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Sérgio Godinho
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À Escuta. Sérgio Godinho, IAN e a compilação solidária Labanta Braço entre os destaques desta semana

À Escuta, a rubrica semanal do Espalha-Factos, traz-te as novidades mais quentes da música portuguesa. Nesta semana, destacamos o lançamento do novo single de Sérgio Godinho, o disco de estreia de IAN e a compilação instrumental solidária Labanta Braço, iniciativa conjunta da plataforma Rimas e Batidas e da rádio Raptilário que visa apoiar a luta anti-racista.

O Novo Normal‘: uma crónica músical de Sérgio Godinho sobre a realidade instaurada pela pandemia da Covid-19

Apresentar Sérgio Godinho não é necessário. Qualquer amante de música portuguesa reconhece o seu nome e o enorme impacto que teve, não só na música portuguesa, mas em todo o nosso quotidiano. O cantautor português está de regresso, no mês em que comemora o seu 75.º aniversário, com um novo single intitulado de ‘O Novo Normal’. A faixa conta com contribuições de Samuel Úria Nuno Rafael na sua composição.

Sérgio Godinho - O Novo Normal
Fotografia: Divulgação

No seu estilo característico, Sérgio Godinho apresenta-nos uma crónica sobre o que é, afinal, este “novo normal”, descrito pelo próprio como “uma visão distorcida e perturbadora das nossas certezas”. Canta-se sobre o impacto da pandemia da Covid-19 no ser humano e as dificuldades que todos nós temos de enfrentar para que se consiga ultrapassar esta crise que nos afeta a todos. A voz de Sérgio Godinho continua a soar excelente e a carregar a emoção que lhe é tanto característica. A influência de Samuel Úria é notória na criação dos arranjos que compõem o instrumental.

Sobre a sua nova criação, a primeira desde do seu disco de 2018, Nação Valente, Sérgio Godinho refere, numa nota enviada às redações, que “foi bom criar de novo, embora desta vez por motivos cruéis.” mas que a criação vem do “olhar para dentro e ao olhar para fora, na paz e na guerra, no hoje e num qualquer amanhã.” Na mesma nota, Samuel Úria fala da experiência em como foi ter a oportunidade de trabalhar com o cantautor português. “No meio de tanto desencanto, eis que 2020 me incumbe de tarefa tão encantada: trabalhar em cima do esboço dum gigante“, adicionando que se “o novo normal for colaborar com o Sérgio e com o Rafa [Nuno Rafael]” será “anormalmente feliz.”

Pode-se dizer que, dadas as circunstâncias, Sérgio Godinho continua a mostrar porque é que é uma lenda viva da música portuguesa. Que nos continue a fazer companhia durante muitos anos.

Raivera é o nome do disco de estreia de IAN

IAN é o projeto musical a solo da violinista russa Ianina KhmelikRaivera é o nome do seu álbum de estreia, que conta com produção de Nuno Gonçalves, membro dos The Gift. Sobre o nascimento do projeto, numa declaração dada em exclusivo ao Espalha-Factos, a violinista refere que este surge de uma “necessidade de expressar as minhas próprias vivências, tanto profissionais como pessoais.

IAN
Fotografia: Divulgação

Além de encarnar IAN, Ianina é a violinista da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música. Vive em Portugal há mais de uma década. Sobre a sua vida “dupla”, a artista revela que “uma parte [ser violinista na OSPCM] não vive sem outra [IAN].” O desafio que a OSPCM apresenta, de “interpretar obras muito diferentes, que abrangem vários séculos da história da música“, permite-lhe continuar a enriquecer como artista e potenciar a formação do seu “gosto pessoal“.

Face à sonoridade do disco, cuja comparação mais direta que pode ser feita é com a experimentação e versatilidade de Björk, Ianina indica que surgiu da combinação de “muitas influências“. Estas vão desde de compositores clássicos, como Antonio Vivaldi ou Johan Sebastian Bach, compositores mais modernos e experimentais, como Karlheinz Stockhausen, até influências mais contemporâneas. “Inicialmente era apenas violino, depois juntou-se piano” e, finalmente, adicionou-se “a voz e elementos electrónicos“, relata a artista sobre o surgimento de IAN.

Em Raivera, disco que funciona como “um exercício de liberdade” para a artista, é a produção de Nuno Gonçalves que acaba por ser o elemento fulcral. É esta que une toda a densidade e complexidade sonora deste trabalho.  Há espaço para todas as camadas de sintetizadores se encontrarem de forma uníssona, fazendo-se notar as influências de art poptrip hop, com a voz de IAN. É um trabalho que tem tanto de experimental como de cativante, capaz de roubar a nossa atenção com os pequenos detalhes que vão surgindo ao longo das suas nove faixas.

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Rimas e Batidas e rádio Raptilário juntam-se para Labanta Braço, uma compilação histórica que visa apoiar a luta anti-racista

Labanta Braço
Fotografia: Divulgação

Um dos temas mais balados, até agora, em 2020 tem sido a questão do racismo. Desde a morte brutal de George Floyd, a 25 de maio, que os protestos multiplicaram-se por todo o mundo na luta contra o racismo. Em Portugal, o ator Bruno Candé tornou-se a mais recente vítima do racismo, quando foi brutalmente assassinado por um cidadão português. As últimas palavras que ouviu foi “preto, vai para a tua terra“.

Não há dúvidas que o racismo é um crime e um enorme desrespeito pelos direitos humanos. Também não restam grandes dúvidas que o racismo é um problema presente no nosso país. É preciso “refletir mais sobre o tratamento que a comunidade negra recebe de instituições e pessoas que deviam estar mais preocupadas em protegê-la do que em marginalizá-la.” Esta citação provém do comunicado enviado às redações a anunciar o lançamento da compilação instrumental solidária, Labanta Braço.

Esta compilação surge de uma ação conjunta da plataforma Rimas e Batidas e da rádio Raptilário. Esta reúne faixas de 37 artistas negros, tais como Cachupa PsicadélicaDeejay Télio, Slow J e muito mais. A compilação está disponível apenas para audição no Bandcamp. Todas as receitas efetuadas da venda do formato digital desta compilação inédita irão ser doadas à associação SOS Racismo. A compra tem o custo de 1€. “Por todas as vítimas do racismo e da opressão social. Pela mudança, paz e justiça. Labanta Braço.

EU.CLIDES‘Ira Para Quê?’

EU.CLIDES é o nome artístico com o qual se apresenta o músico Euclides Gomes Jr. e ‘Ira Para Quê?’ é o nome do seu segundo single. Em abril deste ano, o artista tinha editado a faixa ‘Terra Mãe’.

Natural de Cabo Verde, nota-se quase imediatamente a influência dos ritmos cabo-verdianos na sua música, em especial na percussão. O dedilhar da guitarra é de uma sensibilidade enorme e complementa o instrumental que o rodeia. A voz de EU.CLIDES completa o espetáculo. Apesar da aparente simplicidade da faixa, esta é bastante cativante, tanto no seu belo arranjo como no hook que nos é apresentado durante o refrão da música.

James C. – ‘Ash & Ice’

Há umas semanas atrás, falávamos aqui nesta rubrica do cantautor português Alexandre Quem. Menciona-se isto porque James C. é o outro lado de Alexandre Quem. Alexandre Santos, que encarna estes dois artistas, lançou o seu primeiro trabalho com o nome de James C. o ano passado, intitulado de Pretty Straightforward.

Em ‘Ash & Iceque conta com a colaboração do artista londrino Donny Dagger, encontramos uma faixa que grita nostalgia no seu instrumental. Uma vibe de vaporwave assombra a música, usando o reverb para criar toda esta atmosfera, tendo a voz do artista um papel preponderante na demonstração dos sentimentos que a música evoca.

No refrão vê-se a voz do artista elevar-se a um quase estridente e distante grito e o instrumental junta, além da referida influência de vaporwave, o toque já bastante reconhecível de indie rock e hypnagogic pop na música do artista. E ainda temos o prazer de ouvir um solo de guitarra absolutamente delicioso como clímax da faixa.

JULIUS‘don’t want to be part of it’

Os JULIUS são uma banda de Aveiro constituída por Isaac Martins, Luís PatrícioFrancisco MalojoMiguel AraújoVasco Rodrigues. ‘don’t want to be part of it‘ é o nome do segundo single do quinteto, o sucessor de ‘Feel Call-Ins’, lançado em maio deste ano.

garage rock está vivo e de boa saúde no indie português. Nos últimos anos, muitas tem sido as bandas dentro deste género que tem abanado a música portuguesa e os JULIUS são mais um (belo) exemplo disso. Os riffs são o elemento principal da faixa, mas os vocais algo ríspidos complementam a estética que nos é apresentada.

O toque mais interessante da faixa, além da sua qualidade lo-fi que nos faz lembrar os trabalhos mais antigos dos The Strokes, é a presença constante de teclas espaçosas que acrescentam uma nova dimensão ao som de garagem do grupo aveirense.

Päzmonstro – ‘Serotonina’

O EP de estreia dos Päzmonstro aproxima-se e ‘Serotonina‘ é o quinto avanço deste projeto. O quinteto lisboeta é constituído pelos veteranos da cena punk portuguesa Rui CamõesMário Castro, Nuno VicenteClaúdio AnibalRaul Carvalho.

Neste novo single, a banda abraça toda a influência de post-hardcore nos riffs espaçosos e belos que surgem, fazendo parecer quase trivial a troca entre os momentos mais limpos e os mais agressivos da faixa. A veia punk nunca se esquece e está bem viva no refrão e na bateria de Serotonina.

The Dirty Coal Train – ‘One Trick Pony’

Beatriz RodriguesRicardo Ramos formam o duo de garage punk, The Dirty Coal Train. ‘One Trick Pony’ é o nome do primeiro avanço do seu novo trabalho, Dirty Coltrane Volume I e II, um álbum duplo que será lançado ainda este ano. O projeto celebra o seu décimo aniversário de existência este ano.

Neste novo single, a banda remete-nos para o seu habitual e característico “garage com a energia e fórmula do punk.“, aponta a banda no comunicado de imprensa enviado às redações. As guitarras soam sujas. Os riffs são robustos e agressivos. A bateria tem a energia punk necessária para complementar tudo. Os vocais soam ríspidos. É garage punk e não desaponta. A banda promete que, para este novo disco, guardou lugar “para coisas “fora da caixa”“.

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