Spider-Man: Far From Home estreou a 4 de julho em Portugal. A segunda aventura de Tom Holland como o super-herói da Marvel é um filme de transição para o MCU. Serve de rescaldo para Avengers: Endgame, ao mesmo tempo que estabelece algumas bases para a Fase Quatro da saga.
Zendaya, Jason Batalon e Jon Favreau regressam nos papéis do primeiro filme. Ao elenco original junta-se um dos grandes nomes do MCU, Samuel L. Jackson, assim como o novato nestas andanças, Jake Gyllenhaal.
Misteriosos inimigos, um novo aliado, uma aventura pela Europa e o legado de Tony Stark. Uma mistura complicada de aguentar para Peter Parker que ainda está a tentar equilibrar a vida de super-herói com a de adolescente.
A premissa tinha potencial e a expetativa para o filme era alta. Será que Spider-Man: Far From Home esteve à altura do desafio? Ou cedeu sob pressão? O Espalha-Factos ajuda-te a chegar à resposta.
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Interrail Atribulado
Far From Home não tem a vida facilitada. As funções do filme são ser uma sequela melhor que o primeiro, dar seguimento às consequências de Endgame e progredir o desenvolvimento tanto das personagens fundamentais que o integram, como da própria saga da Marvel.
O realizador Jon Watts consegue atingir todos estes pontos, o que é uma proeza impressionante. Não obstante, tal como a viagem de Peter Parker no filme, o caminho para alcançar estes objetivos é um bocado atribulado.
As personagens são a melhor parte do argumento. Somos transportados para o mundo da adolescência e é tão ou mais divertido do que no primeiro filme. Cada elemento progride de forma satisfatória ao longo da narrativa e os atores fazem todos um ótimo trabalho.
Tony Stark faz-se sentir na história, contudo de forma muito mais reduzida do que em Homecoming. O percurso de Peter Parker ao longo do filme é interessante e no meio de tudo está a interpretação de Tom Holland, provando, outra vez, que o ator foi das escolhas mais acertadas de todo o MCU.
O humor característico da Marvel está presente, como não podia deixar de ser. A verdade é que mais de duas dezenas de filmes depois, existem momentos onde as piadas atrapalham ou incomodam, ligeiramente. A maioria da comédia resulta, mas um terço apresenta algum desgaste.
Far From Home introduz algumas reviravoltas na história que funcionam em conceito, mesmo que haja uma execução um pouco desastrada e demasiado complicada. Especificando, a cena da grande revelação perde demasiado tempo com exposição de detalhes irrelevantes. No entanto, a partir daí, a segunda metade do filme é um crescendo bem feito até ao inevitável clímax.
Ação tudo menos genérica
Por falar em clímax, os momentos em que Peter Parker luta contra os vilões do filme são dos melhores conjuntos de qualquer filme da Marvel. Pela própria essência dos Elementals, as cenas de ação apresentam uma dinâmica distinta da maioria dos blockbusters de super-heróis. Algumas inspirações mais óbvias vão para Doctor Strange (2016), se bem que existe uma identidade própria em Far From Home.
O ritmo, a escolha de edição de planos e a coreografia da ação apresentam sequências arrebatadoras. Jon Watts e os seus colaboradores merecem elogios desmedidos por todo o esforço feito para construir estes momentos.
O ponto mais forte do filme é mesmo a componente audiovisual. Os cenários europeus são muito bem aproveitados e servem de parque de diversões para as lutas entre as personagens. Há sempre o risco de uma história perder o foco nas personagens para privilegiar a ação e Far From Home às vezes parece próximo de cometer esse erro. Mesmo assim, o filme consegue dar espaço para os momentos mais íntimos da narrativa funcionarem.
A banda sonora original não se destaca muito, apenas sendo eficaz a complementar os pontos mais importantes da narrativa. Por outro lado, as canções emprestadas das discografias de outros artistas brilham a realçar momentos cómicos, tensos e, num dos melhores pormenores do filme, a evolução de Peter Parker.
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Fase Quatro
Se a parte principal de Far From Home é o rescaldo de Endgame, o final é um petisco que nos dá vontade de ver o próximo filme, imediatamente. Sim, vale a pena ficar até ao fim dos créditos. Existem duas cenas, uma a meio e outra no fim, e ambas têm implicações importantes para o MCU.
Em particular, o momento a meio dos créditos. Uma reviravolta bombástica que altera a dinâmica dos próximos filmes e um cameo incrível fazem desta uma das melhores surpresas deixadas pela Marvel.
Spider-Man: Far From Home cumpre as exigências e deixará qualquer fã de super-heróis feliz. Não está ao nível dos melhores capítulos da sua saga cinematográfica devido a uma história segura e com alguns solavancos. Contudo, a ação, as personagens e a antecipação gerada para o que ainda está para vir fazem com que esta aventura seja acima da média. O futuro parece risonho, por agora.