A edição totalmente online da Web Summit continua a todo o vapor. O segundo dia daquela que é descrita como a maior cimeira de tecnologia da Europa voltou a trazer esta quinta-feira (3) mais de sete horas de conferências, networking e a contínua discussão sobre temáticas preponderantes inseridas no contexto das inovações na sociedade – tudo Live From Lisbon.
O Espalha-Factos resume o que se passou no segundo dia da arena digital. Podes rever o acompanhamento em direto aqui.
Em 2020, a vida através do Zoom
O Zoom tomou conta da forma como comunicamos em 2020, muito por causa da pandemia de Covid-19. Eric Yuan, fundador da plataforma, conversa com Alyson Shontell do Business Insider sobre a criação do negócio, o uso durante a pandemia e o futuro das comunicações.
Yuan começou por dizer que pensava que 2020 iria ser bastante semelhante a 2019 para o Zoom. Depois, uma pandemia aconteceu: “Nunca imaginamos este tipo de crescimento”, confessa. Ver a plataforma crescer quase do dia para a noite foi uma experiência única para o fundador e para a equipa. “Por um lado estávamos super entusiasmados, foram muitos anos de trabalho árduo e o sonho tornou-se realidade”, diz.
No entanto, o crescimento exponencial e inesperado trouxe algumas dúvidas: “por outro lado, questionamos muito como é que se aguenta este crescimento. Estávamos assustados a pensar ‘como lidamos com isto?”. Tivemos que aprender e reagir muito rápido”.
Com uma equipa a lidar com as mudanças, Eric Yuan certifica que “fazemos tudo o que podemos todos os dias” para melhorar a experiência do utilizador, num trabalho que é “extremamente importante”.
E no futuro? Para Yuan, a forma como comunicamos, se já mudou radicalmente nas últimas décadas, vai continuar a transmutar-se. “Um dia estamos no escritório, noutro estamos todos em casa. O mundo do trabalho vai ser híbrido”, num modelo de trabalho misto e que combina o ‘melhor dos dois mundos’, o online e o offline.
Os desafios do jornalismo em 2020
O canal 3 da Web Summit, onde se discute a sociedade, ficou hoje marcado pelos vários painéis dedicados ao jornalismo e aos media: a reportagem de questões controversas para uns, a forma como o jornalismo mudou nas últimas décadas para outros, e ainda a dicotomia entre a neutralidade e a moralidade, que reside nas redações por todo o mundo.
A ascensão meteórica do TikTok
Quase a fechar o centre stage no segundo dia de conferências, Blake Chandlee, vice-presidente do TikTok, e Gary Vaynerchuk, fundador e presidente da VaynerMedia, falaram sobre a “jornada imparável” da aplicação que dominou o mundo.
A conversa começou por focar-se na guerra entre o TikTok e o Governo dos Estados Unidos. Chandlee coemçou por deixar assente que têm “sido muito claros que discordamos de algumas coisas que têm sido ditas sobre nós”. O objetivo para resolver a questão é “trabalhar com a administração”, de forma a garantir a “liberdade de expressão da nossa comunidade”. Aliás, diz mesmo que tem existido uma “discussão diária com a administração” norte-americana para resolver a questão.
Sobre a proteção dos dados dos seus utilizadores, uma questão central entre as polémicas com os EUA, o vice-presidente da aplicação diz que a missão central do TikTok continua a ser “criar alegria” em quem o usa – e que, por isso, têm por “obrigação de proteger a comunidade” e “proteger os seus dados”.
👏@garyvaynerchuk, with @tiktok_us VP Blake Chandlee and Big Technology Podcast’s @Kantrowitz, discusses the evolution of social media platforms, predictions for the future, and what makes TikTok a leading social media platform📱Sneak peek from #WebSummit 👇 pic.twitter.com/r8TMgg40Cw
— Web Summit (@WebSummit) December 3, 2020
Nick Clegg e o Facebook, o discurso político e a proteção de dados
Nick Clegg, vice-presidente (VP) das relações públicas e comunicação do Facebook, juntou-se a John Micklethwait, chefe de redação da Bloomberg, para debater o papel da internet e da rede social no discurso político.
O VP começou por mencionar a rivalidade entre os Estados Unidos e a China, considerando importante prestar atenção à forma como esta rivalidade se pode desenvolver. Defendeu ainda que “não existe uma internet global”, tendo em conta que países como a China têm a sua própria internet fechada com regulações específicas. Clegg explicou que acredita que os Estados Unidos vão estar melhor posicionados para exercer influência, e que o podem fazer em forma de cooperação com a Europa e a Índia.
No que diz respeito à proteção de dados, Nick Clegg refere que na Europa existe uma grande preocupação com a privacidade e um ceticismo em relação à agregação de dados. Começou por clarificar que não acredita que as regulações para proteção de dados sejam o verdadeiro problema, mas sim o facto de ser um ator fora do sistema.
Ainda sobre a Europa, reitera que o continente não é uma “casa de gigantes tecnológicos” como acontece com a China e os Estados Unidos. Considera que Europa não tem companhias tão bem sucedidas porque trabalha com mercados domésticos pequenos, ao contrario do que acontece nos grandes países e acha que não existe um mercado europeu; as regulações, apesar de não serem o grande constrangimento, evidenciam isto.
Nick acredita que os Estados Unidos, a Europa e a India têm bastante em comum e que se deviam juntar numa mesma direção, e que isso é algo em que Joe Biden, presidente-eleito dos EUA, se devia focar.
Por fim, falou sobre a secção 230, que estabelece que as empresas não têm responsabilidade sobre o que os seus utilizadores publicam. Explicou que o Facebook não é responsável pelo conteúdo publicado mas sim pela moderação do mesmo, e que há milhões de pessoas a utilizar esta plataforma para comunicar da forma que querem. Na sua opinião, o governo deve pedir às plataformas que estabeleçam sistemas de moderação e acredita que estes devem ser transparentes, penalizando-se as empresas quando falham.
HBO Max chega à Europa – e a Portugal – em 2021
A HBO Max, plataforma de streaming da HBO até agora apenas disponível nos Estados Unidos, vai chegar a Portugal já no próximo ano. O anúncio foi realizado esta quinta-feira (3) na Web Summit de Lisboa por Andy Forssell, diretor da HBO Max Global.
Salvador Sobral deu concertos em casa em 2020. Como é que será em 2021?
Inês Lopes Gonçalves (RTP) e Salvador Sobral, músico português e vencedor da Eurovisão em 2017, ocuparam o início da tarde do canal 5, dedicado ao país onde a conferência, em condições normais, seria feita na sua totalidade.
Web Summit. Para Salvador Sobral, “a música é para ser partilhada”
Richard Curtis chama-nos à atenção para a sustentabilidade
No palco principal da Web Summit, Krishnan Guru-Murthy (Channel 4 News) fala com o conhecido cinematógrafo e realizador Richard Curtis, que é também um dos co-fundadores da Comic Relief e um dos defensores da ONU para o Desenvolvimento Sustentável.
Nesta sessão surge identificado como um dos co-fundadores da Make My Money Matter e fala sobre como somos todos responsáveis pela sustentabilidade do nosso planeta e da nossa espécie (ou falta dela). O cinematógrafo explicou que o seu movimento pretende que as pessoas pensem em como é que o seu dinheiro está a ser utilizado; e que façam exigências: esse dinheiro tem de ser utilizado para construir um futuro melhor.
Numa conversa que passa pelo dinheiro que investimos (e no que o investimos) e pelo clima, Curtis não foi embora sem dizer que se sente inspirado pelas gerações mais novas. Particularmente, destacou Greta Thunberg, a jovem ativista sueca, e a importância de a ouvirmos quando nos fala sobre os perigos que o planeta enfrenta.
The Chainsmokers repensam a realidade
Phil Libin (All Turtles) junta-se ao conhecido duo formado por Alex Pall e Drew Taggart – os The Chainsmokers – para falar sobre como quase toda a gente no mundo se tornou um DJ da vida real, remexendo e escolhendo o que utilizar e o que fazer virtualmente.
A própria conversa é um remix estranho e que não esperávamos: estamos a ouvir Libin a falar com o duo musical sobre como eles inovaram a música eletrónica e pré-gravada, adaptando-a ao rock moderno, ao mesmo tempo que comparam toda esta situação ao que o resto do mundo está a fazer, agora, virtualmente.
Este trio é responsável por iniciativas de empreendedorismo, pedindo ideias criativas e criando modelos de negócio que as possam concretizar, através das companhias que representam.
Os desafios que as cidades terão em 2021
Os Presidentes da Câmara de Lisboa (Fernando Medina), Londres (Sadiq Khan) e Toronto (John Tory) estiveram no canal principal a falar dos desafios que as cidades desenvolvidas passam atualmente, desde a incontornável pandemia até à aplicação da tecnologia.
Na conjugação dos dois temas, Khan não deixa de lado a conversa das aplicações de rastreio da Covid-19, devido ao armazenamento de dados, uma preocupação que Khan diz ser comum aos habitantes de Londres. Mas a proteção dos dados não se esgota nas aplicações relacionadas com a pandemia: Issie Lapowsky (Protocol), que modera o painel, questiona o mayor de Londres sobre a possibilidade de reconhecimento facial como um meio de diminuição do crime.
John Tory tem também a controvérsia do seu lado devido à utilização dos dados, colocando na mesa a discussão sobre a privacidade dos dados dos habitantes da cidade. Por outro lado, estes dados permitiram que os recursos fossem alocados mais facilmente no combate à pandemia na cidade de Toronto.
O que é que está a funcionar e o que é que não está a funcionar, tecnologicamente, em Lisboa? É o que Lapowsky quer saber de Medina. O Presidente da Câmara de Lisboa diz que é importante a forma como as pessoas entendem a tecnologia e a sua utilização de forma segura.
Os hábitos saudáveis de Jessica Alba
A atriz Jessica Alba esteve no palco central da Web Summit. A também fundadora da The Honest Company juntou-se a Arianna Huffington, fundadora da Thrive Global, para falar sobre hábitos saudáveis e produtividade em tempo de pandemia.
A conversa focou-se em como podemos e precisamos de reavaliar a nossa definição de produtividade, de forma a priorizar hábitos saudáveis e que permitam um balanço mais higiénico a nível mental entre o trabalho e a vida, especialmente durante a época de isolamento.
In conversation with @ariannahuff, @jessicaalba discusses the ways in which we need to re-evaluate productivity, and the way we prioritise things, in order to maintain a healthy work-life balance during this global pandemic 👏 pic.twitter.com/S1iwzOlkk9
— Web Summit (@WebSummit) December 3, 2020
A diversidade na nova geração da DC Comics
Jim Lee, editor e diretor criativo na DC Comics, apresentou-se no canal de criadores para falar sobre a próxima geração de super-heróis e qual o papel da diversidade. Explica que existem criadores a viver em diferentes locais no mundo, que trabalham em diferentes locais e contextos. Isto faz com que o nível de criatividade seja do melhores que já presenciou, e com que “venha do coração”.
Lee acredita que o conteúdo deve refletir a audiência, e exatamente por isso acha que as personagens podem ser reinventadas. Dessa forma, é possível manter o conteúdo relevante e atual, sem ter uma sensação de antiguidade. Segundo o editor, o que é criado tem de refletir o que a audiência quer ver – a audiência quer “mudança e progresso”, e as companhias devem ir ao encontro destes interesses.
Por fim, Jim falou do impacto da tecnologia na banda-desenhada. Apesar de sentir uma certa nostalgia associada ao que desenha, sabe que a tecnologia permitiu que o conteúdo viajasse pelo mundo e chegasse a diferentes locais. Apesar disto, os fãs de banda-desenhada continuam a gostar de colecionar os itens em formato físico.
Às sete, aprendemos a fazer sangria com as drag queens de Lisboa
As drag queens da Drag Taste, em Lisboa, estão a fazer sangria ao vivo, com direito a Q&A da audiência. Aliás, a pedido do público, Teresa Al Dente arranjou um nome de drag para o artista que os acompanha, Colm Moore, que passa a ser Miss Take.
Teresa Al Dente ensinou alguns truqyues: primeiro, nunca raspar gengibre com uma faca… mas sim com uma colher. E segundo, embora não seja uma novidade para todos, mas possa salvar refeições futuras da audiência, a energia colocada na elaboração da refeição irá alterar todo o sabor da mesma.
No final, houve direito a uma pequena apresentação dos espetáculos que a Drag Taste organiza. Mas não substitui, certamente, poder assistir a este espetáculo ao vivo.
Não, a #WebSummit não é só tecnologias mirabolantes. Antes do jantar, @teresaaldente está a fazer sangria ao vivo, com direito a Q&A da audiência 🍸
Fizemos a review no nosso acompanhamento ao vivo da conferência 👉 https://t.co/JYccXJfyTd pic.twitter.com/uMRDiq3x4S
— Espalha-Factos (@EspalhaFactos) December 3, 2020
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, fechou o palco central da Web Summit com uma curta mensagem sobre os desafios de gerir a pandemia de Covid-19. O diretor da OMS destaca a importância da tecnologia no combate ao vírus e na potencialização de maior acesso a vacinas, testes e formas de tratamento, tudo “em tempo recorde”.
Antes de agradecer em português, diz que devemos sempre “aproveitar o poder da inovação para com a saúde, onde existem muitas oportunidades” e “ter a consciência de que a inovação deve ajudar a combater a desigualdade”, uma vez que o acesso a serviços pode ter um papel preponderante na criação de um “mundo mais justo”.
#COVID19 is an unprecedented crisis that demands an unprecedented response & innovation. Pleased to join @WebSummit alongside @antoniocostapm, & share @WHO's views on how to harness the power of innovation & digital technologies to deliver #HealthForAll.pic.twitter.com/Fin8m0Tc4Y
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) December 3, 2020