A terceira temporada de GLOW foi lançada na semana passada, dia 9 de agosto. A série da Netflix retrata as vidas de lutadoras femininas de um programa de wrestling, nos anos 80.
Depois de dois anos de aclamação da crítica, a terceira parte desta história transporta as personagens de Los Angeles para Las Vegas. A mudança de cenário promete ser uma grande oportunidade para a carreira das protagonistas. Não obstante, nem tudo corre como planeado e cada elemento terá de lidar com dramas pessoais.
GLOW é dos programas mais consistentes da Netflix. O Espalha-Factos avalia se a mudança de ares manteve a qualidade da série ou desviou-a do bom caminho.
Temas tão sensíveis nos anos 80 como agora
O drama das personagens foi sempre o ponto forte de GLOW. Neste ponto, a terceira temporada não só mantém a qualidade, como explora ainda melhor a psicologia das suas protagonistas.
A escrita é ótima nas interações cómicas e as frases ficam no ouvido. As narrativas particulares de cada membro do elenco conseguem ser todas cativantes e distintas. Os temas dessas histórias fazem tanto parte do passado como do presente.
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O ano de 1986 em Las Vegas é recriado na perfeição, através da banda sonora, da realização criativamente vibrante e dos problemas sociais da época. O fim da idade de ouro da Cidade do Pecado é explorada ao detalhe e é a desculpa utilizada para refletir sobre feminismo, sexualidade, racismo e as exigências do mundo do espetáculo. É chocante perceber como certos tabus desses anos ainda se mantêm nos dias de hoje.
A tornar a escrita realidade está o conjunto talentoso de atores. O trio de Alison Brie, Betty Gilpin e Marc Maron continua a ser a base que sustenta os grandes momentos emocionais da série. No entanto, o resto do elenco brilha mais do que nunca esta temporada e até atores convidados como Geena Davis e Kevin Cahoon conseguem ter momentos de destaque.
Lutador enferrujado
A exploração mais aprofundada das personagens sacrifica a componente de wrestling. Ao todo, só existem dois grandes momentos dentro do ringue. O mais dececionante é que são duas cenas extremamente divertidas e importantes para a evolução das protagonistas. A luta livre sempre deu uma personalidade única a GLOW e a sua ausência no resto da temporada deixa uma sensação de vazio.
Apesar do bom trabalho na maioria da componente narrativa, existem algumas falhas. Uma decisão que surge a meio da temporada parece levar uma personagem por uma mudança de atitude que não leva a lado nenhum e é rapidamente substituída por outra mudança.
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Certas histórias secundárias são abandonadas sem uma conclusão satisfatória, devido a um foco nos elementos mais importantes da temporada. É um pouco problemático, já que é estabelecida uma ligação entre essas personagens e o espetador, mas depois a própria série trata-as como se nunca tivessem muita importância.
Nenhuma das falhas arruína GLOW ou sequer um episódio. No entanto, não deixam de ser incómodas, até porque podiam ter sido facilmente corrigidas.
Veredito
A terceira temporada de GLOW mantém a qualidade que os fãs esperam. A série continua a ser das melhores ofertas no catálogo da Netflix. Uma escrita forte, interpretações excelentes e uma recriação fiel dos anos 80 vão deixar qualquer um rendido. Por outro lado, a componente de wrestling fica com um papel menos preponderante e há narrativas que não são tão bem executadas.
Os fatores negativos impedem a terceira temporada de se tornar a melhor da série. Mesmo assim, GLOW é uma viagem recheada de charme pela década de 80 que nos consegue ensinar muito sobre os dias de hoje.