O Dia Mundial da Fotografia, celebrado a 19 de agosto, teve origem em França onde, em 1839, o daguerreótipo foi apresentado em Paris por Louis Daguerre. Nascia assim o primeiro processo fotográfico que mudou para sempre a forma como interagimos com as nossas memórias.
Para celebrar esta efeméride, o Espalha-Factos falou com o artista luso-descendente Sébastien de Oliveira, que tem vindo a dar cor e a aproximar-nos das imagens de antigamente, e tentámos perceber quais as motivações, inspirações e desejos para o seu trabalho, que ganha agora uma maior repercussão através do Instagram.

Sébastien Oliveira é filho de pai português, que emigrou para França em 1965, e mãe francesa e tem três irmãos. Nasceu em Chartres e estudou Belas Artes em Orleães. De França, saiu para Milão, onde viveu entre os anos de 1997 e 2004. Trabalhou como arquiteto, ilustrador e assistente de um famoso ilustrador de moda. A cor, os desenhos e a noção estética sempre o acompanharam.

Regressado a França, foi viver para Paris e começou a editar fotografias para a indústria da moda. Ao longo de todos esses anos, Sébastien ocupava os seus tempos livres com a paixão de fotografar e revelar fotografias a preto e branco.
Sem dar conta, o ilustrador transformou-se num colecionador de fotografia, fossem negativos encontrados em casas de amigos ou imagens obtidas através da Biblioteca do Congresso dos EUA, de acesso livre, começando a juntar uma série de memórias e a dar-lhes cor através de um processo de edição minucioso. Em pouco tempo, esta paixão passou a ser bem mais que um hobby.

Este trabalho de colorização, cada vez mais apreciado e visualmente deslumbrante, é bastante recente, e só há seis anos é que começou a ser partilhado pelo lusodescendente na sua página de Facebook. Segundo o próprio, no início propôs-se o desafio de publicar uma fotografia por dia, e manteve esse ritmo durante cerca de ano e meio.
Mas, através dessa rede social, sentia que o seu trabalho estava circunscrito a amigos e família, e aí surgiu o desejo de ir Por isso, criou a sua primeira conta no Instagram, com resultados praticamente imediatos. O seu trabalho foi encontrado e partilhado pela página History in Color, com 759 mil seguidores, e o sucesso começou a surgir. Hoje, a sua conta, criada há apenas quatro meses, tem já cerca de 5 mil seguidores.

Quais são as imagens escolhidas? Essencialmente, até pela facilidade de acesso às mesmas, identificamos no seu trabalho, maioritariamente, fotografia dos Estados Unidos da década de 1940 e 1950 porque, segundo o ilustrador, “o processo de colorização faz todo o sentido nelas, transforma-as num filme e a relação com o cinema está muito presente no meu trabalho”. Confessou-nos ainda que tem como referência o trabalho da Technicolor, marca norte-americana responsável pela colorização de filmes, e revela que iniciou a sua aprendizagem através da curiosidade pelo estudo do autochrome, processo de fotografia colorida desenvolvido e patenteado pelos irmãos Lumière no início do século XX.

Questionado sobre os objetivos do seu trabalho, afirma que não faz “colorização com um objetivo educacional, mas como um ato artístico” e considera que “se conseguir contribuir para uma maior visibilidade das imagens antigas às novas gerações, ficarei feliz!”