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auschwitz campo de concentração
Foto: Pixabay

‘O Tatuador De Auschwitz’: uma história de horror, acasos e amor

Heather Morris, a autora, foi apresentada a Ludwig Eisenberg, idoso que teria uma história para contar. Essa apresentação mudou a vida de ambos e deu lugar ao nascimento desta história, verídica, mais do que Ludwig, o tatuador de Auschwitz, gostaria que tivesse sido.

Numa edição da Editorial Presença, O Tatuador de Auschwitz chegou às livrarias portuguesas em fevereiro deste ano. O Espalha-Factos teve agora a oportunidade de o ler e revela-te alguns detalhes da história.

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‘O Tatuador de Auschwitz’, de Heather Morris. Editorial Presença. | Fonte: Wook

O drama e o amor

Este é um livro de opostos – sofrimento, esperança, maleficência, ternura, desespero, benevolência, amargura e, essencialmente, amor.

A obra relata a vida de Ludwig Eisenberg, que posteriormente mudou de nome para Lale Sokolov, judeu nascido na Checoslováquia, e que viveu na pele a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.

Entre tantos outros, Lale foi deportado para Auschwitz, onde deveria ser apenas mais um. E assim foi, pelo menos quando lá chegou e lhe tatuaram o número 32407.

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Foto: VisualHunt

Auschwitz foi a sua casa durante três longos e duros anos. Porém foi onde também conheceu o amor da sua vida, Gita, com quem iria suportar as maiores provações. Lale trabalhou primeiro como construtor dos blocos para o aprisionamento dos prisioneiros, adquirindo depois uma vida mais “facilitada” ao tornar-se o tatuador principal de Auschwitz, devido a uma série de acasos “felizes”.

E foi como tatuador que Lale foi atingido pelo amor à primeira vista, ao tatuar a Gita o seu número de prisioneira- “Eu tatuei o número dela no seu braço esquerdo e ela tatuou o seu número no meu coração”.

A partir desse momento, o amor entre ambos foi crescendo, tal como a vontade de construírem uma vida juntos após o tormento porque estavam a passar terminasse. Aqui fica implícito o porquê deste ser um livro de “opostos” – é uma obra onde a esperança anda de mãos dadas com o horror. Tal como é relatado ao longo das páginas do livro, muitos foram os episódios angustiantes que o casal teve de suportar e ultrapassar.

Da tragédia emergiu a felicidade

Esta é, assim, uma daquelas histórias que se podem considerar arrebatadoras, principalmente se atentarmos ao facto de ser verdadeira, de que todos os horrores com que estamos a ser confrontados existiram mesmo e que um ser humano é capaz de fazer a outro ser humano as coisas mais macabras que se possam imaginar.

Mas, contrariamente e mais importante, esta é também uma história de esperança no ser humano e no bem que ele é capaz de fazer, mesmo nas situações mais adversas. Lale, ciente dos riscos que corria, contrabandeava objetos de valor (que deveriam ser entregues aos alemães) em troca de comida, que depois distribuía por prisioneiros do campo. Graças a isso, o antigo tatuador ia perdendo a vida, o que não aconteceu devido a mais um “acaso”.

Quando, por fim, o campo foi libertado pelo exército vermelho, Lale perdeu o contacto com Gita, não perdendo, no entanto, a sua ardente paixão por ela. Esperou-a durante semanas na estação de Bratislava (local de concentração para muitos dos prisioneiros de Auschwitz). Apenas quando já se tinha resolvido a partir para procurar Gita noutro lugar, é que Lale encontrou, por fim e por (mais um) acaso, o seu amor.

lale sokolov e gita o tatuador de auschwitz
Foto: Youtube

Após alguns desaires ao longo dos anos seguintes, mas durante os quais o casal se manteve junto, este partiu então para a Austrália, onde viveu feliz juntamente com o seu filho entretanto nascido, Gary.

Em retrospetiva, mesmo tendo passado por tanto, podemos considerar que Lale teve “sorte”. Pelo menos teve mais do que a maioria – conseguiu sobreviver a um dos maiores horrores a que a humanidade já assistiu. E com Gita ao seu lado.

As marcas… e a história que quase se perdeu

Obviamente, esta foi uma experiência aterradora que deixou sequelas perenes em Lale, tendo-se este recusado a contar a história até ao seu próprio filho – temia ser visto como um colaborador do Holocausto, embora apenas tenha feito o que podia para sobreviver, apenas querendo sobreviver mais um dia, para ter mais uma oportunidade de ver a sua amada.

Lale revolvia-se em culpa por ter sobrevivido à maioria dos restantes prisioneiros. A verdade é que ter conseguido sobreviver em Auschwitz durante três anos não é coisa pouca.

Somente após a morte de Gita, em 2003, é que Lale se predispôs a contar a sua história a Heather Morris, que a “compilou” depois neste livro. A autora chegou mesmo a dizer à BBC que “os horrores de sobreviver quase três anos em Auschwitz fizeram com que Lale vivesse o resto da vida com medo e paranoia. Demorei três anos a desvendar esta história”, recordou Morris.

Lale Sokolov faleceu três anos depois de Guita, em 2006.

Para leres também…se quiseres

O livro está disponível em todas as livrarias. Na Wook, por exemplo, podes adquiri-lo por 16,50 euros.

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