Ruy de Carvalho sente-se triste com a situação atual da cultura em Portugal. Em entrevista à Revista Caras, o ator lamenta ainda o novo período de confinamento geral que Portugal enfrenta, apesar de entender a decisão do governo.
“Eu entendo e concordo que devemos fechar, para bem de todos, mas a situação para os profissionais das artes fica cada vez mais difícil“, alerta o ator. Com 78 anos de carreira e 93 de idade, o artista já viveu muitas épocas complicadas, incluindo o Estado Novo. Contudo, o pai do também ator João de Carvalho admite que estamos a viver “tempos muito difíceis” contra “um inimigo invisível“.
Para o ator, o estado do setor da cultura no país já é cronicamente difícil e a pandemia veio expor “coisas que deviam ter sido tratadas há muito tempo“. A falta de proteção social, os contratos precários e a situação fiscal dos artistas são assuntos ainda por tratar. “Fico triste por viver num país que despreza a cultura, que não vale quase nada no Orçamento de Estado“, disse no último dia em que pode atuar. A esperança do ator vai para a plataforma Convergência pela Cultura, que abarca os profissionais das artes, para mobilizar a classe a lutar pelos seus direitos.
Ruy de Carvalho estava em cena com a peça A Ratoeira, no Teatro Armando Cortez, em Lisboa. A interrupção da peça fez o ator ficar desiludido, porque “é o que gosto de fazer“. A situação deixa o veterano até mais triste pelos “colegas, não tanto por mim“. Depois do confinamento, a peça voltará ao palco, e Ruy de Carvalho admite, “teremos de passar a peça algumas vezes“.
Ator manifesta apoio à Casa do Artista
A estrutura residencial para idosos que se dedicaram a sua vida às artes passou por um surto de Covid-19. 42 infetados e seis mortes, incluindo a das atrizes Adelaide João e Cecília Guimarães, é o balanço da passagem do vírus pela instituição. Na sua página oficial de Instagram, Ruy de Carvalho deixou um profundo lamento por ver “partir colegas que eu muito estimava e com quem trabalhei muito. Estamos a partir todos“.