Os gémeos Aziz e Noor são as duas novas personagens que fazem parte do mundo da Rua Sésamo, O objetivo é contribuir para a formação das crianças rohingya que, perseguidos em Myanmar, vivem atualmente em campos de refugiados no Bangladesh.
“Ajudar as crianças a sentirem-se menos sozinhas por que se podem identificar com os personagens é uma forma muito poderosa de ajudá-las a recuperar e a começar a reconstruir a resiliência que tanto merecem”, explicou a presidente de impacto social da Sesame Workshop, Sherrie Westin, à revista Variety.
A iniciativa pretende, também, combater a ausência de recursos para que estes jovens desenvolvam competências num período crítico da sua vida. “Quando crianças experienciam trauma, é um grande prejuízo para o seu desenvolvimento a longo prazo se não intervirmos nos primeiros anos da sua infância. Tudo isto faz parte de uma tentativa de transformar a resposta humanitária para garantir que os mais jovens não são deixados para trás ”, salienta.
Noor e Aziz como modelos
Noor e Aziz são os dois novos bonecos desenvolvidos pela Sesame Workshop, a organização sem fins lucrativos que criou a Rua Sésamo. As duas novas personagens são gémeas, uma do sexo masculino e outra do feminino, e não vivem com os seus pais mas com os tios. As representações tentam aproximar-se das vivências das crianças nos campos de refugiados, de forma a estabelecer uma maior identificação das crianças rohingya com os dois bonecos.
Para a maioria, esta será a primeira vez que eles poderão, realmente, identificar-se com as personagens que estão a ver nos livros de histórias e no ecrã”, refere a responsável.
Já as histórias criadas para as personagens pretendem ajudar as crianças rohingya a superar traumas do passado, um processo que pretendem repetir com outras crianças expostas a cenários de guerra e de sofrimento. “Estamos, literalmente, a tentar duplicar a pesquisa existente com a pesquisa que estamos a conduzir agora, e ela será compartilhada porque queremos que os outros aprendam com os nossos erros”, esclareceu Westin.
Nos 34 campos de refugiados em Cox’s Bazar, no Bangladesh, estima-se que vivam mais de 860 mil pessoas de etnia rohingya, sendo mais de 400 mil delas crianças, como mostram os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.