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Foto: João Correia de Sá / Espalha-Factos

Carina Figueiredo: a portuguesa que deixou de viajar de avião pelo ambiente

Encontrei-me com a Carina Figueiredo em Barcelona, cidade pela qual passou na sua viagem Londres – Lisboa. O seu propósito foi viajar apenas de autocarro e comboio, de forma a promover um estilo de vida mais amigo do ambiente.

Para explicarmos como surgiu esta ideia, temos que voltar um pouco atrás na sua própria história. Em 2014, quando foi para Londres estudar Design Gráfico na London College of Communication, Carina deixou de consumir carne – por rejeição do seu corpo. Com o passar do tempo, deixou de comer produtos de origem animal e à medida que foi recolhendo mais informação, tornou-se mais consciente e isso começou a refletir-se nas opções que tomava. Entre essas opções está a redução no consumo de plásticos e a procura por soluções alternativas a estes.

Foto: João Correia de Sá / Espalha-Factos

Quando começou a trabalhar com o festival No Planet B, em Londres, tomou contacto com diversos influencers, bloggers e marcas com preocupação no que diz respeito à sustentabilidade. Foi aí que conheceu Evelina Utterdahl, que não utiliza avião para as suas deslocações. Para Carina, esta foi a inspiração que lhe faltava, uma vez que já levava um estilo de vida “green”, com soluções para (quase) todos os problemas relacionados com plásticos e químicos. Contudo, a portuguesa ainda não tinha conseguido reduzir o impacto causado pelas suas viagens de avião, algo que faz com frequência e que lhe deixava preocupada, uma vez que tenta levar o estilo de vida mais amigo do ambiente. Desta maneira, decidiu fazer esta viagem para mostrar tanto a si mesma quanto às outras pessoas que tendo tempo é possível fazê-lo.

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LONDRES – LISBOA: O PERCURSO

Carina saiu da capital britânica no domingo à noite e apanhou um autocarro para Paris. Devido a um atraso – causado pelo trânsito –, perdeu o seu segundo autocarro, com destino a Bordeaux. Sorte ou azar, o comboio esteve parado 9 horas devido a uma manifestação – cujos passageiros não estavam à espera – e como tal, quando chegou a Bordeaux, o seu autocarro para Lisboa já tinha partido. As suas opções nesse momento, uma vez que já não havia mais autocarros segunda-feira com destino a Portugal, seriam passar uma noite na cidade francesa ou ir até Barcelona, onde me encontrou.

Os autocarros para Barcelona estavam quase a partir, Carina comprou os bilhetes à porta do autocarro e chegou à capital catalã pelas 5h da manhã de terça-feira. Conta-nos que a experiência tem estado a ser muito gira, ainda que note o cansaço derivado dos atrasos e perdas constantes de transportes. De Barcelona viajou até Madrid, em comboio e na capital espanhola, apanhou um último autocarro, que a deixou em Lisboa pelas 22h de terça-feira. Na mochila, levou além de roupa, comida suficiente para toda a viagem – entre refeições, snacks e líquidos –, assim como talhares de madeira e um cantil metálico com água.

“Hoje em dia fazia as coisas de uma forma um pouco diferente, mas há uma primeira vez para tudo e estamos sempre a aprender.”

O IMPACTO DA VIAGEM E A INFLUÊNCIA POSITIVA NO PRÓXIMO

Foto: João Correia de Sá / Espalha-Factos

Para a jovem designer, desde que uma pessoa tenha tempo ou disponibilidade para tal, esta experiência é muito positiva e há realmente muito que aprender. O facto de se saber e de se ter consciência do quão prejudicial é voar para o meio ambiente, para si, é razão suficiente e o fundamental. Quer as pessoas façam o mesmo, ou não, acredita que da mesma maneira que Evelina a influenciou, assim haverá alguém que a segue e que quiçá pensará duas vezes e só aí já se fará a diferença. A viagem acabou após quase 47 horas e na próxima semana espera-lhe um retorno de 32 horas, de Lisboa para Londres.