A batalha judicial entre Scarlett Johansson, atriz e produtora de Viúva Negra, o mais recente filme da Marvel, e a Walt Disney Company está longe de arrefecer. David Petrocelli, advogado de longa data da Disney, explicou à Variety que as exigências da atriz estão para lá do que ficou acordado como o estúdio, descrevendo o caso como uma tentativa falhada de forçar a gigante multinacional a assinar um cheque.
“É óbvio que isto é uma cilada de relações públicas para tentar chegar a um acordo que não é possível”, explicou o advogado à Variety, argumentando que “não existe pressão pública suficiente que se sobreponha a um compromisso explícito assinado com um contrato”.
Petrocelli argumenta que Johansson acordou com a Disney que Viúva Negra seria exibido num mínimo de 1500 ecrãs, sendo que, apenas nos Estados Unidos, o filme atingiu a meta dos 9 mil ecrãs, e dos 30 mil numa escala mundial.
O advogado salienta que o lançamento híbrido do filme, ou seja, uma estreia nas salas de cinema e no serviço premium da Disney+ seria a melhor forma de avançar com Viúva Negra, por causa da pandemia de covid-19. É aqui que se prende o desacordo entre a atriz e o estúdio, pois Johansson argumenta que este lançamento híbrido do filme prejudicou as suas chances de receber um bónus de compensação justo pelo seu trabalho, enquanto Petrocelli diz que a receita do serviço premium entra para as contas da Disney da mesma forma que os números da bilheteira. “Isto só veio ajudar a situação económica da senhora Johansson”, conclui Petrocelli.
Do outro lado da barricada, Gabrielle Carteris, presidente do Sindicato de Atores, que pertence à Federação Americana de Artistas de Televisão e Rádio, emitiu na sexta-feira um comunicado extenso sobre o caso judicial que envolve a Disney e Scarlett Johansson, apoiando a atriz.
“Scarlett Johansson está a apontar os holofotes para as formas impróprias de compensação determinadas pelos estúdios, agora que os meios de distribuição mudaram. Ninguém, em qualquer área de trabalho, devia ser surpreendido com uma redução de um bónus de compensação. A ‘Disney’, assim como outras empresas, está a ter receitas que a permitem recompensar o trabalho daqueles responsáveis pelas mesmas”.
O comunicado de Carteris continua com uma nota sobre a desigualdade de géneros em Hollywood, salientando que “as mulheres têm sido vítimas na desigualdade de salário durante décadas e saem prejudicadas com comunicados como aqueles que foram publicados pela Disney”.
O advogado de Johansson, John Berlinski, também caraterizou o comunicado publicado pela Disney, como resposta ao processo da atriz, como uma tentativa de “bullying misógina” e um “ataque pessoal”.