Numa semana de peso para a música portuguesa, recheada de novos lançamentos, o À Escuta, rubrica semanal do Espalha-Factos sobre os mais recentes lançamentos nacionais, destaca o regresso de Murta com um novo single, o muito aguardado disco de Samuel Úria e o primeiro trabalho de Primeira Dama em formato banda completa. Há espaço, ainda, para uma homenagem dos Amor Electro a José Cid, o primeiro single de Elisa e o lançamento oficial de ‘Para Ti’, de Luísa Sobral.
O regresso de Murta com ‘Alguém Que Mude’
Depois de ter editado D’ART VIDA no final de 2019, Murta está de regresso com um novo tema, ‘Alguém Que Mude’. “Estou super feliz, porque acho que se nota o meu crescimento e isso é muito importante para mim, quer a nível artístico quer pessoal“, referiu o artista.
Com produção de Lazuli, Rodrigo Correia e do próprio, ‘Alguém Que Mude’ é um tema que explora sons mais psicadélicos no instrumental – especialmente nos sintetizadores – e que cimenta Murta como um dos artistas mais relevantes do panorama nacional da pop e R&B. Sobre a faixa, o próprio reconhece a exploração de novas sonoridades: “A ‘Alguém Que Mude’ é muito diferente daquilo que eu costumo fazer, quer na mistura quer no beat switch. É a primeira amostra de umas vibes diferentes que eu vou começar a fazer.”
As Canções do Pós-Guerra, o novo disco de Samuel Úria
O novo disco de Samuel Úria, intitulado Canções do Pós-Guerra, está finalmente cá fora para todo o mundo desfrutar. O sucessor de Carga de Ombro, lançado em 2016, prossegue o desenvolvimento de sonoridade que o cantautor português tinha apresentado nesse disco e no seu EP de 2018, Marcha Atroz. O disco vem acompanhado de um longo plano-sequência realizado por Joana Linda, que o artista pretende que sirva como um “manifesto à rua, depois de tanto tempo passado em confinamento.”
É um trabalho que “questiona a pós-modernidade e o falhanço colectivo, de todos nós sem excepção” e em que Samuel Úria nos obriga a olhar para dentro, pelo meio de uma mistura eclética entre rock, música de cantautor (e, até se pode indicar, de protesto), folk e música tradicional tradicional portuguesa. “Não num exercício egocêntrico, mas antes como parte de um caminho de necessária partilha.”
Em entrevista ao Espalha-Factos, o cantautor português desenvolveu a ideia do “pós-guerra” que apresenta neste disco, falou sobre o espaço que o complemento visual tem no seu processo criativo e sobre a “grande fome de palco” que tem.
Em formato banda completa, Primeira Dama lança Superstar Desilusão
Primeira Dama é Manel Lourenço e está de volta com o seu terceiro longa duração com este nome. Intitulado Superstar Desilusão, é o sucessor do disco homónimo de 2017 e o primeiro que apresenta Primeira Dama em formato banda, contando com contribuições de António Queiroz (baixo), Inês Matos (guitarra), João Raposo (guitarra e sintetizadores) e Martim Brito (bateria).
Contando com produção de Gonçalo Formiga (Cave Story) e Bejaflor, o grande trunfo do disco acaba por ser mesmo a inclusão da banda completa no disco, que permite a existência de uma maior exploração de dinâmicas e sonoridades, especialmente com uma aposta notória no power pop, mas sem nunca esquecer o indie pop que brilhou nos trabalhos anteriores de Manel Lourenço.
Sem a banda, esta junção de sons não havia sido possível. E com a voz de Manel a sobressair, mesmo carregada de efeitos, a identidade do projeto mantém-se: é Primeira Dama.
08/80 – ‘Efetivamente’
Os 08/80 são um grupo que reúne Carolina Torres, Catarina Falcão e Filipe Gonçalves com os músicos e produtores Nuno Simões e Sérgio Nascimento. O objetivo dos 08/80? Reconstruir e atualizar clássicos da música para uma sonoridade mais contemporânea. “O que se poderá ouvir é uma proposta criativa sobre obras clássicas do imaginário coletivo da altura”, indicam Nuno Simões e Sérgio Nascimento sobre o projeto, cujo álbum tem data de lançamento para outubro.
Depois da sua versão de ‘I’m Gonna Be (500 Miles)’, o hit dos The Proclaimers, o grupo apresenta agora a sua reinterpretação de ‘Efectivamente’, a faixa clássica dos GNR incluída em Psicopátria, de 1986. A nova vida dada ao tema visa “trazê-lo à luz do dia e dar-lhe um ambiente mais séc XXI“, explicam Nuno Simões e Sérgio Nascimento.
Perde-se um pouco do funk da original, havendo lugar para influências mais contemporâneas, como o soul ou o indie. Há sintetizadores e harmonias vocais que ganham novo espaço, surgindo uma sonoridade que se afasta da original, mas que não se esquece em nenhum momento que, acima de tudo, está a homenagear uma das faixas mais brilhantes da história do pop rock português.
Amor Electro – ‘Cai Neve em Nova York’
Os Amor Electro estão de regresso com a sua interpretação de ‘Cai Neve Em Nova York‘, faixa que fecha o disco homónimo de José Cid, lançado em 1989. A banda é constituída por Marisa Liz, Tiago Pais Dias, Mauro Ramos e Ricardo Vasconcelos.
“Para nós é um orgulho poder interpretar um clássico do nosso querido José Cid e dar-lhe uma nova textura, revisitada pela nossa sonoridade enquanto Amor Electro“, referiu a banda numa publicação nas suas redes sociais. A sonoridade com influências de soul da original de José Cid é substituída por uma vibe mais pop e eletrónica (pode-se dizer que estamos perante uma amostra de synthwave), que, de certa forma, acaba por complementar a nostalgia evocada pela lírica da faixa. Uma homenagem bem conseguida.
Elisa – ‘Coração’
Depois da vitória no Festival da Canção, com a sua interpretação do tema ‘Medo de Sentir’, de Marta Carvalho, Elisa está de regresso com o single ‘Coração’, uma faixa que conta com colaboração de LEFT. na lírica e instrumental. Sobre este seu novo tema, a cantora natural da ilha da Madeira revela que este “nasceu de um poema” escrito por ela e, que, por isso, possui um “significado muito especial”.
Com uma sonoridade dinâmica, que varia entre influências da pop contemporânea, folk e bossa nova, a voz de Elisa é o elemento central de uma faixa que a artista espere que provoque uma reação por parte do ouvinte. “Espero que se relacionem tanto como me relaciono com este tema e que deem uma oportunidade ao vosso coração”, refere a cantora.
Fugly – ‘Stay In Bed’
‘Stay in Bed’ é o nome do novo single dos Fugly, banda portuense constituída por Pedro Jimmy Feio, Rafael Silver, Nuno Loureiro e Ricardo Brito. Depois de ‘Space Migrant’, ‘Stay in Bed’ é o segundo avanço daquele que será o segundo longa-duração da banda, com data prevista de lançamento para o fim de 2020.
O garage rock energético é a imagem de marca dos Fugly e continua mais que presente nesta nova faixa. Guitarras estridentes e cruas, secção ritmíca alucinante e uma produção a tender para o lo-fi são todas características que formam ‘Stay In Bed’. Para uma música cujo nome é, traduzido à letra, “Ficar Na Cama”, torna-se muito complicado obedecer quando todo o instrumental é feito para nos colocar a mexer a todo o momento. Um hino para acordar e começar o dia cheio de energia.
kamaraum – ‘Thalassophobia’
kamaraum é o nome artístico pelo qual o produtor e multi-instrumentalista Pedro Gomes se apresenta. ‘Thalassophobia‘ é o nome do seu novo single, o quarto com que o artista nos presenteia neste ano de 2020.
Fazendo lembrar Tame Impala, com os seus sintetizadores e guitarras psicadélicas, ‘Thalassophobia’ é uma faixa que conta com um ritmo lento, mas que acaba por nos envolver num abraço cósmico, carregado de ritmos eletrónicos que nos permitem ainda dar uns bons passos de dança numa noite quente de verão algures por esse mundo fora.
Luísa Sobral – ‘Para Ti’
Para os fãs de Luísa Sobral, ‘Para Ti’ não é uma novidade. Uma das mais acarinhadas e emotivas faixas que fazem parte do repertório de Luísa Sobral, ‘Para Ti’ está disponível desde 2016 no YouTube da cantautora portuguesa.
Com a inclusão da faixa na série ‘Golpe de Sorte’, da SIC, existiu finalmente uma oportunidade para lançar ‘Para Ti’ como single. A música foi composta, originalmente, como dedicatória ao primeiro filho da cantautora portuguesa. Além da versão original, o single inclui ainda uma versão com novos arranjos, gravada ao vivo no Centro Cultural e de Congressos de Caldas da Rainha.
Marta Rosa – Entretanto
Entretanto é o EP de estreia da fadista Marta Rosa. Conta com dois temas originais escritos pela cantora e é apresentado como um “manifesto de resiliência, afirmação e continuidade“. Uma viagem intimista, mas curta, guiada pela voz poderosa da fadista e pelos instrumentais que retiram muito à noção tradicional de fado, com um toque contemporâneo.
Sobre este seu primeiro trabalho, Marta Rosa revela que o título foi escolhido por transmitir uma “ideia de continuidade” e que é “algo in between para mim e para quem ouve, sobretudo nestes tempos estranhos que vivemos, em que é tão importante continuar a fazer coisas, fazer chegar a música às pessoas e olhar em frente.”
Places Around The Sun – ‘Rising Sun’
‘Rising Sun‘ é o último single que precede o lançamento do álbum homónimo do grupo lisboeta Places Around the Sun. Será o terceiro longa-duração da banda constituída pelos músicos António Santos (voz, guitarra), João Gomes (guitarra), Alexandre Sousa (baixo) e Ricardo Martins (bateria).
A faixa é caracaterizada pelas suas guitarras carregadas de fuzz, pesadas, e pelo seu valor antémico, que caracteriza a sonoridade da banda. Esta junta rock alternativo com stoner rock, fazendo lembrar os trabalhos mais antigos dos Queens of the Stone Age. ‘Rising Sun’ é a última espreitadela antes do lançamento oficial daquele que promete ser o trabalho mais pessoal e íntimo da banda até ao momento.
Sun Blossoms – ‘Void’
Sun Blossoms é o projeto musical de Alexandre Fernandes e ‘Void’ é o nome daquele que promete ser o primeiro de alguns singles que serão lançados no futuro próximo. “Por enquanto não há planos para novo álbum mas temos uns singles para vocês, um bocado como tudo começou para Sun Blossoms“, indicou Alexandre nas redes sociais do projeto aquando do anúncio do single.
Com contribuição de Martim Brito na bateria, ‘Void’ prossegue na sonoridade que foi apresentada nos trabalhos prévios de Sun Blossoms. Produção lo-fi, guitarras bastante cruas e ruidosas, imenso reverb na voz, bateria minimalista e que funciona como o agregador de todos elementos para uma experiência sonhadora, distante e nostálgica. Está tudo aqui.
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Schnek Schaneli – ‘Novo Oeste‘
Schnek Schaneli é o nome pelo qual se apresenta o rapper português Pedro Trindade e ‘Novo Oeste’ é o nome do novo single do artista, que conta com produção de Sylvester.
Sobre uma batida fantasmagórica, ruidosa e industrial, que muitas vezes nos é apresentado no hip hop abstracto, Schnek Schaneli debita barras com um flow que pode ser equiparado a Nerve ou aos COLÓNIA CALÚNIA. É uma faixa potente, atirada diretamente à cara do ouvinte com o baixo pesado e trocas de batidas que vão acontecendo na sua curta duração.