Virgin River estreou-se em dezembro do ano passado na Netflix, mas só agora a quarentena me permitiu descobrir e ver todos os episódios desta série. Em dez episódios, conta a história da enfermeira Mel que muda de cidade à procura de novas oportunidades na sua vida.
Mel Monroe é uma enfermeira e parteira que, após vários acontecimentos trágicos na sua vida, decide deixar a sua carreira em Los Angeles e mudar-se para Virgin River, uma pequena vila no meio do nada. Lá, não conhece ninguém, procura começar de novo e encontrar paz. No entanto, rapidamente se vê envolvida em situações inesperadas e percebe que naquela vila há muitos perigos: desde o amor, ao crime relacionado com drogas, à coscuvilhice dos habitantes.
Esta protagonista é o ponto forte da série. Interpretada pela fantástica Alexandra Breckenridge (This is Us, American Horror Story), é uma personagem forte, com determinação e desenvolvimento visível no ecrã. Ao contrário do que acontece em muitas séries deste género, a personagem de Mel não se perde entre tudo o resto. Ela é, aliás, o fio condutor mais importante para o enredo.
É a partir de Mel que ficamos a conhecer a vila de Virgin River e todos os seus habitantes, mas também o seu passado e a vida que deixou para trás em Los Angeles. A série recorre a flashbacks que, a pouco e pouco, nos vão contanto mais acerca do passado de Mel. Cada episódio nunca revela demasiado, e ficamos sempre à espera de saber mais sobre o misterioso motivo que a levou a Virgin River. Tal como se estivéssemos a conhecer alguém, conversando com a pessoa e descobrindo pequenas coisas do seu passado de cada vez.
Algumas falhas que podemos desculpar
Ao ver o primeiro episódio da série, não fiquei convencida e quis parar e desistir quando ainda nem tinham passado vinte minutos. No entanto, acabei por dar-lhe uma oportunidade e fiquei muito surpreendida. É fácil desistir de séries ou filmes, com base nos primeiros minutos, porque há tanto conteúdo disponível por aí. Mas, às vezes, é bom continuar e ver o que acontece.
Aquilo que me deixou inicialmente de pé atrás foram os seus pequenos erros: personagens a beber café de uma caneca claramente vazia, cenas que cortavam para outras sem aparente ligação. Ou pensar: quem é que deixa a lareira acesa enquanto dorme numa cabana de madeira? Apesar de todos estes pequenos pormenores e idiossincrasias de algumas personagens, o enredo continuou a melhorar, episódio após episódio e criei uma ligação com as personagens.
É difícil contar a mesma história de uma maneira cativante. Digo isto porque já todos conhecemos esta história de outras séries, filmes ou telenovelas: a rapariga bonita com um passado misterioso que se muda para uma nova cidade. Mas isso faz-se construindo boas personagens e escolhendo bons atores, que nos façam esquecer que as chávenas de café estão vazias, como se estivéssemos no teatro.
Uma série romântica com os pés assentes na terra
Virgin River é uma série para quem gosta de romance, de emoção, mas também de mistério. Além de Mel, todas as outras personagens têm vidas e personalidades bastante distintas que são exploradas na série. Jack é o dono do bar da vila, um ex-militar que vive assombrado com o que lhe aconteceu no Iraque. Preacher é um dos antigos colegas de exército de Jack, e o cozinheiro do seu bar, que procura sempre ajudar as pessoas e não se deixa enganar. Paige é a pasteleira da vila, mas que esconde um segredo que a impede de criar relações profundas com quem conhece. E há muitos outros.
Esta série conta uma história de amor agridoce, e mostra como nem sempre há finais felizes na vida. É realista, apesar de ser tão romântica e, por vezes, dramática.
O elenco de Virgin River inclui atores como Martin Henderson (Anatomia de Grey), Annette O’Toole (Smallville), Lauren Hammersley (Orphan Black), Lexa Doig (Arrow) ou Colin Lawrence (Riverdale). Foi criada por Sue Tenney e baseia-se na série literária Virgin River, de Robyn Carr.
A Netflix já confirmou que haverá uma segunda temporada, que deverá estrear ainda em 2020.