A 15.ª edição do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa chega ao fim esta segunda-feira (13) e já foram revelados os vencedores das categorias a prémio. O realizador Luís Costa vê a curta O Nosso Reino em grande destaque, ao conquistar o prémio de Melhor Curta de Terror Portuguesa e também o Méliès d’argent para Melhor Curta Europeia, numa decisão inédita dos júris do festival.
Um dos grandes objetivos do MOTELX é, como explicam os diretores, João Monteiro e Pedro Souto, ao Espalha-Factos, sublinhar a importância crescente e o desenvolvimento do género do terror em Portugal. A prová-lo está a qualidade, apesar dos recursos tão limitados, da secção de Melhor Curta de Terror Portuguesa, bem como o facto de, pela primeira vez, o mesmo filme ser distinguido na secção portuguesa e estrangeira.
O Nosso Reino, de Luís Costa, é assim o grande vencedor, na edição de 2021, do maior prémio atribuído a curtas-metragens a nível nacional, no valor de cinco mil euros. “Numa vila onde o tempo e o espaço estão a esgotar-se, uma criança habita no vórtice da morte” é a sinopse da curta-metragem baseada no livro O Nosso Reino de Valter Hugo Mãe. A produção ficou a cargo de Rodrigo Areias e do elenco fazem parte Afonso Lobo e António Júlio Duarte.
A distinção dupla foi decidida por um painel de jurados composto pela atriz Sónia Balacó, pelo produtor Josh Waller e pelo vice-presidente de aquisições e coproduções globais da plataforma streaming Shudder, Emily Gotto. Segundo a organização do festival, “apesar da grande qualidade dos filmes em competição”, o júri acabou por decidir, nas deliberações finais, por apenas um vencedor salientando “a sua cinematografia etérea e a escrita e realização que revelam confiança e graciosidade, no que é uma viagem às sombras da infância e aos primeiros encontros com a morte”.
Melhor Longa de Terror Europeia para Lee Haven Jones e menção honrosa ao trabalho português

O Prémio MOTELX – Melhor Longa de Terror Europeia foi entregue à longa-metragem The Feast, do realizador galês Lee Haven Jones. Esta decisão partiu do júri composto pela atriz e realizadora Ana Moreira, a artista plástica Adriana Molder e o realizador Diego López-Fernández e baseou-se na ideia de se tratar de um “filme que nos prende desde o início através de uma imagem impactante, destacando-se o domínio do tempo pelo realizador, que constrói através da música uma composição envolvente e precisa”.
Um Fio de Baba Escarlate, a única longa-metragem portuguesa em competição, recebeu também do júri uma menção honrosa, “pela sua aposta autoral na execução: filmada sem diálogos, em formato 4:3 e reconstruído o género slasher com base nas redes sociais”. O filme é da autoria de Carlos Conceição e fazem parte do elenco Matthieu Charneau, Joana Ribeiro e João Arrais.

Para além do trabalho nacional, recebeu ainda uma Menção Especial do júri, na competição internacional, The Thing That Ate The Birds, de Sophie Mair e Dan Gitsham. A curta-metragem britânica conta a história de um encarregado de caça que fica obcecado com a tarefa de apanhar uma criatura que está a matar todos os pássaros valiosos na sua propriedade. O Prémio do Público é atribuído, por sua vez, a Bloody Oranges, de Jean-Christophe Meurisse.
Nas sessões finais da edição deste ano do MOTELX, que decorrem esta segunda-feira, é possível rever os filmes vencedores e também Black Medusa, de Ismaël e Youssef Chebbi, bem como The Sadness, de Rob Jabbaz, grandes destaques do festival. Apesar da pandemia, esta edição marcou um quase retorno total à normalidade e viu um Cinema São Jorge repleto de público e muitas das sessões esgotadas, algo que pode provar que o cinema de terror não é de nicho. O festival de cinema lisboeta regressa em 2022.