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Don't Go Gentle - A Film About Idles Porto/Post/Doc
Fotografia: Porto/Post/Doc/Divulgação

‘Don’t Go Gentle’ traz ao Porto/Post/Doc uma narrativa sobre a saúde mental da banda Idles

Don’t Go Gentle – A Flm About Idles, de Mark Archer, é um dos focos da competição Transmission da edição deste ano do festival Porto/Post/Doc, dedicada “à música, movimentos culturais e cultura pop”, a par de outro documentário, Nueve Sevillas, dos espanhóis Gonzalo García Pelayo e Pedro G. Romero. O projeto tem feito sucesso em festivais de música e, segundo Dario Oliveira, diretor do festival, “suscita grandes expectativas no nosso público”.

Entre os bastidores, a plateia e o palco, com planos variados e vibrantes desses diferentes momentos, Don’t Go Gentle – A Flm About Idles conta a história de uma banda que não se carateriza pela gentileza. “Não queremos ser progressivos. Queremos ser instantâneos, queremos ser excitantes, queremos ser assustadores”, autorretratam-se os Idles.

O filme retrata o percurso da banda punk rock britânica ao longo de dez anos, desde o início, em 2009, até à grande apresentação em Glastonbury, em 2019. O grupo composto por Joe Talbot (voz), Mark Bowen (guitarra), Lee Kiernan (guitarra), Adam Devonshire (baixo) e Jon Beavis (bateria) é originário de Bristol, cidade do Reino Unido, da qual reconhecem a “celebração da diferença”, o “senso de comunidade” e “mente aberta” que lhes permitiu singrar.

Don’t Go gentle aborda, em vários momentos, o tema da saúde mental, nomeadamente com a saída de Andy Stewart, guitarrista original da banda, com algumas reações dos restantes membros. “Quando alguém desiste de algo para o qual trabalhas tanto, faz-te questionar o porquê da desistência”, confessam.

O ex-membro da banda explica também os motivos para a saída. “Estava mesmo a afetar-me. Eu tinha ansiedade, tinha ataques de pânico, que nunca tinha tido antes, e a única forma que encontrei de escapar por deixar a banda”, desabafa. A desistência de Stewart é apresentada na trama como um momento triste no percurso da banda. Alguns membros colocaram a continuidade do grupo em causa e descreveram o momento “como acabar com o teu melhor amigo” e perder “um dos melhores”.

Outro momento em que é saúde mental é abordada na longa-metragem é quando o Joe fala sobre o seu distúrbio OCD. “Eu tenho problemas com as coisas não estarem onde deveriam estar. O Bowen é incrível a espalhar as tralhas dele em todo o lado”, confessa o vocalista.

O filme mostra ainda a situação da banda nos primeiros tempos, antes de lançar o primeiro álbum, quando não tinham nada para mostrar, apenas ideias do que queriam fazer. Os Idles lidaram com incompreensão dos que os rodeavam e desabafam sobre isso no documentário: “Ninguém dava nada por nós. A única pessoa que tinha alguma esperança era o nosso manager, Mark. Todas as outras pessoas pensavam que ainda não estávamos prontos”.

O foco do projeto mostra a vulnerabilidade que uma banda de punk rock pesado revela ao desabafar sobre os próprios sentimentos e aprendizagens. “Agora, estou a perceber que não posso negligenciar outras partes da minha vida: a minha vida pessoal, amorosa, a minha saúde mental”, expõe Talbot, no decorrer da narrativa. “Eram coisas que negligenciava antes. Agora entendo que não podes ser um bom artista e ser horrível para ti próprio”, é uma das aprendizagens que o vocalista afirma ter feito.

Em Don’t Go Gentle – A Film About Idles, a banda partilha o próprio segredo: “Sê tu mesmo e não te preocupes tanto sobre o que é ser bem-sucedido”. O filme foi transmitido no Passos Manuel, inserido competição Transmission da edição deste ano do festival Porto/Post/Doc.

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