O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
Príncipe
Fotografia: Divulgação / Madalena Meneses

À Escuta. Príncipe, Mallu Magalhães e Joana Espadinha são os destaques desta semana

À Escuta, a rubrica semanal do Espalha-Factos que reporta os últimos lançamentos do universo da música portuguesa, está de regresso, como habitualmente, ao sábado (e em dia de anos do grande Chico Buarque). Esta semana, o destaque vai para o novo disco de Príncipe, para o regresso de Mallu Magalhães aos lançamentos e para o novo single de Joana Espadinha. Escuta Príncipe Escuta Príncipe Escuta Príncipe Escuta Príncipe

Fala-se ainda, no campo dos singles, de novas faixas de Ana BacalhauJoão Só, MiramarPaz AtómicaRachel Bangs (single de estreia) Rodrigo LeãoRuff KnightSaiR e o tema original exclusivo de Tiago Bettencourt para a Vogue Portugal. De curtas-duração, apresentamos o EP dos Dúbia, Vaarwell, de NO FUTURE e de Phoebe. Escuta Príncipe Escuta Príncipe Escuta Príncipe Escuta Príncipe Escuta Príncipe

Príncipe apresenta-nos os seus Lugares de Memória

Lugares de Memória é o nome do segundo longa-duração de Príncipe, projeto a solo de Sebastião Macedo. O sucessor de A Chama e o Carvão, de 2017, conta com nove canções originais escritas e interpretadas pelo artista e com a participação de Bernardo Couto, na guitarra portuguesa, e de João Pimenta Gomes, nas modulações e na produção. Escuta Príncipe Escuta Príncipe Escuta Príncipe Escuta Príncipe Escuta Príncipe Escuta Príncipe

Príncipe - Lugares de Memória
Fotografia: Divulgação

De acordo com Sebastião, a criação deste álbum foi um desafio em “termos de som e ambiente”. O trabalho passava por um objetivo de “chegar a certas texturas eletrónicas e ao alcance da intensidade, expansão espacial e presença que só é possível através desse meio, sem usar instrumentos eletrónicos”. O resultado desse desenvolvimento é uma sonoridade que cruza caminhos entre o folk tradicional e a música erudita, conseguindo soar próximo e relacionável, mas sempre com uma componente etérea e ambiente a espreitar.

A influência de Noiserv faz-se notar nesse trabalho desenvolvido para os instrumentais e a influência de Salvador Sobral ou Tiago Bettencourt faz-se notar nas performances vocais, que vão desde sensíveis e minimalistas até grandiosas, mas sempre de acordo com o instrumental apresentado. O que acaba por ser criado, com a junção destes elementos todos, é uma experiência algo nostálgica que, quando combinada com as líricas de Sebastião, soa a um relato do passado, a uma pequena viagem por esses tais lugares de memória que o título do álbum invoca.

Mallu Magalhães enche-nos de Esperança no seu regresso aos discos

Mallu Magalhães está de regresso. A cantautora brasileira revelou esta semana (de surpresa) o seu quinto disco de estúdio, Esperança. O sucessor de Vem, de 2017, conta com produção de Mário Caldato Jr e da própria Mallu Magalhães.

Nas suas redes sociais, Mallu, ao anunciar o lançamento de Esperança, explicava que já estava há “um ano e meio” à espera de “um bom momento para lançar este álbum”. A artista indicou que “não via sentido em fazer nada muito menos lançar um trabalho” devido ao impacto da pandemia da Covid-19, mas que agora, com o surgimento de um “pequeno brilho ao fim do túnel”, “pareceu apropriado e condizente com essa virada de mesa do mundo” escolher o “agora, de repente” para revelar Esperança ao mundo.

E este é um trabalho que nos enche de esperança. A voz suave e melosa de Mallu Magalhães (e como sentimos falta dela!) vai-nos guiando pelas faixas do disco, que vão desde os sambinhas já característicos da artista, até aos momentos mais próximos do surf rock, da tropicália e da bossa nova. Tudo isto sempre com uma sensibilidade pop à mistura e capaz de fazer sobressair as histórias que Mallu vai contando. Este é um disco que nos faz dançar mas que também nos leva a parar e refletir um pouco, que nos leva a desfrutar do momento tal como é. Às vezes vale mesmo a pena parar tudo e deixar que a Esperança entre dentro de nós. E olhem que ela traz o verão com ela!

Joana Espadinha apresenta o lado mau das relações em ‘Mau Feitio

Mau Feitio é o nome do segundo avanço do próximo longa-duração de Joana Espadinha, Ninguém Nos Vai Tirar o Sol. A faixa foi produzida por Benjamim (que também oferece contribuições nos sintetizadores e percussão) e conta com colaboração de João Firmino nas guitarras, Margarida Campelo nas teclas, Francisco Brito no baixo e Nuno Sarafa na bateria.

Neste seu novo single, Joana apresenta uma canção pop praticamente perfeita. Canta-se sobre aquele mau feitio que que temos, cada um, dentro de nós, e que de vez em quanto sai cá para fora. É a história de como este afeta uma relação e de como lidar com isto. Todos podemos relacionar-nos um bocadinho com esta música, mas com toda a certeza.

E cantar isto numa música que soa alegre e feliz é incrível, porque ajuda a tornar isto ainda mais relacionável. Faz com que soe como algo que acontece a todos – e de facto acontece. O refrão é orelhudíssimo – um dos melhores que Joana já apresentou – e o instrumental, com o seu baixo saltitante e groove, cria uma faixa que é muito dançável. Pop, e da muito boa, está aqui presente.

Ana Bacalhau apresenta pop de autoaceitação no seu novo single Sou Como Sou

Sou Como Sou‘ é o nome da nova canção de Ana Bacalhau. A faixa foi escrita por Alex D’Alva Teixeira e Ben Monteiro e conta com produção de Twins. Sobre esta parceria, a artista refere o seguinte: “Mais serena agora, depois de perceber que sou como sou e que isso é que é bonito e único, Alex D’Alva Teixeira e Ben Monteiro (D’Alva) oferecem-me uma canção que diz tudo o que preciso acerca deste assunto”.

Neste seu novo single, Ana Bacalhau apresenta uma canção pop em que se nota o toque e presença dos D’Alva. É uma faixa divertida no seu instrumental, com um baixo bem presente a guiar-nos pela faixa, e onde a influência do fado também se faz sentir. O refrão é orelhudo e conta com um hook que encapsula a mensagem principal da faixa, que acaba por ser muito pessoal à cantora. “‘Sou Como Sou’ é uma canção de autoaceitação e de libertação de moldes que não nos servem. O seu mote é agora, finalmente, o meu mote: Sou como sou. É assim que me quero e sei que me querem assim como sou. U-ou-u-ou-ou.

Sou Como Sou‘ fará parte do segundo álbum a solo de Ana Bacalhau que será o sucessor de Nome Próprio, de 2017.

Adivinha é o EP de estreia dos Dúbia

Adivinha é o curta-duração de estreia dos Dúbia, quintento almadense constituído por Ana Margarida (voz), Roger Duarte (guitarra e fundador do grupo), Humberto Silva (baixo), Luís Carmo (teclas) e Hugo Raminhos (bateria). O EP conta com mistura, produção e masterização de Wilson Silva.

Fotografia: Divulgação

Este é um EP que, na sua essência, revela uma banda com uma sonoridade já bem definida. A experiência vasta dos seus membros no mundo da música ajuda com essa definição, levando também a que as suas várias influências, que vão desde do metal até ao fado, surjam neste curta-duração, para se misturar com o pop rock do grupo.

Os refrões soam gigantes e orelhudos – como pede o género – com as suas guitarras estridentes e com a voz magnífica de Ana a sobressair pelo meio dos instrumentais – há uma certa aura de Marisa Liz que podemos encontrar em Ana Margarida, tanto em presença como alcance vocal. As faixas soam energéticas e pujantes e isso também contribui para que Adivinha seja um primeiro cartão de visita que vale a pena verificar.

João Só atira a ‘Primeira Pedra‘ como segundo avanço do seu próximo trabalho

Depois de ‘Quem Diria‘, João Só revela o segundo single do seu próximo disco de originais. Intitulado de Primeira Pedra, esta sua nova faixa vê-lo regressar ao “rock n roll puro e duro”.

Para quem tem acompanhado a carreira de João Só, sabe da sua capacidade em criar canções orelhudas que cruzam vários universos musicais. Aqui não é exceção. A componente rock de ‘Primeira Pedra‘, de onde a influência de Rui Veloso ou a primeira fase dos The Beatles sobressai, junta-se à sua sensibilidade pop para criar uma faixa que é orelhuda e que carrega em si uma certa nostalgia pelo passado. A lírica comprova esse sentimento e a entrega de João Só traz isso ainda mais para a frente da música.

Sobre este sua nova cantiga, João Só revela o seguinte. “Esta ‘Primeira Pedra’ é a minha história, sem grandes entrelinhas, porque quem me conhece sabe que foi assim que cheguei até aqui”. Complementa ainda, em ato de conclusão: “Aqui vai a ‘Primeira Pedra’, é deixá-la rolar, porque o Rock n Roll continua a insistir em me salvar”.

Primeira Pedra‘ surge acompanhada de um lado B, correspondente a uma cover em estilo rock n roll de ‘Amanhã de Manhã’, das Doce. O álbum do qual ‘Primeira Parte‘ fará parte, Nada é Pequeno no Amor, será lançado em outubro deste ano.

Miramar apresenta-se em uníssono em ‘Brower

Miramar é o projeto que junta dois dos grandes guitarristas do mundo da música portuguesa: Frankie Chavez e Peixe. A dupla apresenta agora o primeiro single do seu segundo álbum, Miramar II, que será editado no início de 2022.

Intitulado de ‘Brower‘, nome que provém do compositor cubano Leo Brouwer, este single é uma faixa que evidencia a química e cumplicidade existente entre os dois músicos. É quase impercetível entender quais dos dois está a tocar o quê, mas os seus estilos fundem-se num só, criando um local de harmonia onde as guitarras brilham em uníssono. É um local belo, este.

Sobre este tema, Peixe explica que surgiu de “uma ideia do Frankie, à qual sobrepus a minha guitarra, tendo como objetivo quase inconsciente tentar que ambos os instrumentos soassem a um só”. O guitarrista dos Ornatos Violeta explica também o desenvolvimento da ideia de tornar as guitarras de ‘Brower‘ a soarem como uma só. “Este ‘Brower’ revela a faceta que mais gozo nos dá: juntar as nossas guitarras, ao ponto de nós próprios já não distinguirmos a parte de cada um”.

NO FUTURE leva-nos à discoteca em FARFALLA

NO FUTURE - FARFALLA
Fotografia: Bandcamp do artista

FARFALLA é o novo curta-duração de NO FUTURE, nome pelo qual se apresenta Ivo Diotato, um dos membros da editora independente Monster Jinx. O artista apresenta três faixas de techno que soam eufóricas e pujantes.

Aqui, as baterias são incessantes, constantemente a empurrar ritmos para cima do ouvinte, e os sintetizadores vão embelezando a coisa, tornando as três faixas em experiências psicadélicas que nos fazem sentir saudades das discotecas noturnas, cuja atmosfera é perfeitamente invocada por este trabalho.

Paz Atómica jogo com sintetizadores em ‘Perto

Paz Atómica é o nome pelo qual se apresenta, a solo, Vítor Pinto. O membro dos Malibu Gas Station e participante habitual do projeto David From Scotland (ambos já com discos lançados este ano) lançou esta semana o seu segundo single, intitulado de Perto.

Apresentada pelo seu jogo impressionante de sintetizadores, ‘Perto‘ é, na sua génese, uma faixa de pop eletrónica, com toques de música house, bem orelhuda. O refrão fica no ouvido sempre que surge e somos constantemente desafios a dançar pelo seu instrumental. Há que manter este projeto debaixo de olho para observamos o que Paz Atómica oferece no futuro.

Phoebe cruza barreiras entre a eletrónica e as texturas do shoegaze no seu novo EP

Fotografia: Bandcamp do artista

if i was simple in the mind, everything would be fine é o nome do novo EP de Phoebe, projeto do produtor leiriense Bruno Trigo Gonçalves. O terceiro EP do cofundador da Troublemaker Records tem mão da Rotten \ Fresh e é constituído por quatro faixas originais e por uma remistura.

Neste curta-duração, Phoebe combina o mundo da eletrónica abstrata – nota-se uma grande influência de música ambiente, new age e drone nesta componente – com as texturas sonhadoras e etéreas do shoegaze. O resultado são faixas que soam algo abrasivas (num bom sentido) em parte mas conseguem soar belas ao mesmo tempo, encarregando-se de nos levar numa viagem por um mundo abstrato e desconhecido que a cada momento nos pode surpreender. E, se alguma vez quiserem descobrir como soam cânticos de futebol usados como sample numa faixa de drone, têm aqui a vossa oportunidade de descobrir.

MAYBE I’M WRONG‘ é o single de estreia de Rachel Bangs

MAYBE I’M WRONG‘ é o single de estreia de Rachel Bangs, nome pelo qual se apresenta a solo Raquel Custódio (Palmers, Bar Lonely).

Nesta sua primeira faixa, Raquel apresenta uma faixa muito virada para o post-punk, com a sua atmosfera espaçosa e fria, habitada por riffs de guitarra com influência de BauhausThe Cure bem presente, e por sintetizadores influenciado pelo goth rock e pela música industrial. As linhas de baixo e bateria marcam o ritmo da música e a entrega vocal de Rachel cruza linhas entre Siouxsie Sioux Florence Shaw, vocalista dos Dry Cleaning, criando um refrão orelhudo marcado por um hook que consegue ficar presente na cabeça depois de o ouvirmos.

Rodrigo Leão anuncia novo disco com ‘Friend of a Friend

Friend of a Friend é o nome do primeiro single do próximo disco de Rodrigo Leão, intitulado de A Estranha Beleza da Vida. A canção conta com voz e letra da cantora-compositora canadiana Michelle Gurevich, que ajuda a conferir uma personalidade extra a esta cantiga.

Tal como muita da discografia de Rodrigo Leão, ‘Friend of a Friend‘ é uma canção que se apresenta como cinematográfica, capaz de criar imagens vívidas de ruas cheias de vida, onde as flores vão brotando à medida que a câmara se vai movimentando pela rua. Rodrigo Leão considera que esta faixa é uma das suas favoritas do disco. “Foi um tema que partiu inicialmente da procura de um ritmo feliz, com alguma influência da música dos anos 50, e que me deu o entusiasmo que procurava para encontrar novas ideias. Remete-nos para um tempo muito diferente do qual vivemos atualmente”, conta o músico lisboeta.

A Estranha Beleza da Vida tem data de lançamento marcada para outubro deste ano.

Ruff Knight mostra o seu R&B noturno em ‘Footprints On The Carpet

Ruff Knight é o nome pelo qual se apresenta Vasco Pires e Footprints On the Carpet, uma faixa que soa a uma “brisa de verão” refrescante que nos vai arrefecendo.

Fotografia: Divulgação

Ou então isto é simplesmente o efeito que a voz suave de Vasco tem no instrumental da canção. As influências de mishlawi estão aqui bem presentes, com a sua junção entre o trap, a pop e um R&B noturno a ajudarem Ruff Knight a pautar a sonoridade desta faixa. O refrão é orelhudo e suave, possuidor de uma melodia sonhadora que ajuda a criar um belo hook. De destacar, também, as harmonias que vão surgindo ao longo da faixa, que ajudam a criar este ambiente sonhador e sedutor que marca esta música.

SaiR cria grooves em ‘Levitation

Levitation é o nome da nova faixa lançada por SaiR, nome artístico pelo qual se apresenta Ruben Allen. Esta é uma faixa de funk nu-disco, povoada por grooves suaves que parecem sair naturalmente com o avançar da música.

Continuam sempre a surgir mais e nós queremos continuar a pedir mais à medida que vamos descobrindo cada momento dos seis minutos e quarenta que compõem a faixa. Os embelezamentos de jazz que vão surgindo permitem, também, que a exploração sonora de SaiR se abra a mais lugares, e ‘Levitation‘ é a confirmação desse percurso que o artista está a criar.

Tiago Bettencourt cria tema exclusivo para a Vogue Portugal

Tiago Bettencourt foi desafiado pela Vogue Portugal para criar a banda sonora do The Music Issue, uma edição especial inteiramente dedicada à música. Partir de Novo é o título desta faixa, que é também acompanhada por uma versão inteiramente em instrumental.

Nesta criação, Tiago Bettencourt explora a sonoridade que já nos habituou, mas estende-a a outros territórios. Com mais de 7 minutos de duração, ‘Partir de Novo‘ é uma faixa que vai crescendo por entre o seu folk com toques progressivos, culminando num belíssimo solo de guitarra que sublinha a liberdade criativa da faixa.

Vaarwell guia-nos pela sua pop citadina em consume & grow

Vaarwell
Fotografia: Divulgação / Tomás Monteiro

Vaarwell, o duo português de indie pop composto por Margarida Falcão e Ricardo Nagy, agora sediado em Londres, está de regresso como um novo EP, consume & grow. O duo refere o seguinte sobre este curta-duração. “Este é o nosso primeiro trabalho enquanto duo e marca definitivamente um novo capítulo para os Vaarwell. Foi escrito entre Lisboa e Londres, tendo a produção sido influenciada pelo ambiente vivido já em Londres, bem como a sua cena musical. Consume & Grow acaba por refletir também os tempos que temos vivido e a necessidade de nos cuidarmos uns aos outros”.

Neste curta-duração, os Vaarwell apresentam quatro faixas marcadas por sintetizadores escuros, que as tornam em quatro experiências citadinas – até porque a líricas das músicas acaba por ir de encontro a esse tema. Há refrões orelhudos para desfrutar, que são bem conseguidos, e o nível de produção do duo está no seu ponto mais elevado até ao momento, conseguindo que todas as faixas aqui soem muito bem ao ouvido. São cativantes nos seus instrumentais, e depois a voz de Margarida simplesmente agarra a nossa atenção de forma constante, soando algo desorientante aqui, e contribuindo muito para a criação da tal atmosfera citadina.