Jorge de Sena, Cendrada Luz é o nome do ciclo dedicado ao escritor do século XX que a Cinemateca organiza no centenário do seu nascimento. Faz parte da celebração de dois grandes autores da literatura portuguesa e importantes figuras da nossa cultura. Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen em Correspondência teve início esta segunda-feira (2) com a projeção de Luzes da Ribalta, de Chaplin.
O cinema foi um elemento de ligação entre os dois escritores e uma arte que partilharam nas “Terças-feiras Clássicas”, sessões organizadas pelo Jardim Universitário de Belas Artes. A sétima arte influenciou profundamente a escrita e a vida de ambos, ainda que de maneira diferente.
Jorge de Sena foi, além de crítico literário, ensaísta, poeta e romancista, um ávido cinéfilo e também crítico cinematográfico. Os seus textos sobre esta arte estão reunidos na obra Sobre Cinema, editada pela Cinemateca. Partindo daí e de uma lista de dez filmes que Sena levaria para uma ilha deserta, foram escolhidas 13 obras que são exibidas até 16 de setembro.
Na sessão inaugural do ciclo estiveram presentes Isabel Sena, filha do escritor; o poeta Gastão Cruz; José Manuel Costa, diretor da Cinemateca, e Manuel Fonseca. Relembrou-se a paixão do escritor pelo cinema e a influência que teve nas suas obras.
A magia de Chaplin

Luzes da Ribalta, de Charles Chaplin, foi o filme que deu início ao ciclo. É também o único do programa sobre o qual Sena nunca escreveu. José Manuel Costa explicou que fazia parte da lista de dez filmes favoritos do escritor. Além disso, era conhecida a apreciação de Sena por Chaplin e Charlot, tendo-lhes dedicado um texto em 1946.
O filme é de 1952 e retrata Chaplin depois de Charlot, contando a história de um velho palhaço e de uma jovem bailarina enquanto procuram o seu lugar no mundo. Apesar de ter tido pouco sucesso quando estreou, voltou aos cinemas nos anos 70 e deu a Chaplin um Óscar.
Luzes da Ribalta é exibido novamente esta terça-feira (3), às 18h30. No ciclo dedicado a Jorge de Sena seguem-se filmes como O Escritor Prodigioso, de Joana Pontes; A Bela e o Monstro, de Jean Cocteau, e Macbeth de Orson Welles.
Correspondências de Rita Azevedo Gomes faz a passagem do ciclo de Jorge de Sena para o de Sophia de Mello Breyner Andresen. O filme inspira-se nas cartas que os dois poetas trocaram durante quase vinte anos. Será a primeira exibição da obra na Cinemateca, a 16 de setembro.