O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
Créditos: Agência Zero

Rock in Rio Lisboa: Katy no País das Maravilhas

Último dia do Rock in Rio Lisboa 2018 terminou com o espetáculo da Katy Perry, que confirmou a cantora como uma diva da pop. Jessie J encantou a multidão da Bela Vista e Carlão levantou uma ponta de véu do disco novo.

Em dia de jogo da seleção portuguesa de futebol, o Parque de Bela Vista acolheu o derradeiro dia da oitava edição do Rock in Rio Lisboa. A importância dada ao desporto rei fez com que a organização do festival mudasse os horários das atuações e garantisse a transmissão do jogo no Palco Mundo.

O público presente no recinto estava maioritariamente vestido com as cores da bandeira portuguesa. Via-se cachecóis, camisolas da seleção e outros trajes alusivos à seleção.

A par do dia de Bruno Mars, encontravam-se muitas famílias no Parque da Bela Vista. Por isso, a música e a animação espalhada pelo recinto propocionaram bons momentos.

“Quem és tu… miúuuuda”

Às 16 horas em ponta, Hailee Steinfeld foi a escolhida para dar o pontapé de saída no Palco Mundo. Esta foi a estreia da cantora/atriz em solo nacional. A jovem artista com os seus tenros 21 anos e com apenas um álbum editado propocionou uma curta mas sentida atuação.

Acompanhada por bailarinos vestidos de branco, a cantora mostrou o “ar da sua graça” à multidão que se encontrava junto do palco principal. A maior parte dos espetadores conhecia-a das participações em filmes, como Pitch Perfect.

Entre as músicas, contemplava as manifestações de carinho que o público transmitia.  Sentiu-se grata por estar atuar na Bela Vista, no mesmo palco que a Jessie J e por isso, fez uma versão de Flashlight, um do momentos altos do concerto.

A Nobreza do rap tuga

No outro canto do recinto, no palco Music Valley, Carlão disparou rimas pelo vale do Rock in Rio Lisboa. Figura incontornável do hip-hop nacional, Carlos Nobre, outrora conhecido por Pac-Man, vive de um estatuto que poucos artistas conseguem alcançar.

As faixas Agulha no Palheiro, Vícios e Viver Pra Sempre são os temas que se destacam na atuação indelével de Carlão. O concerto no Rock in Rio marca a estreia de Berton na bateria.

Neste momento, o músico está a preparar o lançamento do segundo disco a solo e por isso a atuação deste dia foi premiada com uma música inédita. “No novo disco, tenho muitas participações e por isso trago-vos uma pequena surpresa para vocês“, atira a dada altura.

Depois de muitos elogios e de o considerar como um “irmão mais novo”, Carlão chama ao palco Slow J para cantar o tema que estará no disco que sairá em setembo. “Posso dizer que isto é um sonho concretizado. Vi os Da Weasel no Rock in Rio e agora com em cima do palco com um deles. É surreal”, confessa o jovem rapper.

Sempre crítico dos males da sociedade, Carlão provou que, de facto, é enorme e a sua influência no rap ainda é sentida até hoje.

Furacão Ivete e o Tornado Jessie

O sol iluminava o Parque da Bela Vista e sentia-se algum vento nas imediações. Quando a veterana Ivete Sangalo subiu ao Palco Mundo pela nona vez, já todo o público estava rendido à energia desta força da natureza.

Houve Festa e também Sorte Grande. Poeira foi levantada com tanto salto por parte do público no Rock in Rio Lisboa. Um dos momentos altos da atuação acontece quando a cantora chama ao palco outra musa da música brasileira: Daniela Mercury.

Juntas interpretam o Canto da Cidade e deixam assim a sua marca na oitava do festival. Já na reta final, Ivete Sangalo canta temas da Banda Eva, grupo de axé que fez parte nos anos 1990. O furacão termina ao som de Tempo de Alegria.

Depois da transmissão do jogo da seleção, Jessie J sobe ao palco principal com a bandeira portuguesa nos ombros. “Eu sei que vocês estão tristes com o resultado do futebol, mas estou aqui para alegrar o vosso dia e fazer a festa”.

E assim foi. Do It Like a Dude, Burnin’ Up e Play foi a sequência escolhida para contrariar o sentimento de desilusão. O vozeirão da britânica propociona um autêntico espetáculo para o público presente.

A meio do concerto, o ritmo abranda um pouco para dar prioridade a uma atuação mais intimista. Jessie J canta apenas acompanhada por uma guitarra acústica. Thunder e Who You Are são os pontos altos nesta parte do concerto.

A artista fecha a sua segunda presença no Rock in Rio Lisboa com o chave de ouro. Ouve-se Price Tag, que consegue pôr o público a cantar em plenos pulmões.

Ao mesmo tempo que Jessie mas no outro lado do recinto, Blaya ‘fez gostoso’ no palco Music Valley. O hit do momento teve direito a dose dupla, abrindo e fechando o concerto da ex-Buraka (que também incluiu algumas músicas da sua antiga banda no reportório).

O mundo de fantasia e do faz de conta de Katy Perry

A norte-americana foi o grande cabeça de cartaz e isso significou que o concerto no Parque da Bela Vista seria a principal atração do último dia do festival. Witness é o mais recente trabalho editado pela cantora e por isso a estética “futurista” do espetáculo foi baseado nesse álbum.

Katy Perry entra em cena com um fato digno de uma vilã dos Power Rangers e canta dois temas do último disco. Em Roulette, rolam-se os dados para que a cantora tenha sorte em Lisboa. Dark Horse é o primeiro êxito a ser escutado na Bela Vista, que entusiasma verdadeiramente os fãs portugueses da cantora.

É a terceira vez que Katy Perry pisa um palco português e, por isso, faz questão de lembrar que o seu avô é açoriano.

Em Chained to the Rhythm acontece uma falha gritante no som. Os primeiros 30 segundos desta música não se ouviu a voz de Katy Perry. O erro provocou desagrado aos espetadores, tendo alguns deles assobiado e vaiado o sucedido.

Lá corrigiram a falha e a atuação continuou. Já com um vestimenta mais contemporânea, ouviram-se os singles de maior êxito: Teennage Dream, Hot ‘n’ Cold (com direito a leds na zona do peito da cantora) e California Gurls. Todos estes temas foram apresentados na Bela Vista com arranjos muito diferentes das versões gravadas em estúdio, o que os tornou interessantes em termos musicais.

I Kissed a Girl, canção que deu início à carreira internacional de Perry, foi dedicado à comunidade LGBT. A norte-americana pediu a um elemento do público que atirasse a sua bandeira arco-iris e cantou o tema com ela nos ombros.

Para além do seu repertório, Katy Perry traz consigo um espetáculo visual repleto de cor e surpreendente até para os mais céticos. As coregrafias ensaiadas em conjunto com as oito bailarinas dão outro dinamismo importante.

Wide Awake é o momento acústico da noite com os telemóveis erguidos no ar com luzes brancas ligadas. Há tempo para  remontar aos tempos dos videojogos nas arcadas com a inclusão dos grafismos do Pac-Man.

Já em regime de encore, os Fireworks são lançados e uma explosao de confetttis são lançados. É desta forma que o público sai do pais das maravilhas da Katy Perry.

Assim termina a oitava do edição do Rock In Rio Lisboa. A organização já confirmou que a Cidade do Rock volta a ficar instalada no Parque da Bela Vista em 2020.

Fotografias de Beatriz Silva e fotografia de destaque gentilmente cedida pela Agência Zero e organização do Rock in Rio Lisboa