Há um ano, Cristina Ferreira fechou, sem avisar, as portas da sua ‘casa’ para regressar à estação que tinha abandonado dois anos antes. A SIC teve apenas 48 horas para organizar o novo espaço das manhãs, o Casa Feliz, que tem conseguido manter a liderança que tinha recuperado com a chegada de Cristina.
Foi no dia 17 de julho de 2020 que Cristina Ferreira surpreendeu todos os que a seguem, ao terminar o vínculo contratual que mantinha com a SIC, fazendo o percurso inverso, de regresso a Queluz de Baixo. Pouco depois das 10 da manhã da segunda-feira seguinte, 20 de julho, rodava pela primeira vez o genérico de Casa Feliz e surgia uma imitação da ex-apresentadora da casa, personificada pela atriz Joana Pais de Brito.
Na primeira emissão do formato, a atriz voltou a dar vida a Cristina Ferreira, para encarnar a despedida da apresentadora à estação. A atriz, depois de desmascarada pela nova dupla de apresentadores, abandonou o cenário do programa com uma emotiva mensagem de despedida: “Eu vou-me embora, mas se for preciso algum dia voltar a fazer de Cristina Ferreira, eu ainda sei onde está o Piruco“.
A mesma receita, uma nova dinâmica
Com apenas um fim de semana pelo meio da transição, a Direção de Programas do canal, encabeçada por Daniel Oliveira, viu-se obrigada a reunir novos elementos para continuar com um formato forte nas manhãs. Como avançado na altura pela revista Flash!, da equipa de O Programa da Cristina saíram, entre outros, o realizador João Patrício e o diretor de produção André Manso, que passaram depois a configurar a equipa da Direção de Ficção e Entretenimento da TVI, liderada por Cristina Ferreira.
Daniel Oliveira apostou em juntar dois dos elementos que integravam, desde o final de junho, a condução do formato popular Domingão: João Baião, já habituado às lides do daytime, e Diana Chaves, que se estreava no horário. “Se eu senti que ia ser logo capaz? Não, de todo, achei que não era capaz mesmo“, contou a apresentadora, no final de 2020, em entrevista ao Espalha-Factos.
“Há uma coisa que eu sei, eu não viro as costas a um desafio, e se as pessoas que percebem de TV confiam em mim e me foram buscar, é porque acham que eu sou capaz. Eles percebem mais do que eu e eu vou confiar na sabedoria deles“, continuou. Já João Baião classificou a então nova aposta como “um desafio grande, inesperado e repentino“, numa entrevista recente à TV Mais.
“Tenho na minha memória o telefonema do Daniel Oliveira naquela sexta-feira [17 de julho de 2020]. Estava em Monte Gordo de férias na praia com a família. E naquele momento pensei: ‘Vamos lá. Logo se vê’. E, passado um ano de programa, faço o melhor balanço possível. Nunca nos meus sonhos teria imaginado que seria tão feliz a fazer isto“, recordou Diana Chaves. Sobre a nova dupla, João Baião afirmou: “Temos descoberto que somos a companhia perfeita um do outro. Há coisas que não se conseguem explicar, que acontecem naturalmente“.
Na sua estrutura, Casa Feliz herdou a receita que vinha já sendo seguida no matutino de Cristina Ferreira e que a mesma salientou, na estreia de Cristina ComVida: “Uma primeira parte mais disparatada, digamos assim, onde tudo podia acontecer. Uma segunda parte com histórias de vida mais intensas e depois tínhamos a terceira parte que era dedicada à atualidade“.
O formato estreou com pequenas alterações no cenário, como a retirada dos quadros com retratos da apresentadora, tendo conhecido uma nova roupagem no dia 6 de outubro, dia de aniversário da SIC.
Casa Feliz ajuda na liderança mensal
A primeira emissão do renovado programa das manhãs contou com vários convidados, grande parte deles a serem prata da casa: Cláudia Vieira, Conceição Lino, Júlia Pinheiro, Carolina Loureiro. Com 523 mil telespectadores em média, o formato apresentado por Diana Chaves e João Baião garantiu uma audiência média de 5,5% e 24,6% de share, tendo liderado de forma destacada durante o seu período de exibição.
Em comparação com a média anual de O Programa da Cristina – que terminou 2020 com uma média de 5,1% de rating e 24,9% de share –, Casa Feliz assegurou uma subida de audiência média no seu primeiro programa. No dia 28 de abril, o programa marcou o melhor resultado de sempre em termos de quota de mercado. O programa liderou do princípio ao fim, tendo fechado com uma média de 4,7% de audiência média e 26,6% de quota de mercado. No último minuto de emissão teve um pico de 9,8% de audiência e 35,2% de share.
No balanço final de junho (o último mês do ano completo), Casa Feliz manteve a liderança nas manhãs da SIC e vai com uma média de 21,1% de share no total anual, contra 19,5% do concorrente Dois às 10, que entrou em quebra acentuada desde abril.
A SIC está em clara vantagem no marcador do total diário e acumula uma média de 19,7% de share ao longo de 181 dias. A rival TVI está a 2,6 pontos percentuais de distância, com 17,3% de quota de mercado. Em destaque estão os blocos 12h30-13h (27,4%), 13h-13h30 (30,1%), 13h30-14h (28,0%), que continuam a ser o período mais forte de qualquer canal em todo o dia.
João Baião em várias frentes
A assinalar o 28.º aniversário do canal, no dia 6 de outubro do ano passado, Daniel Oliveira dedicou uma mensagem especial aos dois apresentadores nas suas redes sociais. “Como se sabe, a Diana e o João foram chamados, em julho, a encabeçar o mais complexo dos desafios em tv em menos de 48 horas“, começava por recordar o Diretor de Programas do canal.
O responsável sublinhou que os dois “fizeram-no sem hesitações, num espaço e num registo com alto grau de exigência“, tendo resistido “ao desmantelamento e ataque violento a uma equipa que perdeu duas dezenas de pessoas ao longo de 11 semanas e teve de se reconstruir várias vezes durante esse período“.
“A Diana e o João resistiram, com serenidade, a deixar-se influenciar pelo barulho de fundo e procuraram sempre fazer o melhor que era possível em cada momento. A Diana e o João aprenderam em tempo recorde a conhecer-se um ao outro em direto – e que difícil que é essa fusão“, rematou.
Em linha com o “sentido de compromisso com a SIC” referido por Daniel Oliveira, há que referir o esforço de João Baião, que esteve em direto, durante várias semanas, todos os dias: de segunda a sexta-feira com Casa Feliz, aos sábados e domingos de manhã com o Olhó Baião e aos domingos à tarde com o popular Domingão.
Para dar descanso ao apresentador, o formato das manhãs de fim de semana passou a ser apresentado por João Paulo Sousa, Raquel Tavares e Iva Lamarão, tendo chegado ao fim no dia 19 de dezembro. Ainda no início deste ano, João Baião assumiu um novo projeto: é uma das figuras centrais da sitcom Patrões Fora, estreada na SIC a 9 de janeiro, com emissão aos sábados à noite. Atualmente com a segunda temporada em suspenso, a SIC anuncia uma nova temporada de verão para breve.
O apresentador renovou o vínculo contratual que mantém com a estação em julho de 2020. “Congratulo-me pelo seu sentido de responsabilidade e compromisso com o nosso projeto que nos permite um planeamento a longo prazo com a sua honestidade e competência sempre presentes“, disse, então, Daniel Oliveira, diretor geral de entretenimento do grupo IMPRESA.
João Baião é um dos nomeados para Personalidade do Ano na categoria de Entretenimento da 25.ª edição dos Globos de Ouro. Ao lado no leque de nomeados estão também Cristina Ferreira, Filomena Cautela, Ljubomir Stanisic e Vasco Palmeirim.
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Uma casa aberta de segunda a domingo
Se, ao longo dos últimos meses, João Baião tem sido a figura forte do canal, o cenário de Casa Feliz tem servido de ‘casa de todos’, aberta sete dias por semana. O elo de ligação criado entre aquele espaço e os telespetadores tem sido rentabilizado nos mais variados formatos de entretenimento.
Durante a segunda vaga da pandemia, em novembro e dezembro de 2020, o cenário acolheu, aos domingos à tarde, o Domingão em Casa. No dia 9 de janeiro, a ‘casa’ passou a abrir portas, aos sábados de manhã com o formato Estamos em Casa, que promove semanalmente uma rotação de apresentadores.
Com a estreia de Patrões Fora, o cenário de Casa Feliz passou a figurar igualmente no prime time do canal, já que é aí que se passam as peripécias da família Barata, o núcleo central da sitcom das noites de sábado.