O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
De Olho no Big Brother
Fotografia: DN

12 programas que fizeram história na televisão portuguesa

Fizeram sonhar, cantar, rir. Ao longo das décadas, vários foram os programas que passaram pela televisão portuguesa para marcar a memória dos espectadores para toda a vida. Neste Dia Mundial da Televisão, o Espalha-Factos selecionou os programas mais icónicos, que ficaram para a história da televisão em Portugal.

Naquela caixa mágica que é a televisão, milhares são os programas que conseguem entrar e fazer o seu caminho até aos olhos dos espectadores e, consequentemente, às suas mentes e corações. Há espaço para tudo, da criançada aos mais graúdos, do humor à animação, talk-shows reality-shows.

No meio de tanta diversidade, há sempre aqueles que ficam para sempre guardados com quem os vê e que nunca são esquecidos, seja pela sua importância em determinado momento da vida, ou por um episódio mais marcante. Na lista abaixo, seguem alguns dos programas mais memoráveis da televisão portuguesa.

Zip Zip, RTP1, 1969 

Zip Zip Dia Mundial da Televisão
Fotografia: RTP

No ar durante menos de um ano, o Zip-Zip tornou-se um formato lendário da televisão. Ainda em vigência da ditadura, este foi o primeiro talk-show noturno em Portugal, apresentado por aqueles que foram três nomes definidores da história da TV em Portugal: Fialho Gouveia, Raúl Solnado e Carlos Cruz. “Um programa de estúdio aberto, porta aberta” que veio mudar os hábitos dos espectadores em plena Primavera Marcelista e trazer as pessoas para dentro da televisão, que faziam fila para assistir à gravação no Teatro Villaret. Na primeira edição foi convidado Almada Negreiros

Jogos Sem Fronteiras, RTP1, 1979-1982/1988-1998

Jogos Sem Fronteiras
Jogos Sem Fronteiras | Fotografia: Facebook

Idealizado em 1963 pelo estadista francês Charles De Gaulle, com o objetivo de celebrar as boas relações entre países europeus, foi transmitido internacionalmente entre 1965 e 1999, com um interregno de 1983 a 1987, tornando-se na coprodução emitida mais antiga da história. Cada país concorrente era representado por uma cidade que concorria contra outras cidades, em animadas provas.

Das trinta edições do concurso, Portugal participou em quinze, estreando-se em 1979. Foi o segundo país com maior número de vitórias — cinco —, sendo superado apenas pela Alemanha, que triunfou seis das 16 vezes em que competiu. Conhecendo apresentadores de todos os países a concurso, contou, entre muitos outros, com Fialho Gouveia e Eládio Clímaco como os rostos nacionais do programa. Chegou a ser falado um regresso em 2019, mas ainda não aconteceu.

Boa Noite, Vitinho!, RTP1, 1986-1997

Um programa que ficou na mente da criançada entre as décadas de 80 e 2000. Quantas vezes não ouvimos pais, avós, tios ou mesmo conhecidos dizer “Vai para a cama que já deu o Vitinho”? Os picos de audiência em horário nobre permitiram ao Vitinho tornar-se na estrela que ainda é hoje em dia ao realizar um simples tarefa: mandar as crianças para a cama. Transmitido em horário nobre pela RTP, contou com vozes de cantoras como Isabel Campelo, Dulce Neves, Eugénia Melo e Castro, Lena d’Água e do cantor Paulo de Carvalho, bem como composições musicais originais do maestro José Calvário.

Chuva de Estrelas, SIC, 1993-2000

televisão
Fotografia: D.R.

E se todos conseguíssemos ser uma estrela? O programa da SIC, estreado um ano depois do início das transmissões da estação, foi apresentado por Catarina Furtado durante duas edições, passando depois para José Nuno Martins e, no ano seguinte, para Bárbara GuimarãesConcorrentes anónimos eram convidados a vestirem a pele de estrelas internacionais, mascarando-se da cabeça aos pés, para interpretarem temas de canções conhecidas. 

Um enorme sucesso de audiências, Chuva das Estrelas trouxe atenção para concorrentes que se tornaram nome relevantes na música portuguesa, como Sara Tavares – a vencedora da primeira edição – ou João Pedro Pais, que não venceu.

Buéréré, SIC, 1994-2002

Buéréré Dia Mundial da Televisão
Fotografia: SIC

O programa apresentado por Ana Malhoa foi a aposta infantojuvenil da SIC, ao mesmo tempo que a TVI trasmitia Batatoon. Para além de Ana Malhoa, que chegou a juntar-se a João Baião, os episódios contavam com vários personagens, como a Melzinho, o Sapo Filipe, o Boi Ré-ré, a Vaca Ré-ré, o Príncipe, as Anetes e as Mini-Anetes. Em cada programa havia convidados, sobretudo musicais, mas não só, desde que começaram a abrir espaços como “Truques de Magia com Damião e Helena”, “Eureka, agora eu sei” e o “Correio”, onde eram mostrados os desenhos e as fotos enviadas pelas crianças. O programa foi um sucesso e é considerado um dos mais vistos de sempre na televisão portuguesa, com um share médio de 92% entre 1994 e 1998.

Big Show SIC, SIC, 1995-2001

Big Show SIC Dia Mundial da Televisão
Fotografia: SIC

Exibido entre março de 1995 e junho de 2001, com cerca de três horas de duração, Big Show SIC foi criado por Ediberto Lima, que se apercebeu que as televisões portuguesas não prestavam atenção aos cantores populares. O formato foi apresentado por João Baião, na altura com 32 anos e um talento promissor do teatro português. O formato tornou-se um grande sucesso na programação da SIC, que alcançava a liderança pela primeira vez desde a sua estreia em 1992. Big Show SIC acabou por dar a vitória que faltava à estação, ao vencer o Parabéns de Herman José. No ar durante seis anos, o programa de João Baião imortalizou vários cantores portugueses e transformou o Macaco Adriano num ícone da televisão portuguesa.

Batatoon, TVI, 1998-2002

Batatoon Dia Mundial da Televisão
Fotografia: D.R.

“Comando na mão, carrega no botão!”. Assim iniciavam as felizes tardes de muitas crianças durante anos, na companhia dos palhaços Batatinha e Companhia. Com uma grande variedade de apresentações, temas musicais, programas e amigos como o Comando, o Ursinho João, o Sapo Xixi, o Honório Finório e o Microgaitas, os dois companheiros preenchiam a programação da TVI para os mais pequenos. Deste modo, aquele que começou por ser um programa apenas para o Natal, obteve tal sucesso que passou a ser permanente na estação. Para além disso, gerou um grande leque de merchandising, tais como bóias, estojos, babetes, bonés, lancheiras, a Revista Batatoon e CDs de música infantil. Apesar do sucesso, o programa acabou por terminar, por razões nunca confirmadas.

Big Brother, TVI, 2000-2020

De Olho no Big Brother
Fotografia: DN

Surgido na Holanda nos finais dos anos 90, o Big Brother chegou a Portugal a 3 de setembro do ano 2000, tendo sido apresentado como “a novela da vida real”. Inspirado na obra 1984 de George Orwell, o formato consistia em confinar, durante cerca de três meses, um grupo de pessoas numa casa sem acesso ao exterior. Esses concorrentes tinham como objetivo chegar ao final do jogo, escapando às nomeações dos companheiros de casa e às expulsões ditadas pelo público. 

O programa apresentado por Teresa Guilherme foi o responsável pelo início de uma reviravolta nas audiências. Em 2000, a líder SIC via a concorrente privada a começar a ganhar terreno, liderando vários dias. A final da primeira edição, que coroou Zé Maria como vencedor, conquistou um share de 73,8%. No momento da entrada no novo ano, estavam sintonizados na TVI 2 milhões e 738 mil espectadores, segundo a MarktestAté ao momento, o formato conheceu, em solo nacional, seis edições regulares e três com famosos, estando este ano a comemorar 20 anos de existência em Portugal.

Gato Fedorento, SIC Radical/SIC/RTP, 2003-2009/2015

O Gato Fedorento
Fotografia: D.R.

O programa de sketches humorísticos chegou à SIC Radical em 2003, ao encargo de um grupo de humoristas constituído por José Diogo Quintela, Miguel Góis, Ricardo Araújo Pereira e Tiago Dores. Focado especialmente na atualidade social, o formato vivia à base de sátiras nascidas de momentos reais. Ficaram conhecidos vários programas do quarteto, como Diz que É uma Espécie de Magazine, Zé Carlos e Esmiúça os Sufrágios. Com o tempo e o sucesso arrecadado, muitas foram também as expressões que se tornaram famosas na comunicação entre humoristas e mesmo entre espectadores, tais como “Ah, e tal…”, “Banano”, “Mas tu não tens personalidade jurídica!” e “Disse-me um passarinho do mundo editorial”.

Perdidos na Tribo, TVI, 2011

Perdidos na Tribo Dia Mundial da Televisão
Fotografia: TVI

Um programa que ficou conhecido por fugir completamente ao habitual na televisão portuguesa. No reality-show, 12 famosos foram divididos em quatro grupos e enviados para a Etiópia (Cláudia Jacques, Fernando Mendes, Io Apolloni e Jorge Kapinha), Namíbia (José Castelo Branco, Marta Cardoso, Sérgio Vicente e Vera Ferreira) e as ilhas Vanuatu, no oceano Pacífico (Joana Alvarenga, José Carlos Pereira, Luís Lourenço e Mafalda Teixeira).

Em alguns dos locais mais remotos do mundo, as estrelas têm de seguir o modo de vida dos nativos e familiarizar-se com os seus hábitos, o que pode incluir, entre outras coisas, beber sangue de animais, cobrir o corpo com argila e fazer a higiene com cinzas de ervas queimadas, durante 20 dias. O enorme choque cultural gerou situações hilariantes e inusitadas, que marcaram o programa na cabeça dos espectadores.

Alta Definição, SIC, desde 2009

Alta Definição

Apresentado por Daniel Oliveira, este programa intimista dá a conhecer a fundo as vidas de personalidades da música, desporto, audiovisual, teatro, cozinha, jornalismo e política portuguesas e estrangeiras. Através de uma série de perguntas pessoais que compõem o género de “entrevista psicológica” e biográfica, o programa pretende responder à pergunta “O que é que fez com que esta pessoa se tornasse em que ela hoje é?”, ou, citando a questão mais icónica do programa “O que é que dizem os teus olhos?”. As entrevistas são gravadas num local escolhido pelo entrevistado e são transmitidas posteriormente, a todos os sábados, depois do Primeiro Jornal.

O Programa da Cristina, SIC, 2019-2020

O Programa da Cristina
O Programa da Cristina chegou à SIC no início de 2019. (Fotografia: SIC / Expresso)

Estreado a 7 de janeiro de 2020, marcou a grande entrada de Cristina Ferreira, há anos a apresentar o Você na TV! na TVI, para a SIC. Apesar de apenas ter durado um ano, o formato aumentou as audiências do canal e foi rico em convidados e entrevistas, nomeadamente a António Costa, Assunção Cristas e até teve direito a um telefonema de Marcelo Rebelo de Sousa, em direto, no primeiro episódio. Também não faltaram momentos caricatos que se tornaram memes na história da televisão portuguesa: “É o Conaaaaan”, “Beeeen”. Devido ao regresso de Cristina à TVI, o formato transformou-se na Casa Feliz, atualmente apresentado por Diana Chaves e João Baião.

 

Artigo de Diana Carvalho com Carolina Fonseca Bento, Pedro Miguel Coelho, Miguel Cunha dos Santos e Bernardo Ferreira.
Atualizado às 12h52 com dois contributos adicionais.