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Fonte: Rádio Vale do Minho

10 filmes para celebrar o 25 de Abril

A revolução dos cravos marcou a história do nosso país e, para comemorar o 45º aniversário do 25 de Abril, o Espalha-Factos mostra 10 filmes para celebrar este dia. Embora a revolução tenha sido o momento mais significativo, esta data está também ligada à repressão do Estado Novo, à censura e à guerra colonial. Mais do que cravos, os filmes destacados mostram a experiência do regime Salazarista.

1- Adeus, Até ao Meu Regresso, António Pedro Vasconcelos (1974)

 

 

Este é um documentário que engloba depoimentos dos ex-combatentes acerca da guerra e das marcas que esta deixou. Aquando da Guerra Colonial na Guiné, os soldados portugueses que ali combatiam deixavam mensagens de Natal aos seus familiares.

Adeus até ao Meu Regresso foi feito e estreou-se no momento em que, pela primeira vez, a guerra dava lugar à paz e os soldados regressavam a casa: em Dezembro de 1974. António Pedro Vasconcelos pretende mostrar a dimensão de um conflito armado e, principalmente o que restava dele na cabeça do povo.  Entre traumas, afirmações, dúvidas e resignação, o filme mostra o que se passou durante a estadia na Guiné e o regresso tão esperado a Portugal.

 

2- ‘Non’ ou A Vã Glória de Mandar, Manoel de Oliveira (1990)

 

 

O filme de Manoel de Oliveira tem como fundo a guerra colonial portuguesa, combinada com muitas outras batalhas que o país enfrentou. Non acaba por ser uma reflexão sobre a História de Portugal, destacando alguns acontecimentos mais marcantes para a nação.

A Vã Gloria de Mandar é uma viagem pessoal pela memória histórica que começa e acaba na Guerra Colonial. A jornada enfrenta vários momentos igualmente desastrosos, principalmente militares: a resistência de Viriato aos romanos ou o delírio de Alcácer Quibir são exemplos disso.

3 – Cartas da Guerra, Ivo M. Ferreira (2016)

 

 

Ivo Ferreira dá mais um exemplo de um cenário bélico, já que retrata a Guerra Colonial, desta vez a Leste de Angola. A história passa-se no ano de 1971 e gira em torno dos apaixonados António (Miguel Nunes) e Maria José (Margarida Vila-Nova) que vão trocando cartas durante dois anos, devido à distância.

É através destas cartas que se conhece o homem por trás do soldado: a solidão, as angústias, desejos e esperanças. Contudo, à medida que o tempo passa António começa a afeiçoar-se a África, tomando posições políticas. Um filme baseado na compilação de cartas que António Lobo Antunes, na altura destacado para Angola, escreveu à sua mulher. O filme foi escolhido pela Academia Portuguesa das Artes e Ciências Cinematográficas para representar Portugal na categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira em 2017.

4- 48, Susana Sousa Dias (2010)

 

 

Com base em fotografias de prisioneiros políticos, Susana Dias centra-se no Estado Novo e desvenda o sofrimento que é viver naquela altura, através desses rostos. Em voz off surge o depoimento vivo da pessoa, alternando pausas e silêncios para abrir espaço à reflexão.

No seu documentário, Susana recorre a 16 imagens para contar 48 anos de repressão, servindo-se também da conotação das roupas, das caras e da forma de estar para representar a sociedade. Nenhum está identificado com um nome nem idade, pois estes simbolizam todos os presos pela PIDE. A realizadora quis ainda incluir os presos africanos, o que foi impossível pois estes arquivos desapareceram. Mas Susana deu a volta à situação e para os retratar optou por planos negros, apenas com vozes que falam de tortura e sofrimento.

5 – Cinema – Alguns Cortes: Censura, Manuel Mozos (2014)

 

Alguns Cortes: Censura | Fonte: Cinemateca

Manuel Mozos dá a cara por um filme de montagem que revela a censura, principalmente no cinema, durante o Estado Novo. Os gabinetes de censura não se aplicavam apenas aos meios de comunicação social nem aos livros. Muitas vezes o cinema era “atacado” nessa vertente.

Neste contexto, é a partir de várias horas de cortes realizados pela Comissão de Censura durante as décadas de 50 e 60 que o realizador mostra a violência da censura como negação da possibilidade de ver estas imagens.

6- A Hora da Liberdade, Joana Pontes (1999)

 

 

Este documentário surge no âmbito dos 25 anos do 25 de Abril de 1974. Joana Pontes realiza, para a SIC, um filme que evoca os diversos passos do golpe militar que derrubou o regime Salazarista.

Foi com esse objetivo que se fizeram várias entrevistas aos protagonistas desse momento histórico, para tentar desvendar ao mais ínfimo pormenor a evolução dos acontecimentos. É a partir destes depoimentos que Joana mostra como nasceu, como se afirmou, organizou e decorreu a revolução dos cravos.

7- Capitães de Abril, Maria de Medeiros (2000)

 

Outro filme sobre o “dia D”, é o de Maria de Medeiros que retrata a revolução que aconteceu na madrugada de 25 de Abril de 1974. Esta é, talvez, a obra mais conhecida sobre o momento em que se repôs a democracia no país, já que é considerada uma das mais impressionantes produções do cinema português.

Capitães de Abril exibe um golpe de estado único que, na sua conceção e execução espantou o mundo. À mistura com uma glorificação popular nas ruas de Lisboa e os seus episódios circunstanciais, os momentos históricos mais marcantes do 25 de Abril sobressaem. O filme acaba então por ser uma recomposição histórica, contada com sinceridade e com uma homenagem à memória de Salgueiro Maia.

8- Amanhã, Solveig Nordlund (2004)

Amanhã | Fonte: desobedoc files

A realizadora sueca conta a história de Nuno, um rapaz de nove anos que foge de casa na noite da revolução. Quando se vê no meio das tremendas discussões entre a mãe e o padrasto, Nuno decide ir ter com o seu pai, mesmo não sabendo onde ele mora.

A meio do seu caminho, a criança vê-se obrigada a esconder-se da polícia e, nesse instante, entra num grande edifício que está a ser evacoado à pressa. Entretanto, há uma grande alvoroça lá fora: partem carros e pessoas a toda a velocidade, e ninguém dá por Nuno. Na manhã seguinte, o menino acorda e ouve gritos vindos da rua: estão tanques, soldados e as ruas cheias de gente. Está a acontecer a revolução e, na cabeça de Nuno a sua mãe é a responsável por isto, só para o encontrar. Mais tarde, Nuno fica a saber que afinal foi a PIDE o seu esconderijo naquela madrugada.

9- As Ondas de Abril, Lionel Baier (2013)

 

Inserido também no contexto do dia da revolução, As Ondas de Abril acaba por mostrar a imagem de um país “subdesenvolvido, mas simpático”. O realizador suíço aposta numa comédia para realçar Portugal naquela altura, e como tudo mudou numa madrugada.

A narrativa centra-se em dois jornalistas da rádio suíça que são enviados a Portugal para fazer uma reportagem “positiva” sobre a ajuda a um país como o nosso. À medida que passeavam pela província portuguesa irrompe a Revolução dos Cravos. Decididos a acompanhar os eventos em primeira mão, dirigem-se a Lisboa na sua carrinha Volkswagen. Os repórteres aproveitam o facto de estarem no sítio certo, à hora certa, fazem a reportagem das suas vidas sobre o espírito de liberdade do povo lusitano.

10- Bom Povo Português, Rui Simões (1981)

 

 

Rui Simões cria um documentário histórico que é descritivo em relação à situação social e política após o 25 de Abril . Bom Povo Português abraça dois momentos cruciais: a revolução dos cravos e o primeiro governo provisório.

O documentário aborda diversos aspetos que decorreram durante mais de um ano: as manifestações do PS e do PCP; António de Spínola e o «bom povo»; o direito à greve; a luta de classes; Mário Soares perante a contaminação fascista da administração pública; os actos de repressão pela GNR, as manifestações pela descolonização e a radicalização da vida política: o 28 de Setembro, o 11 de Março.

Entre estes e mais acontecimentos, a longa-metragem assume-se como um filme de intervenção, tomando uma posição ideológica perante a injustiça social.