Stereossauro tornou o Palco Lopes-Graça demasiado pequeno assim que entrou para apresentar Bairro da Ponte. O novo disco deu corda a este concerto e com ele aprendemos a ver a cultura portuguesa com outro brilho nos olhos. O fado já não está como o conhecemos e a eletrónica ou hip-hop entram para nos trocar as voltas.
Acompanhado de DJ Ride, uma guitarra portuguesa e uma bateria, Stereossauro faz-nos repensar o que pensamos quando o género tradicional português nos vem à memória. A homenagem dá-se em Cem Soldos, uma aldeia pacata e envelhecida, onde o passado se cruza com o futuro sempre que lá se dá o festival. Curiosamente, o mesmo se passa em Bairro da Ponte onde o fado tem um ar renovado (não apropriado para puristas).
Um disco cheio de colaborações, mas sem a presença dos artistas neste concerto. Estiveram lá imortalizados nas canções, nos vídeos e no público que se sentiu inacreditavelmente português. E neste país à beira mar plantado sentimos tudo, desde as emoções desportivas em Nunca Pares (em jeito de celebração do Euro 2016) ao já célebre e opulento remix de Verdes Anos (que surgiu com a Eurovisão em Lisboa).
A chuva ameaçou e lá caiu, mas isso não demoveu o público à frente do Palco Lopes-Graça. A consagração de tudo o que é inevitavelmente português só fez sentido em coletivo, onde o estandarte de Portugal parece ser carregado por Bairro da Ponte. É “tuga” e nós gostamos tanto. Assim, Stereossauro ganhou o coração da aldeia e nela estendeu o legado deste país à beira mar plantado.