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Dia Mundial do Livro

Dia Mundial do Livro: 10 livros para celebrares a efeméride sem saíres de casa

A data que celebra o gosto pela leitura e as grandes obras literárias foi instituído pela UNESCO em novembro de 1995

O Dia Mundial do Livro assinala-se a 23 de abril, mês em que se assinala a morte de Shakespeare e Cervantes. Este ano, o dia comemora-se com livrarias fechadas e lançamentos adiados, mas a data, instituída pela UNESCO e celebrada desde 1995, não pode ser esquecida. Para assinalar este dia, a equipa do Espalha-Factos partilha algumas das suas obras preferidas, todas publicadas em Portugal e disponíveis para compra online, para que possas ficar a conhecer leituras fantásticas e ajudar editoras portuguesas.

A Cidade dos Deuses Selvagens, de Isabel Allende

Imagem: Porto Editora

A perfeita introdução à obra de uma das mais populares autoras sul-americanas, A Cidade dos Deuses Selvagens é o primeiro livro na trilogia jovem adulta As Memórias da Águia e do Jaguar. No seu típico estilo de realismo mágico, Allende apresenta-nos Alex Croft, um rapaz americano que irá acompanhar a avó numa expedição da National Geographic pela Amazónia em busca do monstro a que os locais chamam “A Besta”. Uma aventura para todos que alerta para os impactos negativos da exploração desenfreada da Amazónia na natureza e nas populações nativas da região.

Originalmente publicado em 2002. Editado em Portugal pela Porto Editora.

– Mariana Nunes

Persuasão, de Jane Austen

A última e mais madura obra de Jane Austen. Um clássico da literatura que retrata e não falha quanto à aclamada crítica social feita pela autora em qualquer das suas obras. A protagonista, Anne Elliot, é sem dúvida a mais madura e bem concebida personagem do grande leque de Jane Austen, assim como as que a rodeiam – algumas das melhores construídas pela autora para ironizar as convenções e distinções de classe então vigentes. A persuasão, como explicita o título, e as possíveis situações onde é ou não aceitável ceder à mesma são o mote do romance que, como não poderia deixar de ser com a autora inglesa, prende o leitor no seu belo ambiente, para no fim lhe dar uma valente lição de moral.

Originalmente publicado em 1818 (postumamente). Editado em Portugal pela Relógio d’Água e Editorial Presença.

– Diana Carvalho

O Assassinato de Roger Ackroyd, de Agatha Christie

Imagem: Edições ASA

Roger Ackroyd foi assassinado porque sabia demais. Agora que as trágicas notícias sobre a sua morte apontavam para um suicídio, eram muitas as perguntas sem resposta e várias as pessoas a quem convinha o seu desaparecimento. Quando o caso parece estar num beco sem saída, o médico da aldeia, Dr. Sheppard, junta-se ao vizinho, o detective reformado Hercule Poirot, para reunir provas e encontrar o assassino.

Mais uma vez, a inteligência da autora conduz-nos por um caminho cheio de surpresas e eventos com que não contávamos mas que, no final, fazem todo o sentido.

Originalmente publicado em 1926. Editado em Portugal pela Edições ASA.

– Ana Silva

A Rapariga que Roubava Livros, de Marcus Zusak

Imagem: Editorial Presença

Recorrendo a uma temática bastante utilizada na literatura, a Segunda Guerra Mundial, a obra de Markus Zusak distingue-se pela singularidade com que retrata a época. A história de Liesel, uma jovem entregue para adoção, é narrada pela Morte, que acompanha fielmente a protagonista na sua comovente descoberta da dicotomia que separa a condição humana, a crueldade e a bondade. É uma história sobre a natureza do ser humano, que não coloca de lado o amor pelos livros e a força das palavras.

Originalmente publicado em 2005. Editado em Portugal pela Editorial Presença.

– Daniel Bento

O Terceiro Desejo, de Andrej Sapkowski

Imagem: Saída de Emergência

Um dos mais recentes êxitos no ramo da fantasia, muito graças à adaptação criada pela Netflix e à trilogia de videojogos, a saga de The Witcher segue Geralt de Rívia, um caçador de monstros profissional. O Terceiro Desejo, primeiro volume da saga, conta algumas das aventuras do titular witcher, dando-nos a conhecer o interessante mundo em que ele habita, assim como os personagens recorrentes. Tratando de temas como o destino, as escolhas morais que um tem que fazer e discriminação, O Terceiro Desejo subverte muitos dos clichés do género da fantasia, ainda assim fazendo jus ao género. A obra estaca-se particularmente graças à excelente escrita de personagens e diálogos, assim como o seu desenvolvimento. 

Originalmente publicado em 1993. Editado em Portugal pela Saída de Emergência (agora com uma nova capa referente à série televisiva).

– Tiago Castro

Lê também: Dia do Livro Português. 10 livros que um entusiasta da literatura portuguesa deve ler

O Padrinho, de Mario Puzo

Imagem: 11×17

A trilogia cinematográfica O Padrinho, de Francis Ford Coppola, correu mundo, permanecendo até hoje como uma das sequências mais acarinhadas da história do cinema. Se a tendência geral aponta para a supremacia dos livros em relação às respetivas adaptações cinematográficas, O Padrinho de Mario Puzo tem, sem dúvida, competição à altura. Mesmo assim, a regra confirma-se.

Pontuado pela atenção ao detalhe, o romance foca-se no quotidiano dos Corleone, uma das cinco principais famílias da máfia nova-iorquina no pós-Segunda Guerra Mundial. Sem surpresas de maior, Puzo está à altura do desafio, ao conservar um estilo de escrita simples, onde o inesperado espreita em cada esquina. Uma leitura viciante até à última página.

Originalmente publicado em 1969. Editado em Portugal pela 11×17 (edição de bolso).

– Matilde Dias

O Delfim, de José Cardoso Pires

Imagem: Relógio d’Água

Publicado em 1968, o Delfim anuncia o fim de uma era que estava prestes a chegar a Portugal. Um retrato crítico da sociedade patriarcal no tempo do Estado Novo, a obra questiona costumes e tradições, através de uma narrativa misteriosa e onírica que nos faz andar para trás e para a frente no tempo, sem saber o que é real ou não. 

Conhecemos a história da decadência da família Palma Bravo, pelas mãos e olhos de um misterioso narrador que nos conduz pelas intrigas e segredos que envolvem o que resta desta família. É uma obra-prima da literatura portuguesa, escrita de uma forma completamente original, cujo tema nos faz questionar o poder estabelecido, os papéis de género, e até as formas de contar uma história.

Originalmente publicado em 1968. Editado pela Relógio d’Água.

– Carolina Correia

A Sangue Frio, de Truman Capote

Imagem: D. Quixote (Leya)

Este romance de não-ficção conta a história do assassinato da família Clutter e dos autores do crime. Uma história real que acompanha todos os detalhes do homicídio, deste os motivos até à sua execução. O crime que marcou a cidade de Holcomb, no Kansas, está escrito de maneira tão brilhante e detalhada que prende o leitor do início ao fim. Arrepiante e desconcertante, é 0 livro perfeito para quem gosta de policiais.

Originalmente publicado em 1966. Editado em Portugal pela D. Quixote (Grupo Leya).

– Débora Felicidade

O Canto da Missão, de John Le Carré

Imagem: D. Quixote (Leya)

Este thriller de espionagem, de John le Carré, conta a história de Salvo, filho ilegítimo de um missionário católico irlandês e de uma mulher congolesa, cujo emprego envolve a interpretação e tradução de línguas africanas minoritárias e não minoritárias. Devido às suas habilidades, é recrutado pelo Ministério de Defesa britânico para uma conferência misteriosa que envolve líderes tribais congoleses e os seus apoiantes ocidentais. O que ouve desperta a sua consciência africana, levando a que tente evitar que ocorra um golpe de estado na província de Kivu, no Congo. Apesar de ser uma obra de ficção, o livro apresenta uma posição bastante crítica perante a ganância e imoralidade do mundo ocidental, focando também na apatia do governo britânico perante a Segunda Guerra do Congo.

Originalmente publicado em 2006. Editado em Portugal pela D. Quixote (Grupo Leya).

– Miguel Rocha

O Homem de São Petersburgo, de Ken Follett

Imagem: Editorial Presença

Esta obra de Ken Follett junta o tumultuoso início do século XX na Europa, sem ter de mencionar a Primeira Guerra Mundial muitas vezes: temos em cena uma família nobre inglesa, um jovem Winston Churchill, e russos. Os russos que se viam numa sangrenta revolução. O difícil é saber se chamamos a isto de thriller ou de romance histórico. Retratando eventos que podiam ser reais através de personagens fictícias bastante convincentes nos seus próprios papéis, Follett mostrou-nos a história vista pelos ocidentais, mas também pelos russos, contando os dissabores de um anarquista a sonhar com uma vida igual, as traições e a vida fútil que levam os nobres. Mais importante, e a não esquecer em todo o enredo, são as tentativas de emancipação feminina, ainda clandestinas, que os britânicos da alta sociedade tentavam calar.

Originalmente publicado em 1982. Publicado em Portugal pela Editorial Presença.

– Matilde Costa Alves

Escolhas de: Ana SilvaCarolina Correia, Débora Felicidade, Diana Carvalho, Daniel Bento, Mariana Nunes, Matilde Costa Alves, Matilde Dias, Miguel Rocha e Tiago Castro.