O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
Foto: Espalha-Factos | Miguel Araújo

À Escuta. Miguel Araújo, ProfJam e redoma são os destaques desta semana

Mais um fim de semana, mais uma edição do À Escuta, rubrica semanal do Espalha-Factos com as últimas novidades do mundo da música portuguesa. Esta semana, o destaque é dado ao novo disco de Miguel Araújo, ao primeiro avanço do próximo longa-duração de ProfJam e do EP de estreia das redoma.

Fala-se ainda dos novos discos de André B. Silva, Fugly, da estreia em longa-duração dos Storm Factory, de novos singles de BrankoDa ChickDomiFilipe KarlssonMiraiRita DiasSam TilesSubmarinho, das estreias de André Duartedonaranha Malinwa, da colaboração de Odete com Paul Marmota e do primeiro single do disco de homenagem a Sérgio GodinhoSG Gigante.

Chá Lá Lá é uma onda de emoções levada a cabo por Miguel Araújo

Chá Lá Lá é o nome do novo disco de Miguel Araújo, que conta com o selo da sua editora independente, Chiu. É o sexto álbum de originais de um dos mais acarinhados cantautores nacionais e conta com colaborações de António Zambujo, Joana Almeirante, Rui Reininho, Tim e Rui Pregal da Cunha.

Miguel Araújo
Fotografia: Divulgação

Depois dos três avanços ‘Talvez se eu Dançasse’ (2019), ‘Dia da Procissão’ (2020) e ‘Chama Por Mim’ (2021), Miguel Araújo entrega-nos agora um conjunto de nove canções cantadas, de forma magnífica, em língua portuguesa, uma constante em relação aos seus trabalhos anteriores. Num registo todo ele pop, o novo trabalho discográfico do músico portuense é uma montanha-russa de emoções que vale muito a pena vivenciar.

Temos faixas viciantes, carregadas de alegria e boa disposição, que se apoderam por completo do nosso corpo e dão-nos uma vontade colossal de dançar e cantar como se não houvesse amanhã. Por outro lado, temos também faixas mais frágeis marcadas por uns sedutores acordes acústicos e a voz única de Araújo, que sabe tão bem aquecer-nos o coração.

Se temos a sorte de respirar o mesmo ar que o ilustre mestre do pop-rock português? Temos sim, que tesouro é este Miguel Araújo.

Ana Margarida Paiva

‘WUOW’ marca o regresso de ProfJam aos lançamentos

Profjam, nome com que é conhecido Mário Cotrim, está de regresso aos lançamentos, entregando o primeiro avanço do seu super aguardado novo álbum, MDID (Música De Intervenção Divina), que deverá sair ainda durante este ano.

Profjam
Fotografia: Divulgação

Se estão familiarizados com o que se faz no hip-hop nacional, então com certeza que ProfJam não é um nome estranho. Já lá vão uns aninhos desde as suas mixtapes, The Big Banger Theory e MIXTAKES, sendo a segunda a última um autêntico clássico de culto contemporâneo, com a sua pegada ainda bastante expressa nos fãs de hip-hop tuga de hoje em dia.

A verdade é que a pandemia tem das suas, especialmente a deturpação do conceito de tempo, e por isso, apesar de não parecer, já lá vão três anos desde a sua estreia nos álbuns de estúdio, com #FFFFFF, projeto que ainda consegue rodar nas festas de hip-hop de norte a sul do país. Pelo caminho ainda se juntou ao amigo benji price para lançar SYSTEM e ainda entregou um single ao lado de Agir, mas apesar de ter apresentado alguns projetos – que ainda não viram a luz do dia – e ter passado por alguns problemas pessoais, já sentíamos a falta de um dos rappers mais mediáticos da música portuguesa. ‘WUOW’ chega então para matar essa sede de lançamentos, contando com produção dividida entre o rapper de Telheiras e MIGZ e com masterização e mixagem a ficar nas mãos de Charlie Beats.

Por todo o trabalho feito na sua (agora extinta) Think Music, pelos seus projetos, carácter e dinâmica, é normal haver muito barulho quando se ouve que vem aí um novo álbum do que se tornou um dos maiores porta-vozes – e pioneiros – do trap nacional. Este primeiro avanço traz um pouco daquilo a que já estamos habituados a ter por parte de Mário Cotrim, um flow e escrita característica, um bruto beat e um refrão orelhudo.

José Duarte

parte é a estreia auspiciosa das redoma

Diz-se que uma redoma é suposto proteger objetos delicados, uma campânula que no seu interior salvaguarda algo valioso. Talvez seja por isso que a dupla feminina portuense formada por Carolina Viana, cantora e rapper, e Joana Rodrigues, produtora, se apresenta com o nome de redoma: estavam com algo valioso dentro da sua manga. Dada a qualidade do seu EP de estreia, parte, editado esta sexta-feira (18) pela Biruta Records, não surpreende que assim seja – tinha de ser protegido a todo o custo.

redoma - parte
Fotografia: Divulgação

Aquilo que Carolina e Joana apresentam em parte é um conjunto de canções – meia dúzia, para ser exato, constituem este “manifesto existencialista”, como se lê no comunicado enviado à imprensa  – que em cerca de dezasseis minutos de duração, fazem algo que demora a outros tempos aparentemente infinitos a criar. Os beats surgem do mundo do hip-hop mais abstrato , apresentados com uma estética de eletrónica lo-fi e toques de jazz, apresentados com uma suavidade e nível de mestria de quem parece ser veterano nisto. 

Contudo, se a qualidade dos beats de Joana Rodrigues é inegável, a posição de Carolina Viana enquanto MC é peça fundamental para nos deixar espreitar dentro desta redoma. A forma como escreve é introspetiva e confessional, um jogo de palavras que não esquece o privilégio e a falta dele das classes sociais – ‘condição’ é o momento que melhor demonstra – com os seus quase sussurros a tornar as histórias a serem contadas como algo que soa íntimo, que nos faz sentir empatia e que, acima de tudo, nos faz considerar sobre a noção da classe social e dos papéis de género que parecem complicados de destronar do patriarcado heteronormativo existente. E só por isso, esta parte já era um todo que merece ser escutado com toda a nossa atenção, mas felizmente, esta estreia auspiciosa apresenta muitas razões para efetuar bem mais que um pequeno vislumbre a esta redoma.

Miguel Rocha

André B. Silva edita o seu segundo disco Mt. Meru

Já está cá fora o segundo disco em nome próprio de André B. Silva que conta com o selo da Clean Feed Records. Fazendo parte de um dos grupos mais aclamados do jazz curioso e explorador que se faz neste país, os The Rite of Trio, não é só acompanhado que faz demonstrar a sua genialidade.

André B. Silva - Mt. Meru
Fotografia: Divulgação

Abraçando um tom mais clássico e não tão “punkzaço” e experimental como o ouvido no seu grupo, é muito fácil apaixonar-nos por este Mt. Meru. É delicado e refinado, muito cauteloso na composição, normal, não fosse este projeto ter estado no forno durante 6 anos. É nítido que houve muito trabalho para chegar a estas composições tão imaculadas que podemos ouvir com toda a calma, e tal como foi concebido, sem pressa nenhuma.

Podemos ainda ler na comunicação de imprensa sobre este longa-duração: “Mt. Meru é uma quimera com propriedades do universo do jazz e da música contemporânea de câmara. Com uma instrumentação pouco usual neste meio, André expande um conceito que tem trabalhado nos seus vários projectos: longos trechos de música escrita e orquestrada pelos vários instrumentos, intercalados com momentos de improvisação por parte dos músicos brilhantes que o acompanham.”

José Duarte

‘Promessas’ é a estreia de André Duarte

Começou a estudar música aos seis anos com guitarra clássica e formação musical. Agora, aos 21 anos de idade, o cucujanense André Duarte prepara-se para embarcar numa carreira musical, apresentando o seu single de estreia, ‘Promessas’, que conta com produção de Diego Miranda e Victor Wao.

Sobre esta estreia, que rapidamente se identifica como parte do universo da pop eletrónica mais comercial e introspetiva, o artista conta o seguinte sobre a inspiração para a canção. “Comecei a escrever na adolescência, quando estava a descobrir ainda quem eu era enquanto pessoa, enquanto artista, o meu lugar na sociedade e como o meu lugar é onde eu quiser que seja. Portanto, sim, sinto-me bastante confortável a expor um bocadinho do que vivi e do que senti. Afinal de contas, é quem eu sou e tenho a certeza que milhares de outras pessoas passaram por situações semelhantes ou já se sentiram da mesma forma em algum momento das suas vidas”. Vejamos o que há mais para oferecer do artista no futuro, rumo a um possível EP ou LP.

– Miguel Rocha

Branko junta-se a ÉLLÀH para nos dar ‘NAFÉ’

‘NAFÉ’ é mais um avanço de OBG, próximo álbum de Branko, pronto a sair no dia 8 de abril e que conta com a participação de ÉLLÀH.

Música, como arte que é, proporciona muitas das vezes ambientes contraditórios. Prova disso mesmo a nova música de Branko – e muito honestamente, todos estes últimos singles também, – que nos chega numa época tão fria, com temperaturas baixas, especialmente à noite, quando esta é tão quente e fogosa.

Em termos instrumentais, entrega exatamente aquilo que temos em mente quando ouvimos o nome Branko, mas é o necessário para a cabo-verdiana ÉLLÀH, nome com que se veste Ellah Barbosa, entregar uma infetante e deliciosa performance que promete fazer balançar a nossa cabeça ao ritmo do vento quente que esta música larga. É mais um single que aquece o próximo trabalho de um dos melhores produtores a trabalhar no nosso país.

José Duarte

O funk de Da Chick está de volta com ‘Funk You Want’

‘Funk You Want’ é o novo e efervescente single de Da Chick. Neste seu novo single, é notável que as melodias funk e energia contagiante é algo que marca muito o seu ADN musical, e quando isto é feito de uma forma tão autoconsciente e animada, o resultado só pode ser bom. Tem um tom clássico, e vai buscar ainda ali uns traços de G-Funk trazido à baila pelos scratch’s que se fazem ouvir lá na última secção da canção.

‘Funk You Want’ é puro entretenimento, é simples e tem um daqueles refrões que se cola às paredes do nosso crânio desde o momento que a ouvimos pela primeira vez, sendo reforçado por todas as vezes que a ouvimos, porque, vamos ser sinceros, isto não é música para só se ouvir uma vez, pois não? Com certeza que não.

– José Duarte

O regresso de Domi às origens com ‘Casa’ 

Domi está de regresso com o novo single Casa, o primeiro lançamento deste ano. Como o próprio nome indica, trata-se de uma carta de homenagem à região algarvia, de onde é oriundo.

No final do ano passado, partilhou connosco uma homenagem que fez aos seus pais na forma do tema ‘Ginga do Pai’, agora é a vez de dar destaque às suas origens. “Neste novo single, o rapper fala de forma acutilante e precisa sobre as experiências que tem vivido no Algarve, de onde é e onde vive”, lê-se em comunicado. É uma faixa bem eclética e arrojada que se sobressai pelo flow e pelo esplêndido jogo de palavras de Domi, reflexo da vasta liberdade criativa e artística do intérprete. Falemos também da perfeita transição de uns versos cheios de ritmo para um refrão formidavelmente sereno que também nos deixa com “borboletas na barriga”. Domi, que se diz um “assumido discípulo da old school”, é claramente um nome a fixar no panorama do hip-hop nacional.

‘Casa’ foi escrito por Domi com música de SUPA DUST MAN, tendo sido produzido por CharlieBeats. O videoclipe que acompanha o novo single conta com a realização de Uzzy e “mostra na perfeição a viagem que Domi faz pelas vivências que teve na sua terra natal”.

Ana Margarida Paiva

‘Pele Nossa’ é a estreia arrojada de donaranha

‘Pele Nossa’ é o nome do single de estreia de donaranha, dupla formada por Luca Lencart e Leonor Cunha.

Esta faixa apresenta um jogo de instrumentos fenomenal entre uns belos riffs de guitarra e uma bateria potente, mergulhando com toda a força no indie rock. Para embelezar ainda mais esta canção, somos surpreendidos por uma voz feminina bem robusta e toda ela expressiva. ‘Pele Nossa’ apresenta uma lírica melancólica e amargurada que nos guia a um refrão angustiante, mas profundamente poderoso e que fica facilmente no ouvido, acabando por se tornar o hook principal.

Não sabemos o que está mais por vir por parte deste duo com bases na cidade do Porto, mas com esta criação garantem que não estão aqui para brincar, mas sim para arrasar.

– Ana Margarida Paiva

Filipe Karlsson convida-nos a dançar de ‘Madrugada’ e não só

Madrugada é o novo single do músico luso-sueco Filipe Karlsson, que antecipa o terceiro EP. O membro dos Zanibar Aliens estreou-se a solo em 2020, em pleno ano pandémico, com os curta-durações Teorias Do Bem Estar e Modéstia À Parte. Não foi por acaso que o elegemos como um dos artistas revelação desse mesmo ano.

Estamos perante uma canção disco pop recheada de groove que traz à tona sonoridades dos anos 70 e 80, mas com um toque moderno e extremamente positivo de pop sueco pelas mãos do intérprete. ‘Madrugada’ é um convite para dançar e tirar os pés do chão, tanto em madrugadas como em luscos-fuscos. Esta nova criação, que conta com a autoria de Karlsson, vem acompanhada por um hipnotizante teledisco realizado por Guilherme Proença.

O músico luso-sueco continua a espalhar boas energias com os seus versos e melodias bem orelhudas, provando que é um nome a não esquecer durante os próximos tempos. Mãos Atadas é o título do próximo EP que completa a trilogia de curta-durações de Filipe Karlsson. O projeto tem data de lançamento marcada para o dia 6 de maio.

– Ana Margarida Paiva

Dandruff é o energético novo disco dos Fugly

“Queríamos marcar a diferença neste álbum e mostrar uns Fugly diferentes”. Foi assim que, em entrevista ao Espalha-Factos, Pedro Feio, vocalista e guitarrista dos Fugly, banda portuense formada ainda por Rafael Silver, Ricardo Brito e Nuno Loureiro, descreveu o novo disco do grupo, Dandruff, o sucessor do muito bem conseguido Millennial Shit, de 2018.

Fugly - Dandruff
Fotografia: Divulgação

Aquilo que Pedro Feio nos indicou tem base em matéria de facto. Em Dandruff, ouve-se uns Fugly a evoluírem a partir da base criada nos seus trabalhos anteriores. Soam mais maduros e mais introspetivos (fruto de envelhecer, talvez?), mas sem perder nenhum do bom humor – bem que gostamos de ouvir ‘Music’ para, pelo menos, sorrir um bocadinho – e da energia que tanto caracteriza a banda, como se ouve bem em faixas como ‘Old Age Mutant Sewer Punks’ – mais próxima do punk – ou ‘Mom’ e ‘Space Migrant’, mais próximas do rock de garagem suado que os Fugly nos habituaram (tanto em palco, como em estúdio).

Neste novo longa-duração, abre-se também espaço nos Fugly para momentos mais experimentais e fora da caixa para o grupo, como o noise pop de ‘Sober’ ou ‘Wasteland’, que em momentos, lembra ligeiramente bandas como Biffy Clyro nas suas dinâmicas de composição. Momentos como o de ‘Sober’ ou ‘Wasteland’ ajudam a elevar a qualidade de Dandruff, que em suma, se apresenta como um sucessor digno de Millennial Shit, pronto a colocar-nos a dançar e a moshar em toda a sua extensão. Que bem precisamos dessa energia de momento.

Miguel Rocha

Nerve, Keso e Russa dão o pontapé de saída para projeto de homenagem a Sérgio Godinho

Celebrar Sérgio Godinho nunca é demais e em 2022 vamos ter mais um capítulo para as suas efemeridades com o projeto SG Gigante, uma “coleção de temas clássicos reimaginados e reinventados para as novas gerações” imaginada por Capicua. O primeiro avanço deste projeto é a reimaginação por parte de Nerve, Keso e Russa de ‘Que Força É Essa’, faixa de Os Sobreviventes, disco cujo 50.º aniversário dá o mote para a existência deste SG Gigante.

É o “sacana nervoso” que abre as hostilidades desta “nova” versão de ‘Que Força É Essa’, apresentando um verso que emana liberdade à Nerve, levando-nos até ao refrão, onde Keso – responsável pelo belo instrumental desta faixa – rouba o testemunho com os seus graves característicos, passando-o finalmente a Russa, que fecha a faixa com chave de ouro, numa das mais pujantes demonstrações de liberdade, sem papas de língua, ouvidas nos últimos tempos.

Ao longo das próximas semanas, até ao dia 23 de abril, vão ser dados a conhecer, semanalmente, novos singles de SG Gigante em que se cruzarão vários os caminhos entre “alguns dos maiores e mais aclamados nomes da cena hip-hop e não só em sentidas recriações de uma série de indiscutíveis clássicos da obra do gigante Sérgio”, como é indicado em comunicado à imprensa.

Miguel Rocha

‘Aquário’ antecipa o disco de estreia de Malinwa

É com o nome de Malinwa que Hugo Santos se apresenta no mundo da música. O jovem leiriense prepara-se para lançar o seu disco de estreia, 1997, revelando uma pequena amostra com o primeiro single de avanço, Aquário.

De olhos fechados e ouvidos bem abertos, bastam apenas os primeiros versos para revisitarmos os recentes tempos apocalípticos marcados pelos sucessivos confinamentos. Esta premissa faz ainda mais sentido quando descobrimos que ‘Aquário’ foi escrito há dois anos, no início da pandemia. É uma canção que “retrata o isolamento angustiante a que muitos foram sujeitos, levando à descoberta de características que sempre foram nossas, sem que até então tenhamos dado por elas”.

Facilmente abraçamos este som que se revela uma belíssima faixa introspetiva e um tanto transcendente, juntando a vitalidade do indie com o shoegaze, sempre com uma estética lo-fi bastante desafiadora. Se puxarmos um pouco pela imaginação, em certos momentos, podemos ouvir uns Cigarettes After Sex. Este primeiro cartão de visita transpira, sem sombra de dúvidas, ousadia e é desta forma que Malinwa se revela uma brisa de ar fresco no universo da música independente. Complementado com um vídeo minimalista, ‘Aquário’ conta com a magia de Pedro de Tróia na produção, Adriana Lisboa na gravação e mistura e Tiago de Sousa na masterização.

1997 ainda não tem data de lançamento marcada, mas é certo que vamos ficar muito atentos aos próximos passos deste artista que, com certeza, tem um futuro brilhante à sua espera.

– Ana Margarida Paiva

Mirai lança ‘Shaqui’ de surpresa

‘Shaqui’ é mais um resultado da fusão entre Mirai e Osémio Boémio, contando ainda com as mãos de Skitto na produção.

Depois de no final do ano passado nos ter entregue o EP Bohemian Trapsody, que conta com a produção de Osémio Boémio, Mirai volta a juntar-se ao produtor e continua a explorar campos do hip-hop, sendo o seu carisma e personalidade, aspetos consistentes e transversais seja qual for o género que ele embarca. Desta vez, o drill acaba por ser a embarcação na qual Mirai navega, viajando até ao que se faz pelo nuestro hermano Morad, especialmente quando o rapper lisboeta usa o espanhol para adicionar sabor ao seu novo single.

– José Duarte

Odete regressa acompanhada de Paul Marmota

Depois ter apresentado The Consequences of a Blood Language, um dos discos que marcaram o nosso 2021, Odete está de regresso com uma nova faixa, ‘EXTRAÑO’, criada em colaboração com Paul Marmota (Bad Gyal), um dos produtores mais conceituados do underground club da América Latina.

‘EXTRAÑO’ tem vários elementos sónicos que lembram o art pop desconstruído a ouvir-se em The Consequences of a Blood Language. A faixa é povoada por uma ambiência etérea fantasmagórica, onde toques de industrial são utilizados para quebrar barreiras de género, e ao mesmo tempo, introduzir elementos de transcendência que tornam a faixa num verdadeiro ritual sonoro, onde os cânticos que se ouvem são como chamamentos às profundezas da essência de criar. Em suma: é uma beleza assustadora que vale a pena ouvir, nem que seja pela icónica colaboração entre Odete e Paul, que esperamos ter o prazer de voltar a ouvir no futuro – que não seja uma cena de um momento só.

– Miguel Rocha

‘Vem à Terra Ver’ é o novo single de Rita Dias

Na descrição do Youtube de ‘Vem à Terra Ver’, podemos ler: “Se deus existe e se está no meio de nós, por que motivo tanta revolta, tanto orgulho, tanta luta, tanta ostracismo, tanta violência, tanta perda?”. Estas palavras de Rita Dias podiam ser daquelas citações poéticas que ficam bem em qualquer comunicação para um novo single, mas é apenas necessário alguns segundos para ser óbvio que estas palavras tiveram um propósito mais fidedigno do que uma mera descrição catita.

É com o acompanhamento de umas guitarras portuguesas e uma atmosfera, que em temática, puxa uma ambiência catártica, que com vigor e muita beleza poética, Rita Dias nos entrega esta letra tão potente e emocionante, que tão bonita que fica, com a sua performance vocal exemplar. ‘Vem à Terra Ver’ é o segundo avanço do novo disco da artista, Morremos tanto para crescer, a ser lançado no próximo dia 25 de março.

– José Duarte

‘May’ é o segundo avanço do EP de estreia de Sam Tiles

Depois de ter revelado ‘D(e)ad’, faixa que dá nome ao seu EP de estreia, o jovem tomarense Samuel Luís, que no mundo da música dá-se a conhecer a solo por Sam Tiles, apresenta agora o segundo avanço desse projeto, ‘May’. A faixa conta com colaboração no baixo de Eduardo Pinheiro e com coprodução de Rita Onofre.

Se ‘D(e)ad’ já nos tinha colocado em sintonia para com Sam, ‘May’ só vem fazer-nos averiguar que temos de fazer mais do que simplesmente ter este nome debaixo d’olho. Perdida algures entre o downtempo e o trip-hop, com uma dose de pop eletrónica à mistura, ‘May’ é uma faixa cativante que nos vai encantando com cada um dos seus segmentos. Nos versos, somos abraçados por uma onda de suavidade de trip-hop – a fazer lembrar algumas das produções de b-mywingz -, nos refrões somos espantados pelo surgimento de arpeggios oníricos a cobrir a voz de Samuel, e finalmente, somos acompanhados até ao final da canção por sintetizadores e um belo solo de guitarra que fecha a cantiga em chave de ouro. Para ouvir mais do que uma vez, não haja dúvidas – seja em maio ou noutra altura.

– Miguel Rocha

Storm Factory revelam a sua viagem minimalista homónima de estreia

Storm Factory é o nome do novo projeto artístico que junta Rui Maia (X-Wife, Mirror People) a Giulia Gallina (The Loafing Heroes), que agora apresenta as doze faixas que compõem o seu disco homónimo de estreia.

Storm Factory
Fotografia: Divulgação

Aquilo que se ouve neste Storm Factory é a colisão entre dois universos sónicos que, à partida, podem parecer distantes, mas que na verdade, estão tão próximos que a sua fusão não podia ser mais orgânica. De um lado, as composições neoclássicas e minimalistas de Giulia, e do outro, as experimentações de ambiente e eletrónica que caracterizam o trabalho de Rui Maia a solo.

O resultado final deste “choque” é uma viagem por paisagens que nos vão encantando, soando em momentos mais florestais e etéreas, e noutras mais próximo de uma componente citadina, marcada por toques mais industriais a povoar as composições do grupo. Em ambos os momentos, no entanto, a beleza das criações do duo é inegável, e só por isso, vale a pena fechar os olhos, clicar no play e desfrutar da excursão onírica onde a música dos Storm Factory nos vai transportar.

Miguel Rocha

É o ‘Funk das Winx’ de Submarinho

O produtor da Discos Volta e Meia, Submarinho está de volta aos lançamentos, desta vez com o seu ‘Funk das Winx’, em mais uma demonstração da sua qualidade enquanto produtor. A faixa soa desconstruída e abusiva, bem ao estilo do que ouvimos a ser feito por nomes como Arca, podendo a nossa mente viajar até Iglooghost ou até à a SOPHIE (que tanta falta nos faz). No fundo, quando acabamos de a ouvir, podem surgir várias palavras para a descrever. Mas se tivéssemos de usar só uma, teria de ser sem dúvida a palavra BANGER – em letras grandes porque esta malha merece.

José Duarte