Escrita por Natxo López, Perdida é original da Antena 3 — canal de televisão responsável pelas primeiras temporadas de La Casa De Papel — e estreou-se na Netflix a 5 de junho. A série espanhola anunciava-se desde logo como uma série de ação, cheia de perigo e muita tensão.
Perdida acompanha Antonio a partir do momento em que é preso no aeroporto de Bogotá, por carregar 1,5 kg de droga no seu estômago. O que parece uma simples história de um homem que é preso é na verdade uma busca desesperada por respostas.
Soledad (interpretada pela atriz Verónica Velásquez), com apenas cinco anos, desaparece misteriosamente na praia onde brincava com os primos. Desde então, os seus pais, Antonio (Daniel Grao) e Inma (Carolina Lapausa) procuram saber o seu paradeiro.
Alguns anos mais tarde, Antonio recebe uma informação relacionada com o desaparecimento da filha. Então viaja até Bogotá, onde é preso propositadamente e acaba numa das piores prisões do mundo, La Brecha, para encontrar o homem que raptou Soledad.
Logo no primeiro episódio a série mostra-nos que não é para brincadeiras. A ação passa-se entre Espanha e Colômbia, onde o protagonista Antonio terá de suportar polícias corruptos, líderes de gangs organizados para saber informações sobre Soledad. Ao longo de onze episódios, acompanhamos não só o dia-a-dia de Antonio na prisão como também vemos vários flashbacks, que mostram como era a sua vida ainda com a família unida.

A luta pela sobrevivência — dentro e fora da prisão
Apesar de retratar a luta de Antonio não só para resgatar a filha, como também para sobreviver na prisão, a série retrata um país onde a justiça raramente é eficaz. A corrupção nos tribunais, junto de advogados e juízes, é um dos pontos mais marcantes na série. Através da personagem Angelita (interpretada por Adriana Paz, um dos desempenhos mais marcantes da série), acompanhamos as relações entre membros da justiça e a aplicação de penas a criminosos, que passam muitas vezes pela troca de favores pessoais entre advogados e juízes.

Perdida é uma série que nos faz reflectir sobre o amor, sobre a família e sobre o que somos capazes de fazer para proteger aqueles que amamos. A luta destes pais para saber se a sua filha está viva — e onde se encontra — é algo que nos comove a todos. Faz-nos pensar como tomamos por garantido a presença daqueles que gostamos. Mostra também o que é termos de nos conformar com algo só porque já não temos forças para lutar mais. Como a própria inspectora diz na série, “a esperança é um veneno”; mas nesta série vemos como a esperança foi a única coisa a manter o protagonista vivo. Foi a esperança de encontrar a filha que manteve Antonio vivo na prisão.
Perdida também nos mostra que não devemos ser tão rápidos a julgar os que estão à nossa volta. Com a advogada Angelita, vemos alguém que, aparentemente sem escrúpulos, pode ter um bom coração e não hesitar em ajudar os que estão à sua volta, sem olhar a meios.
Construção do protagonista
A série já foi muito comparada a Prison Break. Apesar de ter estreado há pouco tempo, já há especulações relativamente a uma segunda temporada, visto que o futuro de Antonio foi deixado em aberto. Para o criador Natxo López, o principal desafio desta temporada foi encontra o ator “perfeito” para interpretar Antonio. Numa entrevista ao site Audiovisual451, López diz que “precisávamos de um ator que fosse capaz de interpretar os dois lados, muito diferentes e credíveis: o lado duro de um homem capaz de entrar numa prisão, forte o suficiente para sobreviver aos presos e ao ambiente perigoso, e o lado vulnerável, que deve estar oculto, mas que é o motor da personagem”.
Perdida é uma boa série de ação. São vários os momentos em que sustemos a respiração face aos acontecimentos. Mas tem um final enternecedor. Demonstra que amar alguém significa apenas que queremos ver essa pessoa em segurança e feliz, seja onde for.