo na pole position para este Língua Afiada -, ‘Aos 30’ ou ‘Erva Daninha’, nos efeitos de guitarras que vão adornando canções como ‘Nada a Perder’ ou ‘A Mesma Paz’, nos ritmos para dançar de ‘Bem Dormidos’. Em Língua Afiada, as influências não estão escondidas: é a pop dos anos 60, é o new wave romântico (há um certo romantismo presente ao longo deste disco dos Salto, especialmente nas letras) dos anos 80, a colidirem com o universo de indie pop dos Salto. 

Língua Afiada é um cruzamento entre simplicidade e complexidade, um embate entre o desejo dos Salto em continuar a evoluir musicalmente e a sua capacidade de criar canções pop ultra eficientes. Se escolhermos ouvir qualquer uma das canções de Língua Afiada de forma solta, o resultado é um sorriso de orelha a orelha e uma vontade incessante de dançar. Se ouvirmos Língua Afiada de uma ponta à outra, é como se fosse uma festa de canções pop, prontas a serem atiradas sem qualquer desdém pelas danças que vão provocar. Todavia, o resultado final de Língua Afiada é o seguinte: um grande disco, possivelmente um dos melhores do ano na tuga (mas prognósticos, só no final do “jogo” – não que a arte seja uma competição) e o mérito é todo dos Salto por terem apresentado esta obra pop tão bem conseguida.

Os Salto vão levar Língua Afiada pela estrada nos próximos meses: 21 de outubro, no Plano B, no Porto; em Lisboa, tocam na Fábrica da Musa a 5 de novembro, dia 2 de dezembro é em Coimbra no Salão Brasil, e no dia 16 de dezembro tocam no Bang Avenue, em Torres Vedras.

– Miguel Rocha

‘As Notícias’ d’Os Azeitonas

Depois dos avanços ‘Guitarrista do Liceu’, ‘Ernesto’ e ‘Três Dias de Sol’, Os Azeitonas, aclamado trio portuense formado por Marlon, Nena e Salsa, disponibilizam mais uma faixa do seu novo longa-duração, intitulada ‘As Notícias’.

Escrito por João Couto (uma inestimável contribuição!), ‘As Notícias’ é mais um número de pop rock contagiante, com um refrão catchy e a voz limada e nostálgica de Marlon assente num instrumental épico. Digamos antes: mais um momento de demonstração de pura criatividade. O resultado final é uma faixa orelhuda e hipnotizante, que coloca qualquer um a bater o pé com as suas componentes dançáveis. Tal como os singles supracitados, também ‘As Notícias’ faz parte do alinhamento do novo álbum d’Os Azeitonas: “Um álbum feito de 11 canções que nos representam da melhor forma possível neste preciso momento em que nos propusemos refazer (…) Da mais escura sombra das nossas almas, ao mais claro dos sorrisos”, vincam eles. O mais recente trabalho do grupo chama-se RECONSTRUÇÃO e já se encontra à venda (brevemente nas plataformas digitais). 

– Ana Margarida Paiva

Nível Lounge é o regresso em grande de Putas Bêbadas

Em 2017, aquando do lançamento de Orgulho de Ex-Buds, Mário Lopes escrevia no Público o seguinte sobre Jovem Excelso Happy, disco de estreia de Putas Bêbadas: “Os Putas Bêbadas, banda ligada ao colectivo Cafetra, faziam noise-rock no fio da navalha, levavam o hardcore a passear por novas iconoclastias, construíam e reconstruíam no tempo que durava o curto mas intenso assalto sónico de cada uma das canções.”

As palavras de Mário Lopes servem para enquadrar a mudança que ocorreu nestas Putas Bêbadas ao longo do tempo. Em 2013, com Jovem Excelso Happy, apresentaram hardcore e noise rock laminados por uma dose pop. Em 2017, com Orgulho de Ex-Buds, aventuraram-se por caminhos com toques mais experimentais – o auto-tune a comandar aqui -, mas sem nunca esquecer os caminhos do punk, da melodia, do humor a ser utilizado como auxílio e coping mechanism para o seu comentário social. 

Agora, cinco anos volvidos, as Putas Bêbadas – Iris Neves, João Dória, Leonardo Bindilatti, Miguel Abras e Hugo “Sushi” Cortez – regressam com Nível Lounge, o terceiro capítulo da sua história, e um que continua o seu caminho de a) se mutarem – aqui olham para o rock alternativo do início da década de 90 como referência para ampliar o seu noise rock – e b) de manterem a orla bem definida do que é a sua energia punk e do que é a sua sensibilidade para melodia e harmonia. Logo na primeira faixa de Nível Lounge – a canção que confere título ao disco -, reparamos: as guitarras soam estridentes, os vocais puxam ao hardcore punk, a crueza sente-se no ar, mas as melodias nunca nos deixam de tentar em fazermos cantar. É como se os Pixies se cruzassem com os Bad Religion, mas no meio da estética que tanto caracteriza os artistas ligados à Cafetra (‘Puta da Bófia’, com Sallim, é outro excelente exemplo dessa dinâmica, numa canção deveras punk).

Se ‘Nível Lounge’ soa pesado logo a abrir, rapidamente ‘Arco da Velha’ atira-nos para um degrau acima. É thrash metal que nos surpreende – muito Kill ‘Em All -, um highlight do disco que nos convida ao headbang – nós só temos de obedecer (também não é complicado com riffs destes e secções rítmicas onde a carroça é puxada a todos os cilindros). É a faixa mais pesada deste disco, sem dúvida, apesar de ‘FOMO’ – a faixa mais engraçada de Nível Lounge, uma excelente demonstração do estilo de humor da Cafetra e destas Putas Bêbadas – e ‘Humilhação’ (a contar com extravagantes skills de guitarra) estarem próximas, com esta última a soar próxima de um noise pop.

Falta aqui uma conclusão, por isso remate-se: este é um regresso em grande de Putas Bêbadas, e Nível Lounge é um excelente disco a adicionar à já grande coleção de excelentes discos associados à Cafetra. Um dos melhores do ano, sem dúvidas, e é uma surpresa tão bem-vinda sermos agraciados com o punk de Putas Bêbadas neste momento – era necessário.

– Miguel Rocha

Syncopated Tunes‘, o último avanço dos Jepards

Syncopated Tunes‘ é o último vislumbre para o primeiro longa-duração de Jepards, quarteto que leva o punk-rock às ruas de Fafe. Sucessora de ‘Numbed Out Conversations‘ e ‘Beastie Boyz‘, ‘Syncopated Tunes‘ segue a lógica desgrenhada das anteriores, onde as guitarras renhidas ecoam as primeiras músicas de Arctic Monkeys, como ‘The View from the Afternoon‘. O rock alternativo que já lhes é característico está presente, mas o punk descomprometido também se demonstra sobretudo no início onde, sobre os instrumentos, ouve-se a voz falada, à la The Dead Milkmen e no solo delicioso do baixo, a meio da canção.

Este single antecipa  o lançamento do primeiro álbum de António Dantas (guitarra, voz), Carlos Afonso (guitarra), Dany Silva (baixo) e Zé Pedro (bateria), que será lançado no dia 2 de outubro, intitulado A Study on the Behaviours of the Inebriated. No single, temos o prólogo deste “estudo”: o refrão narra os pensamentos de uma mente embriagada e o espectro de emoções que são despertadas neste estado “I’m feeling numb./ I’m feeling weird but I feel like dancing./ I feel like I could just take over that guy in a bar fight./ I’m feeling bored.”

– Kenia Nunes

Já está cá fora o EP de estreia de Ana Lua Caiano

É verdade, já estávamos a fazer contagem decrescente até ao dia que nos chegasse aos ouvidos o tão aguardado EP de estreia de Ana Lua Caiano – e cá está ele. Chama-se Cheguei Tarde A Ontem e conta com produção de Ana Lua Caiano, Guilherme Simões e RAKUUN (Rodrigo para os mais próximos). 

Cheguei Tarde A Ontem culmina em seis faixas ritmadas, intensas e energéticas, onde Ana Lua Caiano transporta a herança da música tradicional para o mundo moderno. O segredo para tudo isto resultar e soar tão bem está nas experimentações que nos levam por caminhos pouco ortodoxos. Ana Lua Caiano faz uso de elementos que remetem para a tradição portuguesa, tal como coros, harmonias e cânones, fundindo-os com elementos que remetem para a música experimental e eletrónica, tal como sintetizadores e beatmachines que captam espantosamente sons do quotidiano. Sejamos sinceros: isto é trabalho de um autêntico génio – depois de ouvir ‘Olha Maria’ (possivelmente, a melhor faixa deste curta-duração!) é impossível não venerar esta Ana Lua Caiano. Muita qualidade, ousadia e versatilidade envolvida – estamos abesbílicos, sim. A propósito dos singles de avanço, temos vindo a dizer que este projeto poderia, facilmente, vir a ser um dos mais interessantes e bem-conseguidos deste ano. Estávamos certos este tempo todo. Que maravilha sonora, com que todos se deviam deliciar-se.

– Ana Margarida Paiva

‘MAQUINAS’ é mais uma demonstração da qualidade dos AVAN GRA

Uma nova faixa dos AVAN GRA é sempre um momento para celebrarmos. Primeiro, porque isso implica escutar os talentos de 90’s Kid e Carracha de novo, e segundo, porque isso nos aproxima do seu eventual disco homónimo de estreia. 

‘MAQUINAS’, o seu mais recente single, é igualmente uma excelente demonstração daquilo que diferencia os AVAN GRA dos seus pares. O hábil uso de samples de 90’s Kid volta a surgir nesta faixa, num beat contemplativo e delicioso – toques de old school, mas sempre a pensar como pode adicionar um toque do presente à cena -, enquanto os flows de 90’s Kid e Carracha simplesmente não falham. É um deslizar entre rimas e batidas, uma comunhão perfeita entre esses elementos por parte destes jovens que continuam a comportar-se como veteranos. 

O disco homónimo de estreia dos AVAN continua sem data para quando será “dropado”, mas cada nova faixa sabemos que está mais perto. Quando chegar, cá estaremos para o escutar – com toda a excitação como se fosse a primeira vez que nos foram apresentados 90’s Kid e Carracha. Aumentem bem o som camaradas…

– Miguel Rocha

Uma leve ‘Brisa’ de ar fresco trazida por Vicente

Vicente é um autorretrato de Francisco e é sob este nome que nos traz ‘Brisa’, mais um avanço do seu novo trabalho de originais. 

Os primeiros segundos levam-nos a embarcar numa (ao que parece) balada, liderada pela voz de Vicente que soa, em todos os segmentos, cintilante, suave e calorosa. Entretanto, somos brindados com um choque orgânico entre o mundo do jazz fusion – pelos seus ritmos irreverentes – e o mundo do chamber pop – pelos seus arranjos lineares e inocentes. É assim que Vicente consegue criar uma atmosfera sonora eclética, descontraída e fresca, tal e qual “como uma brisa leve num dia quente”. O artista abraçou todas as componentes exploradas em Meta, o seu EP de estreia, e tem vindo a fortificá-las de uma forma estupenda. Veremos o que Vicente tem mais para nos oferecer ao longo deste ano. 

– Ana Margarida Paiva

Asas de Mosca‘ abre as celebrações do 10.º aniversário de Quelle Dead Gazelle

Asas de Mosca‘ é o primeiro single de antevisão do novo disco de Quelle Dead Gazelle, dupla formada por Miguel Abelaire (bateria) e Pedro Ferreira (guitarra). Como nos discos anteriores, Quelle Dead Gazelle (2022) e Maus Lençóis (2016), ‘Asas de Mosca‘ é marcada pela harmonia entre os dois instrumentos que se cruzam e complementam de forma exímia, deixando a curiosidade para abrir-se o novo mundo que a dupla trará em Dança Suja Chão Sujo, título em forma de lengalenga deste novo longa-duração que surge na celebração do 10.º aniversário da banda. 

Segundo Miguel Abelaire, em conversa no Domínio Público da Antena 3, Dança Suja Chão Sujo demorou um bocadinho mais a ser feito, tivemos que experimentar cenas novas, metê-las num caldeirão com cenas velhas e acho que conseguimos mostrar da melhor forma o que é a nossa essência e a música que mais gostamos de fazer”. É neste junção entre velho e novo que se posiciona a dupla que terá novo single no final de outubro e o disco a dia 7 de novembro.

– Kenia Nunes

Dianna Excel regressa com ‘Gravidade’

Depois de XL – que consideramos ser um dos melhores discos de 2021 – e dos seus remixes, Dianna Excel está de regresso aos lançamentos com um novo single, ‘Gravidade’.

Em termos de sonoridade, ‘Gravidade’ agarra nas qualidades de XL – os beats explosivos, os jogos de vocais distorcidos, a emoção desconcertante – e revela uma forma mais arrojada de Dianna Excel. Parte manifesto etéreo rumo à antecipação, parte hyperpop banger, ‘Gravidade’ puxa-nos para a sua órbita com o objetivo de nos colocar a dançar num club onde a comunidade e a inclusão surgem acima de tudo.

Para abanar o capacete, mas sempre com a mente apontada a sermos nós próprios, sem qualquer correntes (quebre-se tabus, construam-se novos pensamentos a partir disso) que nos possam levar abaixo, ‘Gravidade’ é mais uma razão porque Dianna Excel é uma das artistas mais excitantes do panorama nacional atual.

– Miguel Rocha

2032 é o álbum de estreia dos Duque Província

Duque Província são Henrique Gonçalves (voz e guitarra), António Horgan (teclados), Philippe Keil (baixo) e Francisco Cunha (bateria) e acabam de se estrear nas edições discográficas com 2032.

Trazendo na bagagem influências vindas (essencialmente) dos anos 60 e 70, os Duque Província exploram as sonoridades indie-pop-rock ao longo de 11 faixas, onde adicionam um cunho próprio e fresco, provando que são feitos à base de versatilidade e irreverência. Ora ouvimos autênticas baladas românticas e melosas, que nos convidam a perdermo-nos na praia e a encontrar um amor de verão, como por exemplo ‘Chuva’, ‘Tempo Sem Ti’ ou ‘Contigo É Assim’. Ora nos cruzamos com canções mais densas e arrojadas, capazes de roubar a atenção (e o coração, também) a qualquer um que ouse embarcar nesta belíssima experiência sonora – são exemplos perfeitos disso ‘Cai-me a Ficha’, ‘Silhueta’ ou ‘Vera-Cruz’. Ora somos brindados com temas rebuscados, como ‘Exército de Mágoas’, ‘Luís’, ‘Entretive a Tua Insónia?’, ‘Aquele Rapaz’ ou ‘Rosa’, verdadeiros indutores de relaxamento. 

2032 revela-se como a banda sonora ideal para recarregar baterias e energias, com tantas cores e sons à mistura. Uma grandiosa estreia dos Duque Província.

– Ana Margarida Paiva

Julinho KSD prolonga o verão com ‘Lingerie’

O verão terminou bem recentemente mas parece que para Julinho KSD ainda se está a iniciar. O autor de Sabi na Sabura, essa coletânea de bangers que consideramos um dos melhores discos de 2021 por estas páginas, está de regresso com ‘Lingerie’, o seu segundo lançamento de 2022 –  junho havia lançado ‘Popo’ ao lado de Harley KSD.

A contar com créditos na produção por parte de L Beatz, ‘Lingerie’ é uma faixa que grita em verão em estilo braggadocious – Julinho domina bem nesta canção a estética (olhe-se o teledisco) e a atitude -, onde a energia rítmica do funaná nos compele a abanar a anca uma última vez antes do outono chegar a todo o vapor. Êxito? Com certeza será – mais um desta “máquina” de criar bangers chamada Julinho KSD.

– Miguel Rocha

Dickens é o novo álbum d’Os Lacraus

11 anos depois do seu primeiro lançamento, Os Lacraus Encaram o Lobo, Os Lacraus regressam com Dickens. Gravado entre 2020 e 2021, Dickens é produto da nova composição da banda, formada por Tiago Cavaco e Guel (os que ficaram da lineup original), a quem se juntaram João Eleutério, Joel Silva e Nando Frias. As letras ficaram a cargo de Cavaco, que canta o amor, o pecado, o milagre, os seus ídolos (eis o título do disco), e histórias de vida verdadeiras com uma dose generosa de rock ‘n roll

Com a nova lineup, nota-se nas canções pistas de um crescimento conjunto e, segundo Tiago Cavaco, “fico muito satisfeito por termos gravado este disco porque ele regista um período especial (…). Algumas destas canções andaram comigo três anos, com versões várias (…) e o Joel, o Nando, o João e o Guel tornaram essa esperança carne e osso“.

– Kenia Nunes

‘Espaço’ é a nova e refrescante malha de Península

Península nasceu como um projeto a solo de João Coelho, tendo sido ‘Salamandra’ (com Francis Pardal) o seu single de estreia. Entretanto, a ele, juntaram-se António Santos, Pedro Borges e Xavier Lousada, que fizeram chegar até nós ‘Espaço’, o primeiro single feito em conjunto como banda. 

‘Espaço’ é uma faixa que funde sonoridades dentro do rock ligeiro, psicadélico e funk. Somos introduzidos a umas guitarras airosas e emotivas que vão surgindo ao longo da canção, provocando um sentimento de conforto e proximidade. Em uníssono, com a bateria e o baixo, vão traçando uma groove carregada de soul – e que bem que soa. Os versos cantados pela belíssima voz de João Coelho soam calorosos, como se de múltiplos abraços apertados se tratassem, fazendo, por vezes, a cama para uns solos de guitarra bem rebuscados. Há aqui um claro amadurecimento desde o primeiro lançamento, talvez pela adoção de uma estrutura pouco usual, bem como pela crescente produção a que somos apresentados. Enquanto banda, confirmamos que o resultado final desta faixa revelou-se sensacional. Se queremos ouvir o que mais têm preparado para nós? Óbvio que sim – o futuro é bastante promissor.

– Ana Margarida Paiva

Desidério Lázaro lança o seu nono álbum

Oblivion é o nono álbum de estúdio de Desidério Lázaro, saxofonista algarvio que começou por se afirmar pela sua improvisação e pela capacidade técnica. Natural de Tavira, apresentou-se com Rotina Impermanente (2010) com Mário Franco e Luís Candeias. Depois de várias formações, o saxofonista conta agora com Mário Delgado e Ricardo Pinheiro (guitarra), Cícero Lee (baixo) e Carlos Miguel (bateria). 

Neste disco composto por oito composições de jazz que roçam o rock,  o objetivo anunciado era trabalhar à volta da condição humana e as emoções, algo que facilmente é atingido pela suavidade do protagonista, o saxofone, e pelas camadas adicionadas pelos demais componentes da banda.

– Kenia Nunes

luísa é o álbum de estreia de si!va

Já se pode ouvir luísa, o álbum de estreia do produtor si!va. Como podemos ouvir na faixa ‘malamadu’, o lançamento deste álbum não foi coisa fácil. Ao que parece, já anda no forno há coisa de mais de um ano, uma espera que não foi de todo em vão. Por aqui, vão-se magicando uns samples, que se acompanham por umas linhas de baixo sempre robustas e com muito groove para oferecer. 

Não devemos de todo dizer que isto se trata de uma mera beat tape. Em luísa, as músicas entrelaçam-se e enchem-se de carisma e, pelo caminho, ainda temos o privilégio de ouvir uns versos ditados por algumas figuras já conhecidas do hip-hop tuga mais abstrato e undeground – nomes como gonsalocomc, Parker, Guilherme Besta ou duarteacão. Um álbum versátil, orelhudo e cheio de talento a imiscuir.

– José Duarte

Mirror People apresentam Heartbeats Etc. 

Heartbeats Etc. é o mais recente álbum de Mirror People, dupla composta por Rui Maia e (nome artístico de Maria do Rosário). Depois de alguns singles desvendados, podemos agora ouvir o longa-duração na sua completude, desde ‘Drinks Promise Better‘ que conta com o groove de Da Chick, passando por ‘Do the Boogie, uma colaboração com a dupla de italo disco Hard Ton, e aterrando em ‘Parallel Lines‘. 

Composto e gravado entre 2018 e 2021 por Rui Maia em vários locais, como comboios, quartos de hotel ou estúdios caseiros, Heartbeats Etc. acaba por dar continuidade à linha musical já característica de Mirror People, que dá protagonismo à música dance, sempre com a disco, a eletrónica e a house juntas no plano. A  mistura e masterização do novo álbum de ficaram a cargo da Arda Recorders pelas mãos de Zé Nando Pimenta e Miguel Marques.

– Kenia Nunes

‘Areal Dub’, mais uma amostra do novo disco de Gala Drop

Sucessor de ‘Monte do Ouro’, ‘Areal Dub’ é o segundo avanço do novo disco dos Gala Drop, grupo atualmente composto por Afonso Simões, Nélson Gomes e Rui Dâmaso

O que este grupo tem para nos oferecer é mais um bilhete grátis para embarcar numa das suas novas viagens sonoras psicadélicas. O trabalho de sintetizadores soa perspicaz e transcendente e as erupções de percussão revelam-se virtuosas e palpitantes. O trabalho de guitarra, capaz de riffar como nenhum outro, aquando acompanhado pelas grooves emanadas por uma forte linha de baixo, guiam-nos até um mundo utópico, onde não resistimos em dar uns suaves pezinhos de dança ambientados pelos magníficos arranjos musicais deste grupo. 

Amizade é o nome do terceiro longa-duração dos Gala Drop e tem data de lançamento marcada para o dia 14 de outubro.

– Ana Margarida Paiva

A Guide to Getting Lost é o novo disco de Luís Fernandes

Depois de em 2022 já ter lançado There’s no knowing ao lado de Joana Gama, o eclético artista Luís Fernandes está de regresso com um novo disco a nome próprio, A Guide to Getting Lost, editado com selo Revolve.

A Guide to Getting Lost é constituído por cinco partes (diga-se peças) que nos vão envolvendo nas suas texturas. Os drones vão-se prolongando no tempo, as texturas são trabalhadas ao detalhe para uma sensação de envolvência, uma suspensão no tempo que se estende ao longo de quase 40 minutos onde a beleza, a sensibilidade (ao toque, ao ruído, ao estímulo) e uma mini ansiedade se conjugam numa obra transcendente e dissonante. 

É um disco para se ouvir com phones com volume bem alto, de forma a que sintamos tudo aquilo que esta obra tem para oferecer. Portanto, fecha os olhos e sente – ou “Don’t try to understand it. Feel it”, como um certo filme bem indicou -, de forma a que nos possamos todos perder neste A Guide To Getting Lost (se ainda não deu para perceber, o nome é de facto apto à música contida no seu interior).

– Miguel Rocha

‘If I Would’, o novo single de inês malheiro

‘If I Would’, o novo single de inês malheiro, é o primeiro avanço da artista ao LP Deusa Náusea. A canção dá o mote para aquilo que se pode esperar do sucessor de Liquify, spread and float: um estudo de experimentalismo, dissonância, transcendentalismo. Buscando ascensão entre o bucólico e o silêncio, inês malheiro encontra na eletrónica o seu casulo, explorando texturas, buscando no tumulto uma harmonia preciosa e singular.

O single é a estreia de inês malheiro na Lovers & Lollypops e uma “introdução perfeita ao seu universo polarizado, invertido, perplexo, epitelizado por processos espectrais e pura beleza“.

– Kenia Nunes


Time For T com mais um avanço do novo álbum, ‘Over the Moon (To Be on Earth Right Now)’ 

Tiago Saga, Joshua Taylor, Felipe Bastos e Juan Toran formam Time For T e ‘Over the Moon (To Be on Earth Right Now)’ é o terceiro avanço do próximo longa-duração da banda.

“É um tema recheado de ironia, um tributo ao ridículo do mundo em que vivemos, hoje em dia, em toda sua glória e tragédia. A temática abrange tudo desde aquecimento global a namoros virtuais, do veganismo ao poder dominante das corporações. É uma canção de sorriso rasgado a falar de verdades inconvenientes”, lê-se em comunicado enviado à imprensa. Começamos por embarcar numa expedição indie-folk tranquila, com uma guitarrista acústica polida a sobressair. No entanto, acaba por se transformar numa expedição folk-rock assente num instrumental forte e frenético, comandada por uma voz rouca que torna esta viagem sonora deliciosa. Em alguns momentos, é possível relembrar um Bob Dylan e, se puxarmos um pouco mais pela imaginação, também conseguimos ouvir uns Kaleo. Mais um belo lançamento, resta-nos esperar para ver o que mais se segue neste novo capítulo da banda. 

O novo álbum dos Time For T recebe o nome Hurry Up and Wait e sai cá para fora no dia 14 de outubro

– Ana Margarida Paiva

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