Uma das mais populares plataformas de streaming a nível mundial, a Netflix tem na Europa um dos seus territórios-chave em termos de crescimento. Em 2020 tornou-se o segundo maior grupo de operações no mercado da televisão do continente em rendimento anual.
Os dados são da Ampere Analysis, uma empresa internacional de análise de dados especializada em média e comunicações. A investigação concluiu que, durante o último ano, a Netflix tomou conta de mais de 6% de todas as receitas de televisão europeias, ficando em segundo lugar neste ranking de rendimentos.
A análise tem em conta receitas de publicidade, de subscrição de vídeo on-demand, de televisão por subscrição paga e financiamento público.
Acima da plataforma de streaming está apenas a Comcast, um conglomerado de telecomunicações norte-americano que na Europa detém as operações do grupo britânico Sky, o maior a nível europeu e com operações para além do Reino Unido, que acumula 12% destas receitas.
O serviço ultrapassou também a ARD, o consórcio de operadores públicos de televisão na Alemanha – que detém a emissora Das Erste e canais como o Tagesschau24 ou o internacional Deutsche Welle e que opera, em conjunto com outros grupos, canais como o franco-alemão Arte -, até agora em segundo lugar. O grupo é responsável por 5,9% das receitas a nível europeu.
Na lista figuram ainda outros grupos de televisão, como a BBC (em quarto lugar com 4,2%), o Canal+ (3,3%), a estação pública francesa France Télévisions (2,9%) ou a italiana Rai (2,2%).

O streaming a ganhar terreno nas receitas
A lista dos principais players conta apenas com mais um serviço de streaming – a Amazon Prime Video é, a seguir à Netflix, o serviço deste segmento que mais receitas gera no continente, com 2% na 13.ª posição. Serviços como as versões on-demand da HBO (que até ao momento tem várias divisões no streaming a nível europeu até à chegada da HBO Max na segunda metade deste ano) ou a Disney+ ainda não figuram entre os mais relevantes, mas o segmento começa a ganhar cada vez mais tração.
O exemplo mais marcante continua a ser o da Netflix, que surgiu na Europa em 2012. Em 2016 estava já implementada por todo o continente, ultrapassando os mil milhões em receitas. No ano a seguir contava já com o maior número de consumidores entre todos os serviços de televisão por subscrição na Europa e chega em 2020 ao topo da lista no que diz respeito a receitas.
O crescimento é positivo, mas dita igualmente uma pressão nos emissores locais. Tony Maroulis, analista na Ampere, explica que “a pandemia do coronavírus levou ao declínio o mercado publicitário na televisão, acelerando a queda de marcas estabelecidas e tradicionais”, com as entidades locais a ter dificuldades a competir com estas ofertas.
“Ao longo dos próximos anos, a Netflix sozinha vai ter mais orçamento que muitas operadoras comerciais de topo”, explica, o que significa que terão oportunidade de produzir conteúdo com um tipo de qualidade que “a maioria da competição não consegue igualar”.
Apesar de não revelar dados concretos sobre o número de utilizadores, a Netflix é líder global no segmento e é uma das principais ofertas do streaming em Portugal. A plataforma chegou ao país em 2015 e, segundo a Marktest, poderá ter entre um a dois milhões de subscritores nacionais – dos mais de 2,5 milhões que utilizam o streaming por cá e que podem aderir também a serviços como a HBO Portugal, Disney+, Apple TV+ e Amazon Prime Video. Em todo o mundo, tem mais de 195 milhões de aderentes.