A nova série de ficção da OPTO, Prisão Domiciliária, tem estreia marcada para sexta-feira, dia 16 de abril, na plataforma de streaming da SIC. Protagonizada por Marco Delgado, a série de oito episódios acompanha a vida de um político corrupto em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, que tenta manter a sua vida política, negócios e influência e, em paralelo, escapar à acusação da justiça portuguesa.
Realizada por Patrícia Sequeira, o argumento foi escrito por João Miguel Tavares, Rodrigo Nogueira, Catarina Moura e Tiago Pais. Para além de Marco Delgado, o elenco conta com Sandra Faleiro, Afonso Pimentel, Filipe Vargas e Diogo Amaral, entre outros. O Espalha-Factos já viu o primeiro episódio da nova aposta da Opto, que promete para surpreender o espetador, e partilhamos tudo o que nos entusiasmou (ou não…).
A sinopse promete “Um político em prisão domiciliária. Uma família a desmoronar-se. E demasiadas perguntas por responder. Quem tramou Álvaro Vieira Branco? Será o fim da sua carreira política? Como manter uma vida de luxo e poder quando tudo deixou de ser como antes?”, e o primeiro episódio lança a narrativa e introduz precisamente essas questões. Álvaro Vieira Branco (Delgado) está detido por, entre outros crimes, tráfico de influências, prevaricação e abuso de poder. Após três meses na prisão, o político regressa ao domicílio na sua nova condição, procurando retomar uma certa normalidade, que rapidamente se esgota entre quatro paredes, apesar dos espaços e cenários incríveis do Hotel da Lapa, convertido para a série na residência do político.
Quem será Zé Mário?
O primeiro episódio apresenta-nos algumas das personagens centrais e do núcleo do político: sabemos que é casado com Raquel (Sandra Faleiro), uma mulher sensata e de quem tem dois filhos, que tem uma mãe que resolve mudar-se lá para casa, de repente, a “típica” sogra com uma linguagem pouco adequada; e temos ainda David (Afonso Pimentel), o advogado conselheiro, e Bernardo (Filipe Vargas), o ex-assessor traiçoeiro que viu na prisão de Álvaro a sua oportunidade de carreira. Há também Zé Mário, o mordomo, que nada tem a ver com o convencional estereótipo do mordomo, não só pela sua fisionomia e postura mas, também, pelo dinâmica da sua relação com Álvaro. A personagem de Zé Mário está, sem dúvida, envolta em mistério, e é aquela que suscita maiores dúvidas e, simultaneamente, maior interesse neste primeiro episódio, podendo vir a surpreender em todas as dimensões.
O político exagerado
As cenas desenrolam-se em torno do político, que se assume desde o primeiro episódio como sendo um homem narcisista, egocêntrico e, em tudo, algo exagerado, desde o cabelo ao riso, ou até mesmo no facto de desfilar em roupão por praticamente todo o episódio. Por vezes, dá-nos a sensação de que Marco Delgado está em permanente overacting. No entanto, o exagero da personagem talvez se deva ao ambicioso equilíbrio entre drama e comédia que a série se propõe a alcançar.
Apesar de ser, em tudo, um homem desprezível, este primeiro episódio deixa também espreitar o lado mais humano e romântico de Álvaro. Numa das suas melhores cenas, o político dança com a mulher Raquel, um momento que nos envolve por todos os aspetos, do diálogo ao próprio movimento das personagens. A música de Samuel Úria, ‘O Muro’, é o complemento perfeito para a cena que encerra este primeiro episódio.
O mistério de Liliana Marto
Neste primeiro episódio, a principal dúvida deixada ao espetador prende-se, de forma clara e evidente, com Liliana Marto. Apesar da personagem não aparecer fisicamente no ecrã durante o episódio, ela é, no entanto, mencionada por diversas vezes. Conseguimos perceber que esta se trata de uma figura chave no processo contra o político, alguém ligado à construção civil e que se encontra presa. No entanto, e simultaneamente, um convite de casamento vem baralhar quaisquer conclusões a que tentemos chegar durante o episódio, deixando-nos apenas com uma certeza: Liliana Marto trata-se de alguém que traz à tona os sentimentos mais ambíguos em praticamente todas as personagens.
Coincidentemente, ou não, com a realidade atual, é um facto que o timing para a estreia da série não podia ter sido melhor, não só devido à pandemia, o que nos leva a passar mais tempo fechados em casa – quase como se de uma prisão domiciliária se tratasse – como, também, pelo caso de alegada corrupção política que está hoje debaixo dos holofotes mediáticos. No entanto, dá a sensação que a série, passada principalmente dentro de uma casa, poderá limitar a dinâmica da história, e que as questões e incertezas levantadas poderão não ser suficientes para agarrar o espetador para o episódio seguinte, e fica a dúvida, citando o protagonista: Álvaro Vieira Branco é, ou não é, para consumir e deitar fora?