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O Festival ‘A Porta’ e o Portugal que deu certo

Há dez anos, perguntar-se-ia a um português sobre a localização de um festival, que responderia “Lisboa e Porto”. Hoje, estamos certos que as coisas não são bem assim. Já se contam inúmeros festivais que exploram a mundividência da aldeia, da região ou até do distrito. Desta maneira, o Festival ‘A Porta’ é nada mais, nada menos, que este exemplo do “Portugal que deu certo”.

‘A Porta’ é um conjunto de propostas de reflexão e crítica artística que acontece na cidade de Leiria de 14 a 23 de junho. Quanto à música, no seu cartaz podem ressaltar-se nomes como o ex-Ornatos Violeta Manel Cruz, os leirienses First Breath After Coma, o neozelandês Jonathan Bree ou recentes, mas imperativos, nomes da música portuguesa, como Bruno Pernadas, JP Simões ou Fado Bicha.

Querendo explorar a potência da cidade de Leiria, o festival é multidisciplinar e, por isso, não se espera só música. Ao longo de 9 dias, a cidade é invadida por artes visuais, workshops para todos, atividades de responsabilidade social e ecológica, jantares temáticos, feiras e muito mais.

Segundo Guilherme Garrido, diretor artístico do festival, só assim se pode cumprir a visão de quem o organiza. Sendo esta já a sua quinta edição, ‘A Porta’ é o “amor e a celebração de uma cidade, das suas gentes e dos seus agentes.”

Leiria do mundo, Leiria de todos

O responsável pela direção artística ainda explica que este festival se destaca por “lançar as sementes”. Quer-se entender que quem faz a cidade de Leiria tem algo para contar, não importa a idade. Todas as portas se abrem aos habitantes desta cidade e até há espaço para uma portinha.

«Acima de tudo, queremos criar novas experiências, vontades memórias. Há toda a sensação de uma cultura em prol do mundo e uma relevância máxima da educação pela arte.»

Com esse mote em vista, surge este programa educativo: o ‘Portinha’. Surge, então, para aguçar o espírito dos leirienses, dos mais pequenos aos mais graúdos, visitas guiadas, oficinas criativas e workshops familiares com 36 atividades.

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Entende-se que todas as idades tenham feridas, isto é, debates, falhas, problemáticas com a própria concepção que têm do mundo. Todo este programa perspetiva-se como criador de mais falhas, mas, de igual modo, de reparos. Incentiva-se, desafia-se, num espaço onde a cultura não tem anos de vida. Como bem afirma Guilherme Garrido, a portinha acaba por ser um “portão” que está aberto para todos. Se ainda há a dúvida, que se resolva: é, sim, um festival popular , tendo em conta toda a boa intenção que o popular pode trazer.

Mas em Leiria vê-se mais da Terra que a poetizada aldeia de Caeiro. Dá-se a celebração, mas tiram-se as caras. A cidade está aberta ao mundo e não há lugar para protecionismos. Com a sua identidade se juntam as deste planeta e se cria um espaço universal. É o teaser da edição 2019 que, simbolicamente, demonstra o que se pretende deste festival:

5ª edição do optimismo

Com uma equipa pequena se idealizou um cenário de uma cidade. Embora meia década possa ainda denotar variadas fragilidades, Guilherme Garrido sabe que ‘A Porta’ é um festival que as vai conseguir enfrentar.

Por ser um fenómeno que pode trazer amargos realismos, decide-se estar acima de todas as hesitações.

«O festival ‘A Porta’ é um festival optimista, acima de todas as dificuldades. O facto de estarmos em conjunto, nesta comunidade enorme, permite que seja uma celebração optimista. Estamos aqui para gritar aos sete ventos: este espaço é nosso e é de todos e para todos que queiram construir e queiram transformar. Esta é a única maneira que nos faz continuar. »

Assim, tem-se a imagem de um conjunto de experiências que querem deixar marca. Desse modo, esta quinta edição promete não ficar atrás. Que em junho se solte a arte e a memória desta semente confiante de que a festa se faz de olhos abertos.

Para mais informações, consulta o site.