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Zara Larsson na web Summit 2021
Fotografia: Piaras Ó Mídheach/Web Summit

Web Summit. O futuro da música está a um clique de distância

O último dia da Web Summit focou-se no futuro da música na nova era digital, com o Meta – novo nome do Facebook; a influência cada vez maior do TikTok na descoberta de artistas emergentes; e no crescimento das várias plataformas streaming, como o Deezer.

O palco do Altice Arena recebeu a cantora Zara Larsson para falar sobre os novos concertos que vão surgir no metauniverso. Em julho, a cantora deu um concerto completamente digital, em que os fãs se reuniram num espaço virtual com a cantora e pessoas de todo o mundo. O Zara Larsson Roblox Launch Party contou com mais de um milhão de participantes.

O concerto virtual foi criação da Roblox, empresa que está focada em levar a indústria musical para o mundo Meta. Jon Vlassopulos, Global Head da Roblox, também esteve presente com Zara Larsson na Web Summit para explicar as vantagens desta nova geração para a música. “Acho que o metauniverso vai ser um lugar seguro onde nos podemos expressar e encontrar. A música é o reflexo disso mesmo. Começámos a fazer concertos no metauniverso para unir as pessoas. Foi a oportunidade de unir artistas e fãs em vez de os fazer viajar metade do mundo. Este é o início de um capítulo muito entusiasmante”.

Zara Larsson concorda: “Antes, tínhamos de viajar para várias cidades e dar entrevistas a estações de rádio para tentar convencer as pessoas a ouvir a nossa música. Agora, podemos fazer tudo isso a partir de casa e ter uma conexão emocional com as pessoas”. “Este é o futuro dos concertos. Acho que iria acontecer independentemente da pandemia”, reforça.

O representante da Roblox reforçou a possibilidade de os artistas conseguirem conectar com os fãs sem qualquer barreira geográfica. Agora, o objetivo é trazer cada vez mais artistas de renome para o metauniverso e captar novos talentos. Para além disso, prevê-se conseguir que o artista consiga ver os fãs na audiência enquanto dá o concerto.

O streaming não vai a lado nenhum

Já há plataformas streaming a querer juntar-se ao mundo da música no metauniverso. Um deles é o Deezer, plataforma de streaming que nasceu ainda antes do Spotify, há 15 anos. “Temos um ADN de inovação”, disse o novo CEO, Jeronimo Folgueira, “o metauniverso tem muito potencial e acho que o Deezer tem de se tornar pioneiro nesse aspeto”.

Contudo, há preocupações maiores para as plataformas streaming do que o Meta. Uma delas é a forma como os artistas são pagos quando colocam música nestas plataformas. A mensalidade que pagamos ao Deezer, assim como ao Spotify, em parte, vai para os artistas mais ouvidos, prejudicando e até excluindo os artistas menos populares.

Por exemplo, o que acontece no Deezer é que sete cêntimos da mensalidade paga pelos serviços da empresa vai diretamente para os artistas. Quanto mais cara for a mensalidade, maior é a receita direta para artistas, defende.

“Acreditamos que o sistema de pagamento tem de mudar. No início, o objetivo era fazer com que a indústria musical sobrevivesse. Agora, é injusto. Os grandes artistas não precisam de mais dinheiro para sobreviverem, mas os artistas mais pequenos precisam. Se dependesse de nós, mudaríamos esse sistema já amanhã, mas nós não pagamos diretamente aos artistas. Temos de pagar às editoras e, depois, elas distribuem pelos artistas”, explica Folgueira. A esta situação agrava-se mais um problema: “As editoras não querem mudar um sistema que lhes serve bem”. 

Para resolver esta questão, a solução não deve passar por regulação governamental, defende o CEO da Deezer. “Eu preferia que os governos não interferissem porque nem sempre eles sabem o que estão a fazer neste caso. A mudança proativa deveria vir da indústria”.

Ole Obermann,  do TikTok, left, e Mark Savage, da BBC em conversa no palco da Web Summit 2021
Ole Obermann,  do TikTok, left, e Mark Savage, da BBC. (Fotografia: Sam Barnes/Web Summit)

A Magia do TikTok

O TikTok – antigo Musica.ly – tem tido um impacto enorme na redefinição da indústria musical. Por isso, o Global Head of Music do TikTok, Ole Oberman, esteve presente na Web Summit para falar com Mark Savage, correspondente de Música na BBC. Graças ao TikTok, músicas tornam-se virais, de artistas emergentes que as lançaram na app; artistas mainstream; ou até bandas que se separaram há décadas.

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Dada a influência da app, já há artistas a criar músicas especificamente para que sejam partilhadas na app. Os vídeos da aplicação têm cerca de 30 segundos e as músicas têm de ter algo que as torne viciantes para serem populares. Também é preciso transferir o drop que sempre existiu nas músicas para as que são adaptadas ao TikTok.

A empresa está constantemente atenta às músicas que são populares no momento e o algoritmo escolhe o que cada utilizador vê no feed, chegando mesmo a sugerir canções para serem usadas como conteúdo. Para além disso, a empresa está em constante comunicação com artistas. Recentemente, o TikTok está a lançar o Sound On, uma “porta de entrada especial” na app para que os artistas emergentes descubram a sua audiência.

Mas, Oberman aconselha a que os artistas vejam o que “está a dar” na app e consigam fazer música que vá nessa direção. Ou, no caso de serem artistas já estabelecidos, que fixem a audiência primeiro com músicas mais antigas e, depois, lhes apresentem músicas novas, como fizeram os ABBA.

“Não queremos que o TikTok se torne um serviço editorial, mas o que a comunidade quiser”. Para Oberman, “a magia do TikTok” é que as gerações mais novas podem descobrir músicas que foram populares décadas antes de nascerem, enquanto descobrem artistas novos.

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