Adaptado do livro de memórias do advogado Bryan Stevenson, Tudo Pela Justiça é o novo filme de Destin Daniel Cretton e conta com Michael B. Jordan no papel principal. Chega esta quinta-feira (16) aos cinemas portugueses.
[alert type=red]Esta crítica contém spoilers[/alert]
Após concluir a licenciatura em Harvard, o jovem Bryan Stevenson tem várias opções para continuar a sua aventura pelo mundo da advocacia. Porém, nada lhe parece interessar como defender aqueles que foram injustamente acusados de crimes que nunca cometeram. E, para agravar a injustiça, aqueles que foram acusados de um crime erradamente e que, por isso, se encontram à espera da morte.
A história de Tudo Pela Justiça (Just Mercy, no título original) divide-se em duas narrativas: a aspiração do jovem advogado Bryan, mas também a história de Walter McMillian (Jamie Foxx), injustamente acusado de assassinar uma jovem de dezoito anos, apesar da falta de provas que existiam para a sua acusação enquanto culpado. Graças a Stevenson, McMillian torna-se o primeiro homem a ser libertado de todas as acusações do corredor da morte no estado do Alabama.
A história verídica toca-nos e comove-nos, sendo o grande suporte da aposta cinematográfica de Cretton. O elenco entrega interpretações sólidas e confiantes, em especial Jamie Foxx que carrega grande parte do filme nas suas costas, com olhares que falam mais do que palavras.
A injustiça social marca a vida de McMillian, que, após vários anos encarcerado e à espera de uma data para se despedir do mundo, já havia perdido toda a esperança de um dia conseguir sair para prisão como um homem livre. A sua família, porém, mantinha a esperança viva e via em Stevenson uma abertura para um futuro livre para McMillian.
À medida que a história avança, vai ficando percetível que a prisão de McMillian se tratou de um caso de grande injustiça social arquivada, juntamente com os seus segredos e conspirações para a manter o caso longe de um dia conhecer a luz do dia.
A realização de Destin Daniel Cretton está longe de ser inovadora e não pode, na verdade, ser considerada uma grande conquista. O cineasta aposta pelo seguro e apresenta um filme comovente e baseado numa história verídica, com planos e estratégias narrativas habituais. Com pouco mais de duas horas, a obra consegue tornar-se maçadora na última parte, mas sem nunca destoar. Cretton optou ainda pelos silêncios – que em cinema dizem muito – enaltecendo a dor, a raiva e a injustiça que algumas das personagens sofreram, mas em especial a injustiça vivida por McMillian. A perceção da realidade e do facto de se tratar de uma história verídica torna tudo ainda mais perturbador, mas são raros os momentos em que a realização conquista terreno.
A obra conta ainda com a participação de Brie Larson, uma atriz que já pouco precisa de mostrar o seu talento. Apesar de estar longe de conseguir um dos papéis da sua carreira, Larson mostra-se honesta e capaz, demonstrando que nunca será um erro de casting.
Simples mas polido, Tudo Pela Justiça é um filme que vale a pena ver. Abre-nos os olhos para o que ainda falha no nosso mundo e relembra-nos, mais uma vez, que por debaixo da cor, há sempre um ser humano. Just Mercy chega a 16 de janeiro às salas de cinema nacionais.
Título original: Just Mercy
Realização: Destin Daniel Cretton
Argumento: Destin Daniel Cretton
Elenco: Michael B. Jordan, Jamie Foxx, Brie Larson, Marcus A. Griffin Jr.
Género: Drama
Duração: 137 minutos