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‘Child’s Play’: Uma brincadeira pouco convincente?

Child’s Play, de Lars Klevberg, traz novamente ao grande ecrã o icónico boneco assassino, Chucky. Com estreia marcada para 18 de julho, em Portugal, o filme regressa com algumas mudanças não só a nível de visual de Chucky, como também da própria narrativa. A forma como o boneco diabólico ganha vida mudou e há uma forte presença da tecnologia, sendo que o próprio funciona como uma inteligência artificial capaz de se conectar a outros dispositivos.

É raro fãs de terror, sobretudo de slashers, não conhecerem a história deste clássico dos anos 80. O original realizado por Tom Holland foi um sucesso. Apresentou-nos a história de um boneco, cuja essência é na verdade o espírito do serial killer Charles Lee Ray (Brad Dourif, que aparece apenas no primeiro filme, fazendo a dobragem do boneco nos outros seis filmes da franquia). Uma mãe oferece o boneco de presente ao filho e o serial killer vê na criança a possibilidade de voltar a habitar um corpo humano.

Neste reboot muito é mantido, mas talvez o mais essencial se tenha perdido. Admito que já fui mais fã desta história. Considero que a franquia estava em decadência e procurar agora revivê-la com mais um filme não me deixou com muitas expectativas positivas. Porém, de algum modo até me surpreendi.

Este filme não teve receio em arriscar, em criar a história do Chucky a partir do zero, isto é, renovando a sua origem. Mesmo que não seja tão cativante quanto o da narrativa original, o argumento ganha pontos por tentar inovar.

A premissa mantém-se. Karen Barclay (Aubrey Plaza), uma mãe solteira, adquire um boneco conhecido por Buddy após este ter sido devolvido na loja onde trabalha. Como o seu filho, Andy (Gabriel Bateman) está prestes a fazer anos, e dinheiro é algo que falta na família, a mãe decide oferecer-lhe de presente o boneco. Os problemas começam quando Andy se apercebe que Buddy é um boneco diferente dos outros da mesma marca, podendo por exemplo, dizer palavrões.

Fotografia: Child’s Play/Divulgação

Quando Andy e Chucky começam a aproximar-se, temos aquela sensação estranha de “isto é fofo, mas ele vai acabar por dar uma de assassino não tarda” – mesmo depois disso acontecer ainda sentimos alguma empatia pelo boneco, pois vemos como custa a Andy admitir que o seu primeiro e único amigo não é aquilo que ele esperava.

A relação entre mãe e filho funciona também muito bem, pois é bastante convincente, devido ao trabalho feito pelo elenco. Plaza e Bateman estão muito competentes. No entanto, quem se destaca verdadeiramente é Gabriel Bateman por interpretar um rapaz com um arco de desenvolvimento bem trabalhado.

A escrita das personagens e do argumento em geral não está completamente satisfatória. Além do excesso de clichés, algumas partes criadas para gerar o riso são bastante forçadas. Também o próprio ritmo do filme é bastante acelerado, deixando subenredos por desenvolver, ou dando atenção a detalhes que depois não terão importância para o todo.

A voz de Chucky, a cargo de Mark Hamill, está bastante bem feita e cria-nos um sentimento de estranheza positivo. O mesmo não se pode dizer do novo visual de Chucky.

Fotografia: Child’s Play/Divulgação

Child’s Play além de fortes performances, tem uma boa fotografia e bons efeitos visuais. As mortes são bastante sangrentas, dando um toque gore que assenta bem no filme. Este propõe-se a ser o típico silly movie e funciona, pois ao não se levar muito a sério, gera entretenimento. Quem for ver o filme com poucas expectativas pode surpreender-se. Quem esperar demasiado do filme, vai desapontar-se.

Child’s Play faz-nos refletir, como muitos outros filmes já o fizeram, sobre as consequências negativas da evolução da tecnologia e do consumismo desmedido. Afinal, não estamos assim tão longe desta realidade. Cada vez mais o humano tenta ganhar controlo através de dispositivos exteriores e esquece-se dos efeitos negativos que daí podem advir. O controlo pode rapidamente passar para o outro lado.

O novo Chucky estreia em Portugal esta quinta-feira (18), tendo como principal concorrência o remake de The Lion King em live-action.

 

Título original: Child’s Play

Realização: Lars Klevberg

Argumento: Tyler Burton Smith

Elenco: Mark Hamill, Aubrey Plaza, Brian Tyree Henry, Gabriel Bateman, David Lewis, Ty Consiglio, Beatrice Kitsos, Carlease Burke

Género: Terror

Duração: 120 minutos

 

'Child's Play' - Já nos estamos a divertir?
Realização
5.2
Argumento
4.6
Elenco
6.5
Banda sonora
3
Fotografia
5
Efeitos visuais
5.5
Reader Rating3 Votes
5.8
Boas representações
Alguma originalidade
Boa fotografia e Efeitos Visuais
Elementos de gore e violência
Humor forçado
Ritmo acelerado
Subenredos mal explorados/desnecessários
Excesso de personagens construídas com base em estereótipos
Visual do Chucky
Narrativa pouco cativante
5

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