Uma proposta lei foi aprovada pela Câmara dos Representantes da Austrália, a 17 de Fevereiro, cujo objetivo consiste em obrigar as empresas Facebook e Google a pagar aos meios de comunicação australianos pelos conteúdos jornalísticos partilhados. O Canadá pretende avançar com o mesmo tipo de lei nos próximos meses.
A resposta do Facebook à proposta de lei australiana foi severa: os links para notícias nos feeds do Facebook deixaram temporariamente de existir dentro do país. Este bloqueio por parte da empresa de Mark Zuckerberg foi motivo de controvérsia e indignação pública. Após ter sido cortado o acesso a informações essenciais, nomeadamente acerca pandemia da Covid-19, alguns jornais australianos qualificaram a rede como “antissocial” e referiram-se ao caso entitulando-o de “Faceblock”.
Após a medida que foi encarada por muitos como intransigente, o Facebook e o Governo de Camberra chegaram a um acordo. A rede social vai repor a inclusão de hiperligações de informação noticiosa nos seus conteúdos novamente.
Em contraste com o Facebook, a Google foi mais rápida na adaptação ao anúncio do governo australiano. A multinacional fechou acordo com os grandes órgãos de comunicação social australianos, para licenciamento de conteúdos. A decisão da Google implica, assim, acordos de dezenas de milhões de euros com organizações de media como a de Rupert Murdoch, News Corp.
A intenção de fazer estas empresas pagar pelo conteúdo jornalístico não se fica pela Austrália. O atual ministro da Cultura e Desporto do Canadá, Steven Guilbeault, tenciona avançar com o mesmo tipo de proposta legislativa brevemente, avança a Reuters e New York Post. O ministro condena a postura do Facebook na retaliação com a Austrália, qualificando-a como “altamente irresponsável”. Os objetivos do ministro canadiano passam pela criação de uma frente comum de vários países, à qual o Facebook e Google terão de responder. “Estou um pouco curioso para ver qual será a resposta do Facebook. Vai cortar laços com a Alemanha, com a França, com o Canadá, com a Austrália e outros países que poderão aderir [ao movimento]?”, afirma Guilbeault. Sabe-se que o ministro já se terá reunido com outros ministros da Austrália, Finlândia, França e Alemanha, em prol deste assunto.
Alexandre Boulerice, um legislador canadiano, já se manifestou também contra os atos do Facebook na Austrália, propondo um voto de repúdio no Parlamento. Boulerice afirmou que “a intimidação do Facebook“ não tem lugar numa democracia. No Canadá, os críticos destas gigantes tecnológicas recebem a proposta legislativa com agrado, algo que possivelmente acontecerá ainda por outras partes do mundo.