A segunda e última parte da quinta temporada de Lucifer está na Netflix. Se isso é bom? Sim, mas apenas porque a temporada acabou. Finalmente. Crítica Lucifer Crítica Lucifer Crítica Lucifer Crítica Lucifer Crítica Lucifer
Se ainda não decidiram terminar a série, digo-vos que não vale a pena. Provavelmente acabam por passar o tempo todo no telemóvel ou a fazer alguma coisa enquanto os episódios servem de ruído de fundo porque são extremamente entediantes.
Depois de cinco temporadas e meia, em que Lucifer e Chloe estão a decidir se gostam um do outro e/ou se podem ficar juntos, depois de Lucifer ter protegido e salvo a detetive com as suas asas, até mesmo depois de se terem beijado e quase terem dito que se amavam, o Diabo decide que é incapaz de amar. Este foi só mais um obstáculo desnecessário para arrastar a série e que não faz sentido tendo em conta tudo o que ambas as personagens já viveram.
Dancemos, pois Ele está no meio de nós
Deus chega finalmente à Terra. Para quê? Para resolver os problemas com os seus filhos e conhecer o seu neto num jantar de família que falha em fazer a audiência sentir-se constrangida com o encontro das personagens. O único constrangimento que houve foi em relação ao diálogo e às tentativas de piadas que estávamos a ouvir. Aí sim, conseguiram.
É importante sublinhar que há um episódio que parece ser apenas feito de flashmobs porque Deus está aborrecido, ou porque quer irritar os seus filhos. Passando a explicar – Deus fazia com que as pessoas começassem a cantar e a dançar, em qualquer tipo de situação, incluindo a cena de um crime em que até o defunto se levanta para cantar uns versos de ‘Another One Bites the Dust‘ dos Queen, enquanto dá uns passos de dança, para voltar a aterrar morto no chão. Toda a dinâmica deste episódio é confusa, faz-nos esquecer o enredo principal e, sinceramente, parecia que os guionistas tinham ficado sem ideias. Tendo em conta que, no passado, um episódio musical já resultou, porque não repetir e adicionar danças constantes?
Melhor ainda, porque não usar isto como prova de que Deus está a perder o controlo dos seus poderes, levando a personagem a dizer que se vai reformar, o que origina uma crise política (ou divina, podem escolher) sobre qual dos anjos vai tomar o seu lugar? Confusos? Não estão sozinhos.
Os bons e os maus (momentos)
Vamos fazer uma pausa na crise de sucessão destas entidades transcendentes para falar de outro episódio que pareceu cair do céu (ou vir do Inferno) – o episódio dedicado a Dan Espinoza.
O meu pensamento durante todo o episódio foi “porque é que estou a ver isto? E porquê só agora?”. A minha teoria é que com este episódio e com o posterior envolvimento de Dan no caso que acabou por ser o seu último, os criadores da série estavam a tentar criar uma relação de empatia entre o público e o personagem, para que o momento da sua morte fosse muito mais impactante. Afinal, tinham-no deixado ser o comic relief da série.
Apesar destes episódios terem sido aborrecidos de assistir, originaram o momento mais tocante da temporada, que foi muito bem executado – a conversa entre Chloe e a sua filha Trixie, em que a detetive tem de lhe explicar o que aconteceu ao pai. A prestação das duas foi boa, tendo sido um dos dois únicos momentos, neste final da temporada, em que não consegui desviar os olhos do ecrã.
O outro, foi quando Chloe foi apunhalada. Mas não morreu, Lucifer não deixava que isso acontecesse. Neste último episódio da temporada, e estando de volta à crise de sucessão do trono do Paraíso, Michael quer tornar-se no próximo ser todo-poderoso e omnipresente, sobretudo depois de Amenadiel ter recusado o lugar e Lucifer estar a lutar por ele. Claro que isto cria um conflito e ganhamos o “exército” de Michael, composto pelos anjos que são seus irmãos, e o “exército” de Lucifer, que conta com Amenadiel, Chloe e, mais tarde, Maze, Eve (que reapareceu depois de se aperceber que era feliz ao lado de Maze) e uns presidiários.
Sendo isto a luta final, devia ser o ponto alto da temporada. Só que não. Lucifer não tinha apoio, comparado com Michael, por isso decide empatar e começar a cantar e a dançar para tentar fingir que Deus estava a manipular todos à sua volta de novo (e acreditem que este momento conseguiu ser pior do que qualquer um dos flashmobs).
Finalmente, Maze chega com apoio, lutam, Chloe morre, mas Lucifer vai buscá-la ao Paraíso porque ainda não era a hora dela e quando volta à Terra, vence o seu irmão e o episódio acaba com Lucifer Morningstar de Espada Flamejante na mão. Que. Seca.
Lucifer é uma série que podia ter terminado há cerca de duas temporadas. Foram arrastando o enredo e criando obstáculos que não faziam sentido às personagens. A personagem de Deus devia (e podia) ter sido introduzida muito mais cedo. Esta última temporada não devia ter sido dividida porque há acontecimentos que foram esquecidos e o próprio interesse dissipou-se.