Em segundo lugar há 26 meses consecutivos, a TVI questiona a fiabilidade das audiências medidas pela GfK/CAEM. Em declarações ao jornal Nascer do Sol, o canal privado aponta discrepâncias entre os números registados pelas operadoras do Cabo, não-auditados, bem como o impacto nas redes sociais, e os resultados auferidos pela medição oficial.
Programas de Cristina causam dúvida
Os dois programas apresentados por Cristina Ferreira, All Together Now e Cristina ComVida, são os principais alvos da desconfiança apontada pela estação. “Temos efetivamente detetado essa discrepância. Em que programas nossos, como por exemplo o All Together Now, ou a estreia ainda esta segunda-feira do programa Cristina ComVida, que teve enorme destaque nas diferentes plataformas digitais, sem comparação possível com os programas concorrentes diretos, e depois verificamos que tais dados não têm qualquer correspondência com os níveis de audiência referidos“, sublinha o canal em declarações à publicação.
Em declarações à mesma publicação, a TVI questiona a dimensão da amostra, que cobre 1100 casas em Portugal, comparando-a com os dados recolhidos pelas boxes das operadoras, presentes em quase 90% dos lares nacionais: “É uma questão que deve merecer uma profunda análise e reflexão. O ideal para o mercado é a existência de um painel o mais fidedigno e o mais abrangente possível“. Quando contactada pelo EF, a estação de Queluz confirmou que “a reportagem do Sol está correta” e sublinhou manter estas declarações relativas ao sistema de medição.
O presidente da Comissão de Análise e Estudos de Meios (CAEM), Fernando Cruz, sublinha que a amostra atualmente existente é “representativa da população” e que “a necessidade de aumento da amostra” pode surgir quando se pretende “uma maior segmentação dos dados, para permitir manter, nesse caso, um número de casos que garanta a representatividade“.
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A TVI aponta que não pode existir “uma diferença significativa entre os resultados desse painel representativo com os dados quantitativos concretos de um universo de utilizadores bastante mais amplo“, sublinhando que nesse caso estaríamos perante “uma distorção” e que isto não garantiria “ao mercado a necessária informação, rigorosa e credível“.
A CAEM, responsável por assegurar a medição contratada à GfK Portugal, é uma associação que representa todo o setor, sendo constituída por agências, anunciantes e canais de televisão. A TVI é também associada desta entidade, em conjunto com os principais canais portugueses, como a RTP1, a SIC, ou mesmo o grupo Fox, e ainda as operadoras de televisão por cabo, como a MEO e a NOS. O contrato com a GfK foi renovado no início deste ano, após um concurso internacional.
A GfK garante a medição de audiências em Portugal desde 2012. Entre 2012 e 2018, a TVI foi sempre líder anual, tendo cedido o lugar à SIC em fevereiro de 2019.
SIC não comenta polémica
A SIC, contactada pelo EF, remete todos os esclarecimentos para a CAEM e não faz qualquer comentário às afirmações da concorrente.
No canal de televisão, líder do mercado há mais de dois anos, as dúvidas lançadas pela Quatro foram recebidas com perplexidade, dado que o canal não votou contra a renovação do contrato de medição de audiências com a empresa atualmente responsável. A RTP, por seu lado, manteve-se em silêncio acerca do tema.
António Salvador, da GfK Portugal, explica ao semanário que não tem dúvidas que esta é “uma amostra boa“, embora não negue que “quanto mais robusta melhor“, explicando que quando é necessário fazer “análises segmentadas por género, região, escalão etário… quanto mais precisas quiserem ser essas análises maior risco se corre porque a amostra é menos robusta“.
O número de lares incluido no painel é definido pela CAEM, detalha. “Não fomos nós que assumimos que assim devia ser. De qualquer forma, devo dizer, os números não são muito diferentes de países com dimensão similar à nossa“, refere o responsável da medidora, citando como exemplo a Bélgica. No país, com mais um milhão de habitantes que Portugal, o painel existente é de 1500 casas. 750 na parte que fala francês e 750 na parte que fala neerlandês.