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Os melhores álbuns de 2018 até agora

Acabamos de passar a primeira metade de 2018, mas já se pode afirmar que o ano tem sido cheio de muito boa música e novos álbuns. Houve um pouco de tudo para todos os gostos e a equipa do Espalha-Factos preparou uma lista dos lançamentos que mais se destacaram nestes seis meses.

Janeiro

Freedom’s Goblin – Ty Segall

Dez anos separam Freedom’s Goblin do disco homónimo de 2008 que dava a conhecer Ty Garrett Segall ao mundo. Uma década depois, ainda é difícil catalogar o estilo do californiano. Se o colocamos na gaveta garage, ele mostra-nos o seu lado mais psicadélico, se o colocamos na gaveta punk ele surpreende-nos com um belíssimo glam rock. Parece que o adjetivo prolífico lhe encaixa na perfeição. A verdade é que consegue soar bem em qualquer um dos registos, quase como um camaleão.

Em Freedom’s Goblin, o seu décimo disco de originais, Segall celebra a sua liberdade criativa e acrescenta-lhe uma dose de maturidade. A cada curva das 19 faixas e dos quase 75 minutos de duração, o guitarrista não se cansa de explorar novas sonoridades que vão desde o do psych ao hard funkpassando pelo soul.

Every 1’s a Winner, uma recriação do clássico dos Hot Chocolate, é uma das melhores definições da versatilidade musical do músico. Já My Lady’s On Fire solta a veia delicada de Segall e transforma-a numa das melhores baladas country-rock da década. Dois temas mais do que obrigatórios. Mas o melhor é mesmo sentar e desfrutar do álbum do inicio ao fim. Não se vão arrepender. – ES

Fevereiro

Someone Out There — Rae Morris

Depois do álbum de estreia, Unguarded, que recolheu comparações à fase soturna de Ellie Goulding, Rae Morris expandiu a sua alma e todo o seu mundo floriu. Transpôs, acompanhada do produtor Fryars, a fronteira das suas criações gélidas, pintadas de dor e cicatrizes, para nos trazer Someone Out There.

Inequivocamente enérgico e de sensibilidade progressiva, o segundo longa-duração da londrina é o som de uma revelação: um exercício gracioso numa pop dúctil e luminosa. Em Atletico, projeta-se a introspeção em êxtase; em Rose Garden, há um tributo sincero à sanidade mental; em Do It, sente-se coragem (e toda a casualidade de uma obra-prima pop). O tema doutrinário é Reborn, na qual o revivescer de Morris não é, para o ouvinte, só um ato voyeurista: é, como todo o disco, uma experiência sensorial. – PJS

Tour Quesa – Cálculo

O nome não é novidade para quem acompanha o hip hop tuga, mas está ainda longe de ter os seguidores que merece. Hugo Martins, conhecido no mundo da música como Cálculo, tem vindo a dar provas do seu talento. Com Tour Quesa deixou bem clara a habilidade que possui, com composições equilibradas.

Em Tour Quesa, o clássico alia-se ao moderno e as composições não esquecem a importância da palavra, com refrões a cair para o pop. Cálculo mostra como é perito em criar e interpretar melodias. Deve-se ainda acrescentar que as 13 faixas que constituem o álbum foram produzidas pelo músico. Um digno representante do rap nortenho. – DC

Dear Annie – Rejjie Snow

Quando pensamos em hip-hop, Irlanda não é propriamente o primeiro sítio que nos vem à cabeça. Contudo, o irlandês Rejjie Snow criou aquele que é, talvez, um dos álbuns do género mais interessantes destes seis meses. Dear Annie traz uma conjugação de doçura nos instrumentais e parcerias (um destaque para Dana Williams) com rimas mais explícitas.

O álbum de estreia de Snow é uma lufada de ar fresco no panorama do rap europeu. Mais do que destacar apenas uma ou outra música, Dear Annie merece ser ouvido do início ou fim. Só assim se pode apreciar o génio completo, entre as canções e os interlúdios, onde o próprio rapper explica algumas das suas criações.  – AR

2012-2017 – Against All Logic (A.A.L.)

Nicolas Jaar continua a fazer jus à reputação que o acompanha no mundo da música eletrónica. Sob o ‘alias’ Against All Logic, o artista chileno apresentou-nos em fevereiro um livro de colagens de músicas house, cheias de ritmo, cor e harmonia. Não há muito mais a dizer: são bangers atrás de bangers. É impossível não bater o pé com este álbum. – PDS

Against All Logic (A.A.L.) é um dos projetos de Nicolas Jaar, lançado pela Other People, editora do artista, associada também a nomes como Lucrecia Dalt, Vaghe Stelle, William Basinski ou ainda Lydia Lunch. Jaar refere que 2012-2017 é como que uma reconquista da música de dança dentro do seu trabalho na música, uma vez que o seu projeto principal se pode afastar um pouco dela. O nome do primeiro tema do álbum, This Old House is All I Have até remete eventualmente para essa mesma reaproximação ao house enquanto estilo– RV

Março

Clean – Soccer Mommy

Uma das mais bonitas revelações que este primeiro semestre de 2018 nos ofereceu. Clean é o disco de estreia de Sophie Allison, a menina por detrás de Soccer Mommy. Com apenas 20 anos, convida-nos a fazer uma visita à sua adolescência embalada num melodioso indie rock, onde não há espaço para nostalgias e pieguices.

São dez canções que passeiam por relacionamentos instáveis, problemas existenciais e versos que reflectem o medo da vida adulta sob uma das melhores vozes femininas que vamos ouvir este ano. Your Dog e Cool são dois temas que facilmente viciam qualquer melómano. – ES

Dead Magic – Anna Von Hausswolff

Em Dead Magic, a penumbra recebe um protagonismo de proporções épicas. A sensibilidade de abstração do ouvinte é aqui testada e aguçada com a ajuda de Anna Von Hausswolff, que nos guiará até outra dimensão. O casamento entre a sua dramática e fantasmagórica voz e a beleza mórbida que a acompanha proporciona-nos uma das melhores experiências que os nossos ouvidos podem receber este ano. O abismo nunca recebeu uma banda sonora tão fabulosa. – NS

annavonhausswolffmusic.bandcamp.com

Filipe Sambado & Os Acompanhantes de Luxo – Filipe Sambado

O primeiro semestre de 2018 no panorama musical português foi amplamente marcado pelo lançamento do sucessor de Vida Salgada, primeiro álbum de estúdio de Filipe Sambado. O nome é Filipe Sambado & Os Acompanhantes de Luxo. Os ditos acompanhantes são a banda com a qual o artista vem agora acompanhado e é composta por Alexandre Rendeiro na guitarra, C de Crochê no baixo, Luís Barros na bateria e Primeira Dama nas teclas e vozes.

O single Deixem Lá foi o primeiro laivo que o público teve do álbum e merece destaque:

“Deixem-me lá não ser gay/Eu sou só muito vaidosa/Tu vens lascivo pra mim/Mas eu tou só curiosa/E se eu parecer uma mulher/O que é que isso quer dizer/Visto sempre o que eu quiser/Dê lá por onde der”

Apenas a letra do refrão remete para aquilo que parece ser o objetivo último deste tema. A quebra e rutura de preconceitos em relação à identidade de género (e à sua visão binária por parte da sociedade) e, especialmente e indissociavelmente, os “papéis de género”. Talvez seja a primeira música a cantar este assunto em português e, por isso mesmo, Filipe Sambado marca o ano todo de 2018.

Com uma sonoridade evoluída em relação ao álbum de estreia e até ao que estávamos habituados por parte do artista, Filipe Sambado dá um salto gigante na direção certa e prova-nos que, não fazendo música de intervenção, é possível (e preciso) intervir na música. – RV

Abril

Isolation – Kali Uchis

Através de uma fórmula sedutora, que atinge não só harmonias e melodias como as próprias letras, Kali Uchis guia-nos no Flight 22. Seja acompanhada de BIA, com quem faz uma colaboração poderosa em Miami, ou por Reykon, em Nuestro Planeta, onde mostra que a música latina também pode ser digna de elogios. É uma pequena grande caixa de surpresas, que deixa antever um bom futuro para a intérprete. No meio de tantos nomes incríveis que se contam em IsolationDamon Albarn, inclusive -, o de Kali prevalece. – BP

A norte-americana Kali Uchis tem indubitavelmente um dos melhores álbuns de estreia do ano. Isolation é um disco de veraneio com participações surpreendentes de Jorja Smith, Tyler, The Creator e até Damon Albarn. Temas como After The Storm e In My Dreams contagiam pela simples vivacidade e exuberância. Saltitando entre o neo soul e o R&B, Kali mostra que é uma das artistas mais promissoras da atualidade e que está mais que pronta para tomar o mundo de assalto. – CR

Isolation surge depois de já há algum tempo serem conhecidos, e largamente ouvidos, os singles Tyrant, que conta com a participação de Jorja Smith, e After the Storm, na qual participam Tyler, The Creator e Bootsy Collins. O álbum sucede Por Vida, o anterior EP de Kali Uchis, lançado em 2015. Isolation foi muito bem recebido assim que foi lançado e está a lançar Uchis como um nome incontornável no panorama da música R&B, onde merece estar. Além das participações nos singles, ao dissecar a obra deparamo-nos com uma mão-cheia de artistas e produtores nossos bastante conhecidos: a destacar estão as co-assinaturas de Damon Albarn, dos Gorillaz, na música In My Dreams, e de Kevin Parker, na música Tomorrow. – RV

Casa – Carolina Deslandes

Bem-vindos a Casa! O terceiro álbum (e primeiro totalmente em português) de Carolina Deslandes, rapidamente chegou ao primeiro lugar do Top Nacional de Vendas. Casa tornou-se no disco que mais vendeu em 2018 na semana de estreia, até ao momento.

A Vida Toda e Avião de Papel são temas que o público já sabe de cor. No entanto, Casa preenche-se com as sonoridades de 15 faixas diferentes. A simplicidade acaba por ganhar e Carolina deixou as composições mais eletrónicas de lado, desta vez.

A doçura da voz da compositora e intérprete enche esta Casa, muito aliada à guitarra. As histórias mais simples do quotidiano, as baladas, o amor e a família enchem o novo álbum da artista. – DC

KOD – J. Cole

O hip hop é, hoje, dos estilos musicais mais consumidos pela população mais jovem. J. Cole tem sido um dos percussores do chamado rap consciencializador e isso é notável em KOD.

O próprio título do álbum surge com um triplo sentido: Kids On Drugs; King (o próprio) Overdosed; Kill Our Demons. KOD acaba, todo ele, por orbitar à volta de problemas de dependência entendidos como degradação. Com uma visão de ativista social, J. Cole surge no álbum com uma postura pedagógica para com os miúdos das ruas. – DC

Dirty Computer — Janelle Monáe

Ao seu terceiro disco, Janelle Monáe abandona a configuração de andróide e revela-se humana—o resto vem por arrasto. O desvio do funk caleidoscópico de The ArchAndroid e da sua versão mais calorosa em The Electric Lady levam a uma pop pujante e inventiva, imbuída de hip-hop e soul torrente.

Figura quase mítica e performer irrepreensível, Monáe inscreve o projeto numa missão menos subversiva do que pode parecer: vindicar aqueles que a cultura dominante marginaliza. Há algo reconfortante em ver Monáe reformular assertivamente o arquetípico disco pop, transformando a estética, vertendo nele poesia e puro êxtase. Apenas ignorando a faceta sexual e hedonista se poderia classificar o álbum como um veículo político. Mas só à revelia do seu significado radical se poderia reduzir Dirty Computer a um mero produto para massas. É arte irradiada pela orgulho intrínseco à diferença de cada ser: um triunfo. – PJS

Maio

7 – Beach House

Como ser previsível e mesmo assim surpreender? 7 explica. Conservando o meigo coração da música que já conhecemos dos Beach House, o duo dream-pop apresenta-se com um espírito mais aventureiro do que o normal. Para além de demonstrarem, mais uma vez, que são a união perfeita de talento para transformar carinho metafísico em música, presenteiam-nos com uma coleção de canções mais variada e despreocupada em autolimitar-se. Foram mais além e agora estão connosco de braços abertos para nos descrever o que viveram. – NS

Tranquility Base Hotel & Casino – Arctic Monkeys

O sexto álbum dos britânicos é bastante peculiar. Quem os viu e quem os vê: os Arctic Monkeys estão mesmo crescidos. Há pianos, baterias bem mais discretas e as guitarradas por aparecer, mas para quê pedir rock jovial a gente que já passou os 30? Hoje, Alex Turner e companhia abrem espaço para o rock retro-futurista e letras mais perspicazes que nunca. Tranquility Base Hotel & Casino é ousado e um desafio interessante a quem se propõe ouvi-lo. – CR

Tell Me How You Really Feel – Courtney Barnett

Courtney Barnett regressa com um álbum mais simples e frontal após a grande homenagem à honestidade que foi o seu disco de estreia, Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit. A abordagem lírica já não é tão comparável ao ato de divagação de pensamento e sobressai um esforço mais concentrado de Courtney em explorar a sua própria consciência vulnerável. O seu território pessoal permanece capaz de invocar a nossa empatia e as simplificadas estruturas das canções complementam o tom introvertido de Tell Me How You Really Feel. Inesperadamente, este tom é por vezes descartado, dando lugar a uma voz mais crítica de Courtney como em Nameless, Faceless e I’m Not Your Mother, I’m Not Your B****. O resultado destas duas vertentes do carisma da artista australiana é bastante positivo. – NS

Wide Awake! – Parquet Courts

Após dois anos sem trabalhos a solo, os Parquet Courts voltaram e estão mais acordados que nunca. Wide Awake! é o sexto álbum de estúdio na discografia da banda norte-americana e marca um ponto de viragem na sua carreira. Repletos de agressividade e com um ritmo incansável, os Parquet Courts cantam e gritam sobre uma sociedade que consideram individualista, opressiva e injusta. O que antes era uma banda de meninos a cantar sobre a procrastinação mundana, agora é um grupo de homens a pronunciar-se sobre problemas políticos e sociais, com a ambição de abrir os olhos (não só os ouvidos) a quem os escuta. – PDS

Shawn Mendes – Shawn Mendes

Chega a vez do luso-descendente, Shawn Mendes, com álbum homónimo. O terceiro álbum do artista teve o tema In My Blood como single. O mesmo tema que foi adaptado, com alguns versos em português, para apoiar a Seleção Portuguesa de Futebol.

É em Fallin’ All In You que o cheiro a Ed Sheeran se faz notar, mal se ouvem os primeiros acordes. Na verdade, o músico participou na composição da balada.

A mudança no caminho é nítida e Shawn marca o seu lugar, perfeitamente, com o álbum. As sonoridades de funk são notáveis e executadas na perfeição, com melodias facilmente memoráveis. – DC

Junho

God’s Favorite Customer – Father John Misty

Um ano após o lançamento de Pure ComedyFather John Misty voltou à base para lançar o enigmático God’s Favorite CustomerO entretenimento e a verborreia que caracterizavam o disco anterior foram substituídos pelo silêncio e simplicidade. Todo o disco revolve em torno da relação entre Josh Tillman e a mulher, tendo como base a arte de amar e ser amado. Não há longos e satíricos discursos moralistas, não há filosofias perdidas, há apenas um artista vulnerável ao piano que anseia ser compreendido. – CR

No Shame — Lily Allen

Esqueçam-se o ska de Alright, Still e a mescla pop-eletrónica-country de It’s Not Me, It’s You: em 2018, o som de Lily Allen é sensível, filiando-se nas frequências mais suaves do hip-hop e numa pop sugestivamente tropical, de batidas borbulhantes e sintetizadores que florescem. Mas a divergência principal é o esquecimento da incisão social e política, passando o foco a ser a vida pessoal de Allen—por vezes, desconfortavelmente.

A faixa Higher é um dos picos desta abordagem, unida por uma ambiência impossivelmente etérea: não obstante as palavras docemente suspiradas, expõe-se aqui uma relação abusiva. A abordagem é replicada com sucesso quase uniforme ao longo de No Shame, no receio da insanidade expresso em Lost My Mind, na solidão frontal de Come On Then, no desencanto traumático de Trigger Bang. Trata-se de transformar a intimidade nua e crua em arte, eufemizando a dor e a tragédia pela música. Bem-vinda de volta, Lily Allen. – PJS

so sad so sexy – Lykke Li

so sad so sexy mantém a mesma fórmula usada por Lykke Li em trabalhos anteriores: a dor de um coração partido, o amor sofrido e a melancolia. Lykke Li, que se tornou numa das maiores referências quando pensamos em indie-pop, quis, porém, reinventar-se. Quatro anos passaram desde o lançamento do seu último trabalho, período em que perdeu a mãe e se tornou, ela própria, mãe. As transformações por que passou refletem-se em so sad so sexy, embora nunca se perca a essência de Li. O recurso a sintetizadores, efeitos vocais e, talvez de forma mais óbvia, a batidas trap, dão vontade de redescobrir Lykke Li. Mesmo a tempo do verão, so sad so sexy reveste-se de um sentimento de tristeza e melancolia facilmente submergido pelas batidas e pelo calor que nos faz sentir. Li conseguiu reinventar a melancolia e, possivelmente, salvar a época balnear de muitos de nós. – AM

NASIR – Nas

NASIR é o décimo segundo álbum de um dos rappers mais aclamados da história do hip-hop norte-americano. No entanto, este registo de Nas não é, definitivamente, apenas mais um disco na carreira do artista.

Ainda que tenha recebido algumas críticas por parte da imprensa, NASIR conseguiu ter, finalmente, a devida produção (neste caso, por parte de Kanye West) com qualidade análoga à lírica crítica e assertiva de Nas. Quem conhece a discografia do rapper tem, ao escutar Everything ou Not for Radio, esta sensação de sonho, agora, realizado. – BdM

Heaven and Earth – Kamasi Washington

Embora seja o seu primeiro álbum a conter o nome, não deixa de ser mais um álbum épico. Em Heaven and Earth, o saxofonista Kamasi Washington conseguiu recriar e recriar-se, mantendo-se, contudo, fiel à sua tradição de genialidade.

Com um conceito bem mais desenvolvido e completo, querendo representar uma certa dualidade (Paraíso: Eu introspectivo/Terra: Eu no mundo), improvisos mais arriscados e harmonias mais sofisticadas, este é um terceiro registo de um dos músicos jazz mais influentes do momento. – BdM

Escolhas de Ana Manuel, Ana Rosário, Bárbara Pereira, Bernardo de Melo, Carlota Real, Daniela Carmo, Edgar Simões, Nuno Santos, Pedro Dinis Silva, Pedro João Santos e Rita Vieira