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Jackass Forever
Fotografia: Paramount Pictures

Crítica. ‘Jackass Forever’ dá para matar saudades, mas deixa um vazio

O quarto filme da saga relembrou os velhos tempos, mas deixou a desejar.

O grande ecrã voltou a dar as boas vindas a mais um filme de Jackass esta quinta-feira, dia 10 de março. A questão que se coloca é: será que, 12 anos depois da última estreia, os jackasses mantêm a  essência?

O ano era 1999 e um jovem Johnny Knoxville decide gravar um vídeo em que testa artigos de autodefesa em si mesmo, com Jeff Tremaine por trás da câmara, para escrever um artigo para a revista de skate Big Brother. Ninguém adivinharia que esse vídeo ia dar origem a um programa de 30 minutos da MTV, que se tornou num fenómeno de culto.

Jackass marcou a televisão no início dos anos 2000 e cativou o público de tal maneira que originou vários filmes, documentários e até reality-shows. Knoxville, Bam Margera, Steve-O, Wee Man, Chris Pontius, Preston Lacy, Danger Ehren, Ryan Dun, Dave England e muitos mais marcaram o público com as suas acrobacias, partidas e simplesmente caos em geral.

Com o penúltimo filme, Jackass 3D, lançado em 2010 e com maior parte dos protagonistas nos 40, o futuro de Jackass era incerto. O terceiro filme seria o último, apesar de constantes rumores ao longo dos anos que prometiam o contrário. No entanto, as preces dos fãs foram ouvidas e Jackass Forever estava a caminho.

Com uma introdução épica típica de todos os outros filmes, Jackass Forever capta logo a atenção máxima do público, que não desvanece ao longo do filme. Com as típicas partidas e acrobacias, mas agora gravadas durante uma pandemia, a alma por detrás da série e dos filmes continua lá, mas desta vez um pouco diferente.

Desta vez, a velha guarda abre as portas a novos membros do elenco, contando com novos e jovens talentos, tais como Sean “Poopies” McInerney, Jasper Dolphin – do programa de comédia Loiter Squad -, Zach Holmes, Eric Manaka e a primeira membro feminina da “família“, a comediante Rachel Wolfson. Duas coisas todas estas novas aquisições têm em comum: cresceram como grandes fãs de Jackass e estão dispostos a seguir as mesmas pisadas dos veteranos.

Jackass Forever
Fotografia: Paramount Pictures

No que toca às novas caras, a energia não desilude e integram-se perfeitamente no caos. Os mais velhos Knoxville, Steve-O, Pontius e companhia parecem encostar-se um pouco e deixar maior parte dos feitos perigosos para os mais novos, o que também é compreensível, tendo em conta que, neste filme, maior parte deles já estão nos seus 50. Johnny Knoxville até começou as filmagens com o cabelo preto e literalmente terminou com ele todo branco no fim do filme.

Um aspeto negativo do projeto é a falta e pouco aproveitamento de celebridades. Temos de ter em consideração que estamos no meio de uma pandemia e não é possível estar a juntar muitas pessoas diferentes num projeto tal como antigamente, mas nota-se a falta de “cameos”, especialmente em comparação com os outros. No entanto, das poucas presenças especiais que há, quase nenhuma delas se destaca.

Machine Gun Kelly entra num desafio insosso para ver quem é empurrado mais rápido para uma piscina, enquanto pedala uma bicicleta ligada a uma mão gigante, mas a piada não está la de certeza e Kelly parece apenas um fã a exagerar a sua reação por ter caído numa piscina de água fria. Tyler the Creator também marca presença num desafio – literalmente chocante -, mas o rapper conquista a cena com o bom humor.

Jackass Forever
Fotografia: Paramount Pictures

O lendário skater e participante recorrente Tony Hawk também aparece, mas apenas por cinco segundos na cena de abertura. O comediante Eric Andre, também conhecido pelo talk-show caótico, aparece em várias cenas, contudo, na maior parte delas só para marcar presença e dizer umas piadas, parecendo uma versão bastante controlada do seu verdadeiro eu, que encaixaria perfeitamente com a energia de Jackass.

Apesar do entusiasmo, Jackass Forever parece um pouco vazio, parece que falta alguma coisa. Para os fãs mais dedicados da saga, é claro que faltam ali duas grandes presenças: Ryan Dunn e Bam Margera. Em 2011, Dunn perdeu a vida num acidente de carro que envolveu álcool e excesso de velocidade. A morte do ator causou um grande impacto em toda a família Jackass, que termina o filme com imagens de artigo e a frase “Ryan Dunn Forever”, mas o que mais sofreu foi o melhor amigo Bam, que nunca foi o mesmo desde então, caindo numa espiral de abuso de substâncias ilícitas e álcool.

Vendo o estado do amigo, quando o grupo se reuniu para gravarem o novo filme, fizeram-no assinar um acordo sobre como se manteria sóbrio durante as filmagens. Infelizmente, depois de a equipa o tentar ajudar, visto que alguns até passaram pela mesma situação de dependência, como é o caso de Steve-O, Margera acusou positivo num dos testes e foi forçado a ser removido do projeto. Margera protestou contra os ex-colegas, acusando-os de serem injustos e até recorreu a um processo judicial. No entanto, a equipa manteve a posição, dizendo que apenas queriam o melhor para o amigo e que ele melhorasse.

Jackass Forever
Fotografia: Paramount Pictures

Apesar de Jackass Forever se diferenciar dos outros, quer no positivo como no negativo, o filme continua a cumprir a missão de fazer o público rir e contorcer-se durante uma hora e meia. A essência de Jackass está lá e as saudades dos fãs foram mortas, mas uma pequena nuvem de saudade e falta de duas estrelas deixa o público a sair da sala de cinema com uma pequena tristeza. Dá para matar as saudades, mas não para se tornar mais um clássico e favorito dos fãs.

Mas existem boas notícias. Se Jackass Forever não chegou para matar a “fome”, vem aí uma versão .5. Tal como em Jackass 2.5 e Jackass 3.5, o quarto filme também terá direito a uma espécie de mini sequela com cenas cortadas e uma perspetiva por detrás das cenas. Jackass Forever estreou nos cinemas portugueses no dia 10 de março e Jackass Forever.5 deverá chegar à Netflix num futuro próximo.

Jackass Forever
6.7

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