A aliar a literatura ao cinema, a RTP1 regressa aos telefilmes numa contínua aposta na ficção nacional. O projeto Trezes leva para o ecrã contos de autores portugueses em 13 produções, cada uma assinada por um realizador diferente. Fronteira é o primeiro filme a ir para o ar, esta sexta-feira (11).
O projeto da RTP com a Marginalfilmes, produtora de José Carlos de Oliveira, traz o olhar de um realizador sobre um conto da literatura portuguesa, interpretado por um elenco de atores inteiramente nacional. Segundo a estação, esta aposta representa a “resiliência de uma atividade numa época complicada para o setor do audiovisual, quer em termos de produção de conteúdos diferenciadores, quer na qualidade dos elencos que reúne em cada projeto”, dizem em comunicado.
A ideia é juntar realizadores portugueses conceituados com outros em início de carreira, de forma a fomentar a produção numa época difícil para o cinema, que já se arrastava desde antes da pandemia – o projeto foi anunciado no ano passado. Da lista constam nomes do cinema como António-Pedro Vasconcelos ou António da Cunha Telles.

Fronteira, baseado num conto de Miguel Torga e realizado por João Cayatte, é a primeira produção do Trezes a ir para o ar na RTP1. Passado em 1970, foca-se na aldeia de Fronteira, onde chega um novo chefe de posto da Guarda Fiscal. Com convicções fortes sobre a aplicação da Lei, o chefe entra em confronto com a população, que sobrevive a fazer contrabando. Um conflito pessoal coloca a perspetiva do guarda em causa, que se vê obrigado a tomar uma decisão inesperada.
O filme, emitido esta sexta (11) às 22h30, é protagonizado por Sisley Dias e tem Carla Chambel, João Villas-Boas e Teresa Mello Sampayo no elenco.
Filmes são emitidos até março
Os telefilmes do Trezes serão emitidos semanalmente no horário nobre da RTP, sempre às sextas-feiras. Depois de Fronteira, a RTP já tem planeada a ordem de exibição de outros quatro filmes, entre dezembro e janeiro de 2021.
18 de dezembro – O Rapaz do Tambor
Jaime (Rodrigo Santos), é um jovem introvertido e maltratado pelos colegas no colégio. O pai (Miguel Damião), diretor do colégio, trata-o com indiferença, mas, com o apoio da mãe (Sandra Santos), Jaime encontra num quadro, de um rapaz com um tambor à frente das tropas em batalha, inspiração e coragem que o tornam num herói contra a opressão. Realizado por Filipe Henriques, baseado num conto de Fernando Namora.
8 de janeiro – As Cinzas da Mãe
Isabel (Margarida Moreira) recorda-se desde criança do pedido da sua mãe (Paula Mora): ser cremada. Com a chegada do dia, ao lado do seu marido Daniel (João Craveiro), ouve a voz da mãe, que deixou também uma carta em testamento com instruções que podem acabar com o casamento de Isabel. Realizado por José Farinha, baseado num conto de Cristina Norton.

15 de janeiro – A Morte do Super-Homem
Luís Carlos (João Jesus) é um solitário, convicto de que tem total controlo sobre o seu apetite por cocaína e heroína. Regressado de Boston, onde esteve a pesquisar para a sua tese de Mestrado sobre o Super-Homem, percebe que o herói morreu. Luís desespera a achar que isso pode significar o fim da sua pesquisa e da sua ‘promissora’ carreira como professor universitário, onde poderia trabalhar ao seu ritmo e assegurar um ordenado confortável. Realizado por João Teixeira, baseado num conto de Rui Zink.
22 de janeiro – O Tesouro
Afonso (Rui Luís Brás), Egas (José Condessa) e Gualdim (Ivo Alexandre) são três irmãos nobres cuja fortuna foi perdida poucos anos antes. A viverem em Paço de Medranhos, mal vão sobrevivendo. A jovem criada destes irmãos, Rosa (Carolina Amaral), está prestes a perder a paciência pelo pouco que lhe pagam; e decide segui-los quando se embrenham no bosque, acabando por observá-los quando tomam posse de um cofre com uma fortuna em dobrões de ouro. Mas esta fortuna vai trazer a desgraça à família. Realizado por Carlos Coelho da Silva, baseado num conto de Eça de Queirós.

Os restantes contos serão exibidos nas semanas seguintes, num projeto que se estende até ao início de março:
- A Abóbada, de Alexandre Herculano, realizado por Cláudia Clemente
- O Sítio da Mulher Morta, de Manuel Teixeira-Gomes, realizado por José Carlos de Oliveira
- Um Jantar Muito Original, de Alexander Search, pré-heterónimo de Fernando Pessoa, realizado por Leandro Ferreira
- O Ódio das Vilas, de Manuel da Fonseca, realizado por António da Cunha Telles
- A Pereira da Tia Miséria, realizado por Marie Brand
- O Lavagante, de José Cardoso Pires, realizado por António-Pedro Vasconcelos
- Uma Vida Toda Empatada, de Mário de Carvalho, realizado por Tiago de Carvalho
- Miss Beijo, de Lídia Jorge, realizado por Nuno Rocha