O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
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Fotografia: Inês Guimarães

CNN Portugal. Inauguração do canal cobriu os Jerónimos de vermelho e branco

Evento contou com a presença de 430 convidados, entre os quais representantes do Estado, a comitiva da CNN internacional e as caras mais famosas da Media Capital

A CNN Portugal já está no ar e chegou à televisão portuguesa com pompa e circunstância. Batiam as 19 horas de segunda-feira (22) e já se acotovelavam no Mosteiro dos Jerónimos a maior parte dos cerca de 430 convidados da cerimónia de apresentação do canal.

Entre representantes do Estado e dos partidos, a comitiva da CNN com as chefias do grupo global, rostos famosos da Media Capital, comentadores, acionistas – e até o Presidente da República e o Primeiro-Ministro -, ninguém faltou à chamada. O Espalha-Factos esteve presente e mostra os bastidores da festa.

O evento de inauguração durou quatro horas e antecedeu, parcialmente, a primeira emissão da CNN Portugal. Às 20h58, o Jornal da CNN, apresentado por Judite Sousa em direto dos estúdios do canal, substituiu nos Jerónimos os discursos de apresentação da administração e parceiros internacionais. Seguiu-lhe no alinhamento da noite um jantar formal e um concerto da fadista Ana Moura.

Vermelho e branco em Belém

O Mosteiro dos Jerónimos vestiu-se com as cores do canal para a cerimónia de estreia. Duas placas vermelhas e brancas, com a insígnia da CNN, ladeiam o pórtico lateral do mosteiro, entrada para o Museu Nacional de Arqueologia, com uma passadeira vermelha a completar o quadro. No interior, um grupo de funcionários vestidos de preto e vermelho indica aos convidados, trajados de gala, por onde devem prosseguir. Poderiam ser facilmente confundidos com hospedeiros e hospedeiras, não fosse a insígnia do canal a marcar-lhes, também, os uniformes.

O caminho é longo até ao enorme espaço coberto onde decorre o evento principal. O grande corredor de estátuas que é o espaço do Museu Nacional de Arqueologia dá lugar à enorme tenda coberta, com uma sala de jantar repleta de velas acesas e um grande palco ao fundo com uma tela onde decorrerá a cerimónia propriamente dita. O espaço está a abarrotar com centenas de pessoas e entre atores, pivôs, comentadores e representantes do Estado, são mais as caras conhecidas que as anónimas: desde Tony Carreira e Pedro Abrunhosa até ao Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar. Sob a luz azul fluorescente, circulam empregados com travessas de canapés.

Rani Raad, presidente do grupo global da CNN comercial, discursa no púlpito. | Fotografia: Inês Guimarães

A voz de Nuno Santos, diretor do novo canal, invade o espaço através da tela, desde os estúdios. Deseja as boas-vindas a todos e congratula os parceiros internacionais da CNN pela partilha de conhecimento e competências com a equipa portuguesa. “Estamos a viver uma aventura extraordinária“, diz, ainda em inglês, “e isto é apenas o começo“. Para logo acrescentar que “[a CNN Portugal] é um canal feito por portugueses e dirigida aos cidadãos portugueses“,  à qual se junta o ADN da “marca global e muito poderosa” da CNN internacional.

Um canal “ao serviço da democracia”

Rani Raad, presidente do grupo global da CCN comercial, ocupa o púlpito. A comitiva internacional que o acompanha, e que conta com executivos do canal e pivôs de renome internacional, dentre os quais o jornalista Richard Quest, senta-se à mesa com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o autarca de Lisboa Carlos Moedas e a Ministra da Cultura Graça Fonseca.

O local em que estamos, o Mosteiro dos Jerónimos”, onde “tantos navegadores engenhosos tiveram a curiosidade para circum-navegar a terra“, expressa algo com que a CNN se relaciona, afirma Rani Raad. “De certa forma, com o nosso espírito pioneiro, também mudámos o mundo“, completa o Presidente, e relembra que a CNN foi o primeiro canal noticioso com emissão 24 horas sobre 24 horas. O Presidente do grupo reafirmou ainda o compromisso da marca com a verdade, relembrando o famoso provérbio português, “a mentira tem perna curta“, mas “que pode correr depressa“.

Rani Raad e Mário Ferreira primem o botão vermelho que, simbolicamente, dá início à primeira emissão da CNN Portugal. | Fotografia: Inês Guimarães.

Também Mário Ferreira, presidente do grupo Media Capital, se pronunciou em discurso, num contrarrelógio contra a emissão que começava às 21 horas. Frisou a abordagem multiplataforma e virada para o digital que o canal pretende ter e relembrou o compromisso de um jornalismo ao “serviço da democracia”, que os interesses privados devem apoiar.

Num tempo em que a verdade e a objetividade são torpedeadas por uma massiva horda de atores que cultivam a falsidade” e que “atentam contra os valores em que assenta o Estado social de direito“, a CNN Portugal pretende ser um garante democrático, afirma o empresário. “Isto é grave quando vemos no nosso país crescerem movimentos radicais organizados, orgânicos e populistas“, acrescenta. No entanto, André Ventura foi um dos convidados presentes no evento.

Novidades, bastidores e um botão vermelho

No púlpito, Rani Raad e Mário Ferreira primem o botão vermelho que, simbolicamente, dá início à primeira emissão da CNN Portugal. O Jornal da CNN, principal noticiário do canal, estreou com uma entrevista exclusiva a João Rendeiroliderou audiências entre os canais informativos, aproximando-se do share da CMTV. O Jornal representa ainda o regresso da pivô Judite Sousa à televisão após dois anos afastada do pequeno ecrã.

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Às 20h58 começou a primeira emissão do novo canal em direto do estúdio. | Fotografia: Inês Guimarães

A CNN Portugal vai importar para o espaço noticioso português alguns aspetos do modelo “americanizado”, como, por exemplo, a presença reforçada de comentário ao longo do dia. Júlio Magalhães, pivô do Jornal da CNN em rotatividade semanal com Judite Sousa, explica esta adaptação de fora ao noticiário principal do canal: um jornal de autor.

Na cultura americana há muito isto, haver um jornal em que os jornalistas apresentam um cunho pessoal, escolhem os próprios convidados” e têm maior domínio sobre o conteúdo, afirma o pivô e radialista do Observador em entrevista aos jornalistas. “Isso vai ser o nosso jornal: diferente das restantes 24 horas de conteúdos da CNN.

Pedro Mourinho, subdiretor de informação da TVI e que agora assume funções transversais na CNN Portugal, afirma que “este é um dia histórico para a televisão portuguesa” e recorda a primeira vez que esteve envolvido na formação de um novo canal – à época, a SIC, que o jornalista trocou em setembro de 2020 pela TVI.

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Pedro Mourinho na cerimónia de estreia da CNN. | Fotografia: Inês Guimarães

“Este já é o segundo projeto em que estou envolvido com um canal de notícias que nasce do nada. Tivemos uma dificuldade adicional que foi manter a TVI24 e a TVI no ar e ao mesmo tempo estarmos a montar [outro canal].” Os últimos cinco meses foram intensos e “houve uma altura em que pensámos que isto seria inatingível”, confessa, em entrevista aos jornalistas.

Uma maior projeção internacional para a informação em Portugal?

O vínculo da CNN a Portugal pode significar, refere Isa Soares, pivô e correspondente da CNN no Reino Unido, uma maior internacionalização da informação portuguesa. Além dos canais privilegiados com que poderá chegar informação do internacional a Portugal, a jornalista expressa o desejo de que o contrário possa suceder. “A minha reportagem [em português] sobre o partido Chega e movimentos de extrema-direita [europeus] vai passar na CNN Brasil”, afirma, em entrevista aos jornalistas. “[Gostava] que este novo canal significasse para nós uma maior ligação ao mundo.

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Inês Castel-Branco e outros membros do elenco de ‘Glória’ também estiveram presentes. “Esperemos que a CNN Portugal faça pela informação nacional o que a ‘Glória’ na Netflix fez pela ficção”, diz aos jornalistas. | Fotografia: Inês Guimarães

Já Pedro Mourinho, questionado pelo Espalha-Factos se o surgimento da CNN Portugal pode ser uma hipótese de melhoria na cobertura do internacional no país, refere que “[a equipa] tem essa responsabilidade, de estar na linha da frente nos assuntos que interessam de facto“. O subdiretor de informação da TVI afirma que vai ser dada no alinhamento da CNN prioridade ao direto e ao espaço de comentário, embora “o direto por si só não [diga] nada e tem de ser complementado.”

A primeira vez que me lembro de ver a CNN foi em 1991 na altura da primeira Guerra do Golfo, em que os americanos entraram no Kuwait para libertar o Iraque e invadiram Bagdade. Nós pela primeira vez presenciamos uma guerra em direto na televisão e vimos como [os jornalistas] se podiam tornar, no fundo, os nossos olhos“, recorda Pedro Mourinho. E espera que a CNN Portugal se possa tornar a referência nacional de qualidade e primazia que representa internacionalmente.

Podes consultar a programação e equipa da nova CNN Portugal aqui.