No dia 11 de novembro é internacionalmente celebrado o Dia do Armistício, que assinala o momento em que ocorreu o cessar-fogo que pôs fim à Primeira Guerra Mundial às 11 horas do 11º. dia do 11º. mês de 1918. Este ano, 101 após o término da Grande Guerra, o Espalha-Factos traz-te livros para ficares a conhecer novas perspetivas sobre o que levou e aconteceu durante e depois da “guerra para acabar com todas as guerras”.
Os Sonâmbulos: Como a Europa entrou em guerra em 1914 de Christopher Clark
Esta história das causas e acontecimentos que levaram à Primeira Guerra Mundial, editada pela Relógio D’Água, vai ao encontro dos mais recentes livros de história sobre este conflito, procurando uma abordagem mais diversa e tentando olhá-lo de múltiplas perspectivas – evitando, por exemplo, a culpabilização de apenas a Alemanha pelo conflito. Um livro simultaneamente intrigante e meticulosamente informativo sobre o que levou à Grande Guerra.
The Fall of the Ottomans – The Great War in the Middle East, 1914-1920 de Eugene Rogan
Ainda sem edição portuguesa, este livro histórico do autor e historiador americano Eugene Rogan, professor na Universidade de Oxford e especialista na história contemporânea do Médio Oriente e Norte de África, traz uma nova perspetiva sobre a Grande Guerra. Desde o envolvimento do Império Otomano no conflito, à ajuda que teve das forças alemãs, até às consequências da vitória das forças da Tríplice Entente sobre o extinto império e a divisão dos territórios otomanos que levou ao cenário político que até hoje está na fonte dos conflitos da região. Mais que tudo, é um nova perspetiva sobre o conflito que foi, afinal, mundial, e as suas repercussões nos territórios para lá da Europa.
The Winter Soldier de Daniel Mason
Neste romance, um jovem médico austríaco, incentivado pelo falso romantismo dado à guerra e pela vontade de fazer os pais orgulhosos, alista-se no exército. Retirado da faculdade para a frente nos Cárpatos, o inexperiente médico descobre um hospital abandonado: todos os médicos desertaram, e com ele ficou apenas uma misteriosa freira enfermeira, Margarete. Ainda sem tradução portuguesa, este romance histórico vai dos salões austríacos para as montanhas geladas, onde o médico terá de fazer tudo o que pode para salvar quem lhe chega ao hospital, incluindo um estranho paciente que parece sofrer de um transtorno neurológico ou psiquiátrico nunca antes visto. Retrato da inexperiência dos jovens de todos os lados da Grande Guerra, da dureza da vida e do trabalho em hospitais de campanha, e do surgimento e primeiras tentativas de compreender e tratar uma nova doença – o stress pós-traumático.
Mrs. Dalloway de Virginia Woolf
Virginia Woolf assistiu e viveu durante a Primeira Guerra Mundial em Inglaterra, e neste romance retrata, numa das personagens principais, as consequências pessoais, mentais e físicas da guerra num dos soldados. Apesar de ser um livro sobre Clarissa Dalloway, esta obra é mais do que isso: é a exposição da realidade de uma Inglaterra pós-Primeira Guerra Mundial em que as mulheres clamam por mais independência, mais recursos e mais opções de vida, e que falha em cuidar dos soldados que mandou para a guerra e que regressaram psicologicamente, senão fisicamente, debilitados, sofrendo daquilo que hoje chamamos de stress pós-traumático. Além disso, é um dos mais inovadores e importantes romances para a literatura do século XX.
The Vanquished – Why the First World War Failed to End de Robert Gerwarth
Neste livro histórico de 2016, o historiador Robert Gerwarth, especialista em História Europeia com ênfase na história alemã, retrata como a Primeira Guerra Mundial pode ter formalmente terminado no dia 11 de novembro de 1918, mas as consequências que mais impactaram as décadas que estariam por vir – e as ideologias extremistas, os genocídios e as revoltas que surgiriam na Europa – devem-se mais à forma como o conflito não terminou por completo, e os acontecimentos no imediato pós-guerra levaram aos problemas e ao caos europeu do resto do século, particularmente no centro, leste e sudeste do continente.
Paris 1919: Six Months that Changed the World de Margaret Macmillan
Outro livro repleto de factos produzido a partir de exímia pesquisa, a obra de Margaret Macmillan, historiadora canadiana professora na Universidade de Oxford, retrata a conferência de Paris de 1919, onde os líderes mundiais se juntaram, tendo entre eles, pela primeira vez, um presidente norte-americano. Foi nesta conferência que se assinou o infame Tratado de Versailles, e na qual as potências mundiais tentaram, talvez de forma ingénua, resolver as questões territoriais pelo mundo fora, traçando novas fronteiras e atribuindo territórios a novos donos sem conhecimento aprofundado desses mesmo territórios e dos povos que neles habitavam. MacMillan tenta entender o que se passou durante a conferência, e o que falhou na criação da paz que levou ao surgimento das ideologias extremistas e de conflitos que duraram até ao final do século XX – e, alguns, até hoje.