José Mário Branco é um dos nomes mais incontornáveis da música portuguesa. Faleceu esta segunda (19), aos 77 anos depois de uma vida dedicada à música e ao ativismo – em Portugal e noutros cantos do planeta. A sua cantiga era uma arma e essa resistirá sempre porque, citando-o, “resistir é vencer”.
Várias foram as figuras públicas que reagiram hoje à morte do artista – desde os amigos mais próximos a dirigentes políticos.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República
“Foi um lutador e uma voz inconfundível da geração de Abril”, foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa lamentou a morte do artista que também era ativista.
O Presidente da República falou aos vários órgãos de comunicação social no Palácio de Belém esta manhã, referindo a eterna insatisfação de José Mário Branco.
“Foi um símbolo de resistência, um símbolo de luta, um símbolo de esperança e um símbolo de permanente exigência à democracia portuguesa“, realçou o Presidente.
António Costa, Primeiro-Ministro
António Costa revelou sentir uma “profunda tristeza” face à morte do cantautor José Mário Branco, lamentando a perda de uma “figura cimeira da música moderna” através da sua conta de Twitter oficial.
“É com profunda tristeza que lamento a perda de José Mário Branco, figura cimeira da música moderna e da cultura portuguesa. O primeiro álbum, “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades” (1971), foi um prenúncio da Revolução de Abril e de uma obra empenhada e combativa”, escreveu o primeiro-ministro.
António Costa acrescentou que a “erudição musical de José Mário Branco acolheu vários géneros, sem hierarquias, e estendeu-se a outros artistas, com quem colaborou, de José Afonso a fadistas como Carlos do Carmo ou Camané”.
“Não esqueceremos a sua música, a sua inquietação”, finalizou.
É com profunda tristeza que lamento a perda de José Mário Branco, figura cimeira da música moderna e da cultura portuguesa. O primeiro álbum, "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades" (1971), foi um prenúncio da Revolução de Abril e de uma obra empenhada e combativa.
— António Costa (@antoniocostapm) November 19, 2019
Sérgio Godinho, cantor e compositor
Em declarações feitas à agência Lusa, Sérgio Godinho lamentou a morte de um amigo, revelando uma “dor muito profunda”.
“Sempre fomos extremamente leais. Nunca houve um desentendimento. No essencial estivemos sempre próximos e cúmplices. (…) Somos irmãos de armas. As nossas vidas tocaram-se muito e tocaram-se em muitas aventuras criativas e pessoais“, disse à Lusa.
Sérgio Godinho recordou a época em que conheceu o amigo artista, em Paris, quando ambos estavam exilados.
Camané, fadista
Um dos artistas que mais privou, para além de colaborar profissionalmente com ao cantautor José Mário Branco foi o fadista Camané.
Em declarações variadas ao longo do dia, a vários órgãos de comunicação, Camané expressou o seu pesar e lamentou a morte de um amigo muito próximo.
O fadista português revelou sentir um “grande respeito e um sentido muito estético da música que ele fazia”.
“Foi a pessoa mais importante no meu percurso artístico”, revelou.
José Mário Branco “esteve ligado aos melhores músicos portugueses” e, segundo Camané, “o legado dele é enorme, não tem explicação e o tempo vai-nos confirmar isso”.
Acrescentou ainda que o artista falecido “era uma pessoa muito bem com ela própria, sem grandes sobressaltos, foi fazendo a sua música” que classificou como “extraordinária” e que ultrapassava as dimensões políticas.
Mário Laginha, pianista
“Morreu o José Mário Branco. Que tristeza.”, foi assim que Mário Laginha reagiu à morte do cantor, numa publicação na rede social Facebook.
“Tinha um respeito e uma admiração gigantes por ele. Era um músico brilhante. Fez alguma da música que mais ouvi na minha adolescência e acho até, que foi uma das minhas influências musicais dessa época. Era e foi, sempre, um compositor e um arranjador muitíssimo inspirado.”, escreveu Mário Laginha.
O pianista realçou a seriedade de José Mário Branco, que considerou não ser “um homem de cedências se elas pusessem em causa os seus princípios. Não há muitos como ele.”
“Até sempre Zé Mário. Obrigado”, finalizou.
Capicua, ‘rapper’
A cantora e rapper Capicua também reagiu à morte de José Mário Branco, expressando o seu pesar numa publicação na rede social Instagram. Começou por citar um verso por si cantado na música “A última” onde no primeiro verso se pode ler “Eu cresci a ouvir Zé Mário, a TV era a rádio e a minha primeira rima foi à porta do infantário”.
A rapper portuense lamentou nunca ter conhecido pessoalmente o cantor falecido, perdendo assim a oportunidade de lhe dizer que “o primeiro CD” que teve “era dele”.
“Uma das coisas que mais me orgulha na minha cidade é ter feito nascer um tipo com a sua fibra!”, afirmou a artista finalizando com um “Morreu um amigo. Um abraço à sua família”.